

A BHTrans informou, por meio de sua diretora de Atendimento e Informação, Jussara Bellavinha, que além das 605 novas licenças, a licitação servirá para substituir algumas concessões. Mas, caso o Tribunal de Justiça decida cassar as concessões antigas, a situação muda. “Se a Justiça mandar cancelar as licenças, aí será feita nova licitação, com outro edital”, afirma.

Jussara também diz não ser possível impedir que as permissões antigas sejam negociadas sem licitação. “Não estamos deixando que permissões sejam transferidas mais de uma vez. Quando uma pessoa transferir, quem a receber vai ter de assinar documento em que confirma estar ciente de que não poderá passá-la adiante. O problema é que eles não fazem nada abertamente. Usam contratos de gaveta e fazem doações”, admite.
Tecnologia
A nova licitação abrirá 605 vagas, das quais 60 para táxis acessíveis, especiais para pessoas portadoras de necessidades especiais e idosos. Os novos veículos deverão ter um sistema de leitura biométrica. De acordo com a diretora da BHTrans, a expectativa é de que em três anos toda a frota tenha taxímetro biométrico. “Com o equipamento, os permissionários vão ter de cumprir 36 horas semanais de trabalho e os auxiliares, não mais do que 72 horas”, afirma. Cada corrida deverá ser aberta com a inserção de um chaveiro com um chip que contém as informações biométricas do taxista. Em seguida, a digital do motorista deverá ser conferida no leitor para liberar a viagem. Estima-se que o custo desse equipamento chegue a R$ 1,8 mil e a instalação a R$ 400, preços considerados altos por muitos motoristas.
O presidente do Sindicato dos Taxistas (Sincavir), Dirceu Efigênio, afirma que o departamento jurídico estuda uma forma de impedir a exigência de 36 horas semanais aos permissionários. “Somos profissionais autônomos. Não se pode exigir horário de quem é autônomo. Na época não tinha licitação, por isso nós construímos esse sistema”, justifica. A entidade também é contra a licitação de todas as concessões e favorável à negociação dessas licenças. “É um direito adquirido depois de anos. Temos o direito de negociá-las”, defende.
Auxiliares querem concorrência ampla

A entidade também pressiona governo e BHTrans para que duas medidas abertas com a Lei 12.587, de janeiro de 2012, que instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, possam beneficiar motoristas e usuários dos táxis da capital. Uma delas é a possibilidade de oferecer descontos nos táxis. Segundo o artigo 12 da legislação, os serviços públicos de transporte individual de passageiros (táxis), prestados sob permissão, deverão ser organizados, disciplinados e fiscalizados pelo poder público municipal e terão “fixação prévia dos valores máximos das tarifas a serem cobradas”.
No entendimento da Acat, a BHTrans define uma tarifa máxima e o taxista pode oferecer descontos em dias da semana, feriados e ocasiões oportunas, como já ocorre em Brasília, por exemplo. “Isso seria muito bom, porque estimularia as pessoas a usarem mais os táxis”, acredita Caldeira. Outro aspecto importante é a definição pelo estado das regras intermunicipais de circulação dos táxis, prevista no artigo 17. “Hoje, são feitos convênios entre as prefeituras. Se o estado definir regras, táxis de BH, por exemplo, poderão pegar passageiros em Confins”, diz.
A BHTrans informou que a lei foi discutida pela sua diretoria, mas ainda não há qualquer movimento no sentido de regulamentar os descontos em táxis – o Sincavir se mostrou contrário à possibilidade. O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) informou que gerencia os táxis metropolitanos e por enquanto não pretende interferir na circulação dos veículos registrados nas cidades.
Quem é quem
5.955
permissionários
» São os taxistas titulares da licença. Entre eles há 288 que participaram de licitação. O restante recebeu a permissão em sistema de concessão. Têm obrigação de rodar em um turno. Caso contrário, devem devolver a licença.
5.309
condutores auxiliares
» Vinculados a um permissionário, esses taxistas trabalham para os donos das licenças e só podem rodar nos táxis em que estão registrados
5.528
carros estão ligados a pessoas físicas
433
veículos pertencem a pessoas jurídicas (empresas)
