(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Fracassa resgate de fêmea de macaco-muriqui que seria trazida ao Zoo de BH

Equipe de ambientalistas não consegue apreender fêmea de macaco-muriqui que vive em Simonésia, na Zona da Mata, e que seria trazida para morar com macho da espécie em BH


05/12/2011 07:17 - atualizado 05/12/2011 07:38

Mesmo desnutrida e solitária, Socorro conseguiu escapar da expedição que pretendia capturá-la(foto: João Marcos Rosa / Fundação Biodiversitas )
Mesmo desnutrida e solitária, Socorro conseguiu escapar da expedição que pretendia capturá-la (foto: João Marcos Rosa / Fundação Biodiversitas )
Fracassou a tentativa de resgate de uma fêmea de macaco muriqui, que seria trazida para o Jardim Zoológico de Belo Horizonte para fazer companhia a Zidane, macho da espécie que está sozinho há muitos anos. A ideia era resgatar a fêmea Socorro, que vive em uma área dominada por plantações de eucaliptos e café, em Simonésia, na Zona da Mata, e tentar a experiência de reprodução de muriquis em cativeiro.

Na semana passada, funcionários da Fundação Biodiversitas, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estiveram na área particular onde Socorro vive, mas não conseguiram capturá-la. Parte da equipe passou duas noites no campo, para não perder o animal de vista e saber o local exato em que a macaca dormiria. Mas ela se assustou com a proximidade dos vigilantes e escapou. Nova expedição de captura será feita depois do carnaval.

O nome Socorro foi dado ao animal devido às condições de saúde em que ele se encontra: fraco e desnutrido. Ninguém sabe ao certo como a primata chegou à área, mas especialistas já descartaram a hipótese de ela pertencer a um dos grupos existentes na região. Na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Feliciano Abreu Abdala, em Caratinga, no Vale do Rio Doce, há cinco grupos, e na Mata do Sossego, área da Fundação Biodiversitas em Simonésia, há apenas um. “Os exemplares do mesmo grupo têm semelhanças físicas que os especialistas conseguem perceber. E, no caso dela, isso não ocorre”, afirma o gerente de reserva da Mata do Sossego, Alexandre Enout.

Segundo a vizinhança, a muriqui teria sido largada na região por um caçador quando era um bebê. A mãe teria sido morta pelo mesmo homem. Estima-se que ela tenha entre 6 e 8 anos. “A informação das origens não é precisa e a história do caçador é apenas suposição”, ressalta Enout. Ele acrescenta que as condições de saúde são um fator que impede a reintegração à natureza e, por isso, depois de resgatada, ela será conduzida ao zoológico de BH.

A proposta é levar Socorro para junto de Zidane, que está no zoológico, mas nunca foi exposto ao público. De acordo com a assessoria de imprensa da Fundação Zoobotânica, o muriqui, resgatado depois de oito tentativas, não se adaptou à presença de muitas pessoas. Comportamento que pode mudar se tiver uma companhia. É próprio da espécie viver em conjunto, com afagos e proteção. Quando e se Socorro for capturada, ela irá para a área de quarentena, afastada de Zidane, e só depois será feito um estudo de comportamento para saber se os dois poderão ficar juntos ou não.

ESPÉCIE

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), considerado o maior primata das Américas, está ameaçado de extinção na categoria “criticamente em perigo”, segundo a lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, publicada em 2003. Originalmente a distribuição da espécie abrangia grande parte da mata atlântica do Sudeste do Brasil, desde o sul da Bahia até o Paraná, mas o desmatamento contribuiu para a redução drástica da população da espécie. Atualmente o primata está restrito a pequenos e isolados fragmentos do bioma, o que coloca o muriqui em situação de risco, já que a maior ameaça para a manutenção de populações dessa espécie é a destruição da mata atlântica. Em Minas Gerais, a ocorrência desses primatas foi confirmada em apenas 10 remanescentes de áreas de mata.

A Mata do Sossego está localizada no mais extenso e preservado remanescente contínuo de mata atlântica entre os municípios de Simonésia e Manhuaçu (MG), a 324 quilômetros de Belo Horizonte. Atualmente a RPPN é um núcleo que possibilita a ampliação de estudos científicos na área e o fortalecimento da participação regional e do incentivo a práticas ambientalmente sustentáveis, visando a formação de um corredor ecológico entre as RPPNs Mata do Sossego, em Simonésia (Zona da Mata), e Feliciano Miguel Abdala, em Caratinga (Vale do Rio Doce), um outro importante núcleo de conservação do muriqui.

SAIBA MAIS

Monocarvoeiro

Nome popular: Muriqui-do-norte ou monocarvoeiro
Nome científico: Brachyteles hypoxanthus
Características: É um primata de ocorrência restrita à mata atlântica. É o maior primata do continente americano e o maior mamífero endêmico ao território brasileiro. Os machos podem atingir até 15 quilos. Estudos recentes de genética e morfologia revelaram a existência de duas espécies distintas. A espécie que ocorre em Minas Gerais, Espírito Santo e Sul da Bahia é Brachyteles hypoxanthus, enquanto Brachyteles arachnoides é típica de São Paulo, Rio de Janeiro e parte do Paraná. O reconhecimento da existência de duas espécies diferentes traz como consequência um agravamento do status de conservação do muriqui, estando a espécie da porção norte muito mais ameaçada. Estima-se que entre 700 e mil muriquis-do-norte vivam nos remanescentes florestais de Minas Gerais e Espírito Santo.

FONTE: Fundação Biodiversitas


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)