(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Incêndios criminosos não têm culpados identificados

Queimadas geraram 8,3 mil boletins de ocorrência entre janeiro e agosto em Minas, mas criminosos não são identificados. Parque Serra do Rola Moça continua em chamas


postado em 28/09/2011 06:03 / atualizado em 28/09/2011 07:35

Brigadista combate as chamas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Brigadista combate as chamas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Fogo destruindo matas em época de seca é cena comum todos os anos, assim como a certeza de que a grande maioria tem como causa atos criminosos. Mas crime requer punição que, neste caso, não passa do boletim de ocorrência policial. De janeiro a agosto deste ano foram feitos 8,3 mil boletins em Minas Gerais referentes a incêndios florestais. O número equivale à quantidade de queimadas registradas pelo Corpo de Bombeiros em todo o estado. A partir daí, o caminho é tortuoso e não muito claro. A quantidade de ocorrências que viraram inquéritos simplesmente não é divulgada. Isso porque a Polícia Civil atribui a responsabilidade ao Ministério Público, que por sua vez passa a bola novamente para a polícia, alegando que os casos são enviados às respectivas comarcas, não sendo possível uma estatística.

“O próprio incêndio destrói sua origem, tornando a investigação difícil. Mas a força-tarefa está atuando para fazer as apurações e uma vigilância criteriosa para identificar os causadores dos incêndios”, garante a diretora de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e Enchentes, Zenilde Viola, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Exemplo de como mais um caso pode ficar na impunidade é o incêndio que já consumiu a Serra do Curral e outros 10 hectares do Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul.

O diretor de parques da Área Sul da prefeitura, Homero Brasil Filho, garante que a origem é conhecida: “Foram todos criminosos. Moradores do entorno viram um rapaz pondo o fogo, mas ele fugiu. Desconfiamos que ele cometeu esse ato em mais de um lugar, pois o rapaz era parte de um grupo de seis pessoas”, afirma. Já que punir criminalmente é difícil, os órgãos públicos apelam para a conscientização. Zenilde Viola garante que ações de prevenção são feitas ao longo do ano, com atividades de formação de brigadas, visitas técnicas e preventivas a produtores rurais para orientá-los sobre uso do fogo, queimada controlada e educação ambiental na escolas. Enquanto a consciência não fala mais alto, vale a força dos homens que enfrentam áreas de difícil acesso para combater o fogo e o poder dos equipamentos.

Mais aviões

Na terça-feira, o governador Antonio Anastasia autorizou a contratação de nove air-tractors, aeronaves de lançamento de água, em caráter emergencial. O contrato será assinado, no máximo, até quinta-feira. Pelo documento, o Corpo de Bombeiros poderá contratar até 50 aeronaves, que deverão ser disponibilizadas num prazo de até três horas.

Os air-tractors são usados todos os anos para o combate. Como o contrato anterior foi questionado pelo Ministério Público, foi preciso abrir concorrência, que seria encerrada sexta-feira. O Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio), da Semad, conta com dois helicópteros e um avião, além do apoio de aeronaves dos bombeiros e polícias Civil e Militar.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inep), Minas Gerais registrou, de janeiro até ontem, 9.747 focos de calor. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, o fogo já consumiu 9.008 hectares (o equivalente a 9.008 campos de futebol) de áreas internas e do entorno de unidades de conservação estaduais. Em 2010, foram queimados 36.2475 hectares. Segundo o boletim da Semad, ainda há fogo nos parques do Rola-Moça, na Grande BH; o Verde Grande e Lagoa do Cajueiro, em Jaíba, na Região Norte; a Serra de Ouro Branco, em Ouro Branco, e a Mata do Cedro, em Carmópolis de Minas, na Região Central.

O professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG Flávio Guimarães Rodrigues afirma que o cerrado sempre conviveu com o fogo e, por isso, tem grande capacidade de recomposição. “Depois das primeiras chuvas, a vegetação começa a brotar. O problema atual é a frequência dos incêndios, que está maior e pode ter impactos irreversíveis”, diz. Na fauna, os impactos variam e, se o fogo for pouco, os animais escapam ou se escondem em buracos. Com chamas mais intensas, os mais lentos, como tamanduás-bandeira e antas podem ser cercados e morrerem queimados.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)