Ainda há mitos que rondam o parto normal e têm, progressivamente, feito a curva de partos cesáreos crescer em Belo Horizonte. Para a coordenadora da Comissão Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde, Sônia Lansky, a desinformação sobre o parto natural é de toda ordem e vai desde o medo da dor, ao receio de alterações pós-operatórias na vagina e alteração da vida sexual, até mesmo ao fato de que a cesariana é uma tecnologia mais segura e avançada.
Com a cesariana agendada para hoje, a vendedora Danúbia Siqueira, de 23 anos, se encaixa nesse perfil. “Na semana passada, o médico disse que não estava tendo dilatação. Como teria de ficar no soro e poderia sentir muita dor e sofrer, preferi optar logo pela cesariana”, conta. Também ouvi pessoas dizerem que ficaram com a função sexual comprometida e não quis arriscar”, afirma. Também com medo da dor do parto, a cabeleireira Tamires Honório Silva, de 24, não hesitou em optar pela cesariana assim que começou a ter contrações. “Esperava que fosse normal, mas fiquei com medo de passar aperto e preferi fazer a cesariana. Apesar de a recuperação ser mais demorada, fiquei satisfeita pela escolha.”
Defensora da inversão dos números, Sônia Lansky alerta que quando a cesariana é feita sem indicação a mulher pode sofrer infecções pós-parto, complicações da anestesia, ter o aleitamento materno comprometido e a interação mãe e filho atrasada. “A primeira hora de vida da criança é fundamental para protegê-la de doenças e promover o vínculo dela com a mãe. Na cesariana, a condição plena da mulher de interagir com o recém-nascido está prejudicada.” Para o recém-nascido também pode haver prejuízos, como conta a coordenadora.