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Estado de Minas MORTOS NO PERU

Dois peruanos são investigados por morte de brasileiros que sumiram em mata


postado em 07/08/2011 07:04 / atualizado em 07/08/2011 11:50

Principal rua de Jaen no Peru(foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D.A/Press)
Principal rua de Jaen no Peru (foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D.A/Press)
Lima, Jaén e Bellavista (Peru) – Desde que autoridades peruanas confirmaram há 11 dias a morte de um mineiro e um paulista que desapareceram na mata enquanto faziam trabalho topográfico no Norte do Peru, familiares não se convenceram das hipóteses levantadas pelo Itamaraty de que os dois podiam ter sofrido hipotermia ou consequências da altitude. A temperatura alta no dia do sumiço, a altitude relativamente baixa na zona do incidente e o histórico de resistência violenta de camponeses à instalação de hidrelétricas na região levaram parente dos engenheiro mineiro Mário Bittencourt, de 61 anos, e do geólogo paulista Mário Guedes, de 57, a desconfiar de assassinato. Os familiares não estão sozinhos.

A reportagem do Estado de Minas percorreu cidades peruanas e descobriu que homicídio é, no momento, a principal linha de investigação de autoridades do país para as mortes dos brasileiros. Mais: o Ministério Público local já tem dois suspeitos e não descarta a hipótese de envenenamento, uma vez que os corpos dos brasileiros não apresentavam sinais de violência. “Abrimos investigação por homicídio contra dois homens e tentamos localizá-los para que deem declarações”, disse a promotora provincial de Cumba, Mariela Gurreonero. Os dois suspeitos são os peruanos Jesús Sánchez e Juan Zorrilla Bravo, este um líder comunitário que já participou de manifestações contra hidrelétricas na região. Em uma delas, funcionários da empresa que faz estudos sobre hidrelétrica foram expulsos de uma cidade próxima à zona na qual os brasileiros morreram (leia sobre hidrelétricas no Peru na página 28).

A promotora decidiu investigá-los com base em informações prestadas à polícia pelos dois engenheiros peruanos que acompanharam Mário Bittencourt e Mário Guedes no trabalho de topografia na localidade conhecida como Pozo Negro, a cerca de 800 quilômetros de Lima. O EM teve acesso aos depoimentos. Neles, os engenheiros peruanos sugerem que tanto Juan Zorrilla Bravo como Jesús Sánchez agiram de maneira suspeita durante o incidente (veja arte). Zorrilla, dizem, confundiu peruanos que realizavam a busca aos brasileiros. Sánchez, amigo de Zorrilla e dono de uma cabana no início da estrada, ofereceu água ao grupo no começo da caminhada. Pelo menos Mário Bittencourt, apontam os depoimentos, tomou imediatamente sua água.

Passo a passo Os relatos dos engenheiros peruanos José Antonio Suazo Bellaci, de 38, e Fausto Edurino Liñan Turriate, de 55, ambos a serviço da Companhia Energética Vera Cruz, dão detalhes sobre o que ocorreu na trilha. Eles e os brasileiros, contratados da Leme Engenharia, começaram a caminhada na área da floresta às 9h30 do dia 25 de julho, segunda-feira. Um motorista que havia levado o grupo ficou esperando no carro. De acordo com os depoimentos, logo depois do começo da caminhada eles pararam em uma cabana no início da estrada para beber água e conversaram com Jesús Sanchez, tratado agora como suspeito.

Os depoimentos dão conta de que, por volta de 12h, Bittencourt se cansou e reclamou de dor na perna. Ele teria ficado sentado à beira da estrada, enquanto o trio seguiu um trecho de subida. Depois de meia hora, o grupo voltou e percebeu que o mineiro não estava mais no local. Os peruanos afirmaram à polícia que nenhum deles ficou preocupado porque acreditavam que o engenheiro tinha voltado para o carro. Desse mesmo ponto, os dois peruanos seguiram em uma pequena trilha para saber se o caminho chegava a um rio. Mário Guedes teria decidido ficar à espera da dupla. Pouco mais de uma hora depois, então, os peruanos voltaram e também não encontraram Guedes. Os engenheiros peruanos dizem só ter percebido que os brasileiros tinham desaparecido quando um deles ligou para Luís Ugaz, responsável pela logística do trabalho de campo. Ugaz levou água e cerveja aos peruanos e, perguntado sobre os brasileiros, disse que não os havia visto na trilha. Por volta das 14h, o grupo, então, decidiu se separar. Ugaz subiu a estrada e os engenheiros peruanos seguiram em direção ao carro.

Plantação de arroz em Jaen, Norte do Peru(foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D.A/Press)
Plantação de arroz em Jaen, Norte do Peru (foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D.A/Press)
Outro suspeito No caminho de volta surge Juan Zorrilla Bravo. Ele apareceu de uma pequena estrada abandonada e se ofereceu para ajudar. Aos investigadores, um dos engenheiros peruanos disse que o local de onde o camponês saiu era próximo ao ponto onde os corpos foram encontrados, fora do caminho principal, e que percebeu uma relação de amizade entre Zorrilla e Sánchez. Policiais chegaram à noite ao local para ajudar nas buscas e, segundo os depoimentos, Juan Zorrilla indicou erradamente um dos caminhos.

Os corpos só foram achados na manhã de quarta-feira, em avançado estado de decomposição numa estrada abandonada em direção ao Rio Marañon. A necropsia nos corpos realizada no Peru constatou edema cerebral e edema pulmonar, o que reforçou entre familiares a suspeita de envenenamento, que pode provocar esses inchaços. Novos exames serão realizados no Peru e em Belo Horizonte. A promotora peruana Mariela Gurreonero não descarta envenenamento. “É possível que (a morte) seja por alguma substância”, disse. “Mas esperamos resultados dos exames”, acrescentou. (Colaborou Paula Sarapu)

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