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Estado de Minas

Radares continuam desligados na rodovia da morte

Projetados para controlar a velocidade na BR-381, sensores inoperantes flagrados pelo EM podem continuar"cegos" até o fim de 2012. Além de não aumentar a segurança, aparelhos viram armadilha a mais para motoristas


postado em 17/08/2011 06:00 / atualizado em 17/08/2011 06:11

(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não está com pressa para ativar os cinco radares que nunca funcionaram, da sequência de 18 instalados de janeiro a abril na BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade, no Vale do Aço, trecho que tornou-se conhecido como Rodovia da Morte. De acordo com o departamento, as empresas licitadas “estão cumprindo o cronograma de instalação dos equipamentos em todo o território nacional. Pelo contrato, o prazo para ativar todos os radares e lombadas eletrônicas vai até o final de 2012”. Enquanto continuam inoperantes, os equipamentos, custeados com dinheiro público com a finalidade de aumentar a segurança na estrada, continuarão a representar um risco extra para motoristas.

Na  segunda-feira, o Estado de Minas mostrou que caminhoneiros experientes e outros motoristas que usam a rodovia com frequência já perceberam que os cinco detectores de velocidade são de fachada, pois não têm energia elétrica, flash ou câmeras. Muitos deles estão até mesmo com as lentes tampadas. Por isso, diante dos radares fantasma, muitos desses condutores aceleram, ameaçando aqueles que respeitam a sinalização e reduzem a velocidade ao passar pelo equipamento.

Apesar de conhecer o problema na rodovia que mais mata no estado, o departamento federal não manifestou qualquer pressa em desfazer a confusão que os aparelhos desligados representam para motoristas. A Polícia Rodoviária Federal informou, por meio de sua assessoria, que não irá se pronunciar sobre os riscos dos radares fantasma, posicionados entre os que funcionam. Mas especialistas em transporte e trânsito afirmam que esse tipo de aparelho só deveria ser instalado quando estivesse pronto para funcionar.

“Quando se sabe que o radar está desligado, o aparelho não tem efeito prático. Acaba fazendo com que os cautelosos freiem e aqueles que sabem não haver risco de multa não reduzam a velocidade. Sou a favor dos radares, mas, nesse caso, cria-se uma situação em que os respeitadores da regra viram os bobos da história, que correm perigo por cumprir a lei”, avalia o mestre em engenharia de transportes pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro (IME) Paulo Rogério da Silva Monteiro.

Além da ameaça de envolver condutores em acidentes numa rodovia perigosa e de tráfego pesado, Monteiro diz acreditar que radares inoperantes atrapalham a educação no trânsito. “A fiscalização cai em descrédito. Aí, do dia para a noite, colocam na rua uma ferramenta que funciona e as pessoas reclamam. Mais importante do que instalar radar é disciplinar o limite de velocidade. Radar que não funciona não pode ficar na estrada, porque só inibe por um tempo e, depois, se torna perigoso”, alerta.

Mortes continuam

O sistema projetado para disciplinar a velocidade na Rodovia da Morte não foi capaz de impedir dois acidentes fatais na 381 nos últimos dois dias, na volta do feriado de Assunção de Nossa Senhora, na segunda-feira. Os desastres ocorreram em trechos entre os radares.

Por volta das 7h de ontem, o motociclista Adinaldo Gomes da Silva, de 25 anos, morreu ao bater em uma carreta, no km 440 da 381, próximo ao trevo de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na noite anterior, pouco depois das 21h, três carretas e um carro bateram na altura do km 437, em Ravena. O caminhoneiro Rogério Esdras de Melo, de 37, morreu na hora. Outro motorista ficou ferido gravemente.

“A gente morria de medo dessa BR-381. Sempre que meu marido atrasava, ficava agoniada. Aí, ele chegava e era aquele alívio. Agora, esperava por ele para comemorarmos meu aniversário. Por volta da 1h (de ontem), recebi uma ligação dando notícia da morte dele. Estou arrasada”, lamenta a mulher de Rogério, Lucilene Cruz Leça de Melo, de 31. O casal tem dois filhos, de 4 e 2 anos. O enterro da vítima será nesta quarta-feira, em Barretos, distrito de Rio Piracicaba, na Região Central.

Dnit prometeu solução até abril

Em fevereiro, o engenheiro supervisor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Minas, Alexandre Oliveira, havia prometido que 24 radares, 21 deles novos, estariam funcionando até 11 de abril, dentro do trecho de 108 quilômetros da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade, no Vale do Aço. O pacote de radares do Dnit prevê a instalação de 410 equipamentos de controle de velocidade nas estradas que cortam o estado até 2012. A medida antecede a duplicação da via sinuosa – que ganhou o título de Rodovia da Morte devido à quantidade de acidentes fatais –, enquanto a solução definitiva, representada pela duplicação, não se torna realidade. O prazo para a licitação dos projetos dos próximos dois lotes da obra termina neste mês.


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