
A universitária L.M., de 24 anos, de Belo Horizonte, sempre desconfia do vaivém das pessoas dentro dos ônibus. Para ela, no apertado espaço disputado por homens e mulheres, o passa e para pode representar mais que uma tentativa de se acomodar ou de embarcar e descer. Há alguns meses, no coletivo lotado da linha Alto dos Pinheiros/Tupi, indo para a faculdade, à noite, a jovem percebeu um homem em atitude suspeita muito perto. “Fiquei muito incomodada. Tentava me afastar, olhava para trás e ele estava sempre com o olhar aparentemente distante, por isso não tinha certeza se era um abuso ou realmente uma consequência da superlotação. Foi tão constrangedor que um senhor que estava sentado percebeu e me cedeu lugar. Não sabia se xingava, se gritava. Tive medo de criar uma confusão ainda maior, pois ele negaria, com certeza”, diz. Casos como o dela são exemplos claros de como, além de todos os problemas, as mulheres estão diariamente expostas ao desrespeito no transporte coletivo. No ônibus ou no metrô, as reclamações são constantes, mas, para as autoridades, o problema parece não existir.
