A busca por mais conforto no transporte, somada à facilidade de financiamento e ao baixo custo da manutenção das motocicletas, têm contribuído para o crescimento da frota desse tipo de veículo na capital. Por consequência, cresce a procura pela carteira de habilitação categoria A, exigida para conduzir motos. De 2006 a abril desse ano, o número de documentos expedidos pelo Detran-MG em BH aumentou 45,4%, passando de 16.827 para 24.467. No mesmo período, a procura por carteiras categoria B (para carros pequenos) teve um crescimento de apenas 7,4%, de 632.365 para 679.751. Em apenas uma motoescola da cidade, cujo circuito é usado para exames de direção do Detran-MG, a média é de 100 inscrições de aspirantes a motociclistas por semana.
“O valor mensal do financiamento de uma moto é menor do que o valor que a pessoa gasta com transporte coletivo. Com isso, há a migração dos usuários de ônibus para as motocicletas”, afirmou o engenheiro civil Renato Guimarães Ribeiro, mestre em engenharia de transportes, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) e ex-assessor da BHTrans. Os reflexos, segundo o especialista, são complicações na fluidez do trânsito e aumento do número de acidentes. “As motocicletas são as principais causadoras de acidentes, problema que já se tornou uma epidemia. São os veículos mais frágeis do trânsito urbano e rodoviário, que não oferecem a mesma proteção de um automóvel”, destaca.
Ele ressalta que infrações de trânsito cometidas pelos motociclistas, como transitar entre os carros, agravam o risco. Pesquisa feita pela BHTrans em dezembro do ano passado aponta que 43,5% dos portadores de carteira para conduzir motos admitem costurar entre os veículos habitualmente. Outros 41,4% afirmaram cometer a irregularidade às vezes. O estudo mostra ainda que 40,3% têm o costume de transitar entre as faixas (32,4% às vezes), 21,8% ultrapassam pela direita (28,6% às vezes), 9% imprimem excesso de velocidade (10,9% às vezes), 0,5% avançam sinal vermelho (11,1% às vezes e 11,9% raramente), e 1,6% pilotam depois de consumir bebida alcoólica (2,4% às vezes e 3,7% raramente). Os números absolutos não foram divulgados.
De acordo com o gerente de educação da BHTrans, César Teixeira Lopes, a média na capital é de 24 acidentes por dia envolvendo motos, e seis mortes por mês. “Nossa pesquisa também apontou que 66% dos motociclistas ouvidos já sofreram acidentes.
Percebemos que além dos comportamentos inadequados dos condutores de motos relacionados no estudo, há outros fatores que precisam ser trabalhados em campanhas educativas, como a falta de comunicação entre os motoristas, que não dão sinal de braço ou usam a seta antes de fazer uma manobra, além da velocidade excessiva”, disse. Segundo ele, uma blitz educativa para motociclistas está marcada para amanhã, das 15h às 16h, na Avenida Afonso Vaz de Melo, em frente à estação BHBus Barreiro.