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Estado de Minas

Chuva deixa Minas entre o alívio e o alerta

Chuva volta a dar o ar da graça na capital, encerra estiagem de 115 dias e extingue incêndios, mas também faz multiplicar número de acidentes, trava o trânsito e traz de volta o medo para populações vulneráveis


postado em 04/10/2011 06:00 / atualizado em 04/10/2011 07:22

Ao contrário de anos anteriores, ela não chegou com força destruidora. Mas seus impactos, para o bem e para o mal, se espalharam rapidamente nas ruas e avenidas, se distribuíram pela rede elétrica, subiram pelas áreas de risco e também correram pelas reservas ambientais que cercam a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Depois de 115 dias de seca, a chuva voltou nesta segunda-feira à capital, trazendo sensação de trégua para bombeiros e brigadistas que lutavam contra as chamas em áreas como as serras da Moeda e do Rola Moça, ao Sul da Grande BH. Dispersou ainda o clima de deserto, elevando a umidade relativa do ar para 95%. Mas, nos domínios do asfalto, o fim da estiagem provocou acidentes em efeito dominó, com pelo menos três mortes nas estradas, engarrafou o trânsito em pontos como o Anel Rodoviário da capital, deixou semáforos em pane e recordou aos moradores de morros e áreas sujeitas a inundação que o tormento e o medo estão prestes a recomeçar. Mesmo quem vive longe dessas preocupações foi lembrado dos transtornos da estação pelas quedas de energia, que mobilizaram ontem mais de 100 equipes da Cemig apenas nas vizinhanças da capital.

Comemorado também em regiões que esperavam por esse momento há seis meses, como o Norte de Minas, em cidades como Montes Claros, Janaúba, São Francisco e São Romão, o fim das estiagem ainda não significa a chegada definitiva da estação das águas, típica do mês de outubro. A previsão é de que chuvas isoladas, que ontem marcaram o dia também no Triângulo, Zona da Mata e Sul de Minas, durem até quinta-feira, como um período de transição. De acordo com a meteorologista do 5º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Anete Fernandes, o refresco se deu graças a uma frente fria que conseguiu romper o ciclo seco dos últimos meses. "Normalmente, na temporada de seca temos uma zona de alta pressão agindo na Região Central do país, e ela bloqueia as frentes frias. O mais comum é a frente se desviar para o oceano, por não ter força para superar o obstáculo", explica a meteorologista.

Na Região Central do estado, a previsão é de que as chuvas comecem de fato na segunda quinzena de outubro. "No Sul da Amazônia, já estamos observando um fenômeno chamado de convecção, responsável pelas chuvas de fim de tarde. Isso nos mostra que a temporada chuvosa está a caminho de Minas", conclui Anete. No restante do estado, a meteorologia prevê que a estação das águas comece de fato até o início de novembro.

Recorde e refresco

Mas, mesmo pouca, a chuva desta segunda já foi suficiente para trazer alívio para as equipes que enfrentam o fogo no estado. No dia em que Minas bateu o recorde de focos de queimada dos últimos 10 anos, o fim da estiagem contribuiu para a extinção de vários incêndios. De janeiro até ontem foram registrados 10.762 pontos de calor em território mineiro, de acordo com os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), superando o mesmo período de 2003 (10.509), sendo que mais da metade (5.978) ocorreu apenas em setembro. Justamente nesse período BH experimentou 12% de umidade relativa do ar, bem abaixo dos 30% considerados índice de alerta pela Organização Mundial de Saúde (OMS).


De acordo com o capitão Frederico Pascoal, do Corpo de Bombeiros, os combates ao fogo na Serra da Moeda e na Serra do Rola Moça foram encerrados graças à chegada da chuva. "Na Moeda ainda temos equipes monitorando o rescaldo. Por mais que a água tenha ajudado a diminuir a temperatura, ainda é possível encontrar brasas nos troncos das árvores e fogo subterrâneo", diz o oficial. Na Serra do Rola Moça, os incêndios foram controlados depois de consumir 80% da reserva e 10 dias de trabalho, em que foram mobilizados cerca de 200 homens, quatro helicópteros e dois aviões.

Na Serra da Canastra choveu em partes da cadeia montanhosa, o que também foi crucial para apagar o fogo. Equipes dos bombeiros já deixaram a serra, mas 35 brigadistas ainda monitoram a região. Na reserva indígena xacriabá, em Montalvânia, Norte de Minas, os focos foram controlados no domingo, situação semelhante à da Fazenda Canoas, em Montes Claros, na mesma região. Mas, no Parque Estadual do Rio Doce, em Ipatinga, a chuva fina de ontem não foi suficiente para extinguir as chamas. Cento e quarenta homens trabalham na região.


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