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Estado de Minas

Conheça as cracolândias do interior

Cidades do Vale do Jequitinhonha têm locais onde os viciados em crack se reúnem para consumir a droga. Outro problema é a presença ameaçadora dos traficantes


07/11/2011 06:24 - atualizado 07/11/2011 06:52

Em Araçuaí, a cracolândia fica na beira do rio, no meio do lixo que a população deposita no local
Em Araçuaí, a cracolândia fica na beira do rio, no meio do lixo que a população deposita no local (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
Praticamente todas as capitais brasileiras têm uma cracolândia, local onde os viciados se encontram para comprar e consumir a droga. Em São Paulo, ela fica na Região Central da cidade, nas proximidades da Estação da Luz. A novidade é que os pequenos municípios do interior, mesmo os de regiões carentes, já têm cracolândia. É o caso de Araçuaí – de 36 mil habitantes, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,687, a 678 quilômetros de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha.

De acordo com os moradores, a parte mais carente da cidade, às margens do Rio Araçuaí, conhecido como “Buraco do Bicudo”, é usada toda noite pelos viciados em crack. Junto ao local, o esgoto da cidade é despejado no rio sem tratamento. O mau cheiro, o lixo e todo tipo de sujeira espalhada pelos arredores não incomodam os frequentadores. O lugar também parece dominado pelo tráfico e a população, amedrontada, prefere o anonimato ao falar sobre o problema do consumo de drogas na área, evitando se expor.

“Vejo aí meninos de15, 14 e até de 13 anos. A gente já se acostumou com isso, pois não podemos fazer nada para mudar esta situação”, diz uma vizinha, que não se identificar. Outra moradora reclamou que sua casa virou um inferno por causa dos frequentadores indesejáveis do terreno na beira do rio. “Tem noite que a gente nem consegue dormir direito. por causa do barulho que aprontam”, disse a mulher, que também não quis se identificar.

Enquanto o repórter conversava com uma moradora, na casa dela, um rapaz, usando bermuda, sem se identificar, foi até o carro usado pela equipe, que estava parado na rua, e perguntou ao motorista quem eram aqueles estranhos e o que queriam ali. Em seguida, disse que não era recomendável que os visitantes permanecessem no local por muito tempo.

Em Itaobim, a 70 quilômetros de Araçuaí, existem vários locais, nas áreas mais pobres da cidade, que passaram a ser dominados pelo tráfico. O problema mais sério no município é a formação de gangues de adolescentes e jovens, resultado do consumo da droga. “Estamos apurando denúncias de que pais estão retirando os filhos da escola e mudando de endereço, com medo da violência e das drogas”, informa Aparecida de Cássia Gil Santos, presidente do Conselho Tutelar de Itaobim

Democratização do mal

O subscretário Estadual de Políticas sobre Drogas, Clóves Benevides, reconhece que o crack se expandiu para o interior. “Percebemos que há uma migração das drogas, que já chega aos municípios menores. É uma espécie de democratização do mal, atingindo grandes e pequenas cidades”, afirma. Segundo ele, o Estado atua em duas frentes, na repressão ao tráfico e na recuperação dos dependentes químicos, com destaque para o programa “Aliança pela Vida”, que repassa R$ 900 para famílias carentes que tem pessoas em tratamento contra o vício.


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