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Estado de Minas

Pesquisa reafirma que mudar de hábitos ajuda a viver melhor

Deixar de fumar e controlar o peso são metas de milhares de belo-horizontinos, como denuncia pesquisa do Ministério da Saúde. Estresse e correria representam obstáculos


postado em 19/04/2011 06:00 / atualizado em 19/04/2011 07:30

Para Robert Fernando, estresse é o inimigo de quem pretende parar de fumar(foto: Tulio Santos/Esp. EM/D.A Press)
Para Robert Fernando, estresse é o inimigo de quem pretende parar de fumar (foto: Tulio Santos/Esp. EM/D.A Press)
O técnico em elevadores Robert Fernando, de 34 anos, morador do Bairro Juliana, em Venda Nova, já fez tudo o que pôde para parar de fumar. Chegou até a usar medicamentos, mas nada deu jeito. “Fumo desde os 16 anos e hoje, em dois dias, consumo um maço e meio de cigarros”, disse ele, ao passar nessa segunda-feira à tarde pela Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, capital em que, na contramão do país, o consumo de cigarros cresceu quase dois pontos percentuais entre 2009 e 2010, segundo a pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde. Para o técnico, o hábito de fumar está relacionado ao estresse do dia a dia. “Quando mais nervoso a gente fica, mais fuma. Na verdade, come o cigarro. Eu, infelizmente, não consigo deixar o vício”, lamenta. Diante do seu carrinho de pipoca, Jucilene Ribeiro de Souza diz que fuma desde os 18 anos e também se mantém presa à nicotina. Logo depois de lembrar que a ansiedade é que faz o estrago, ela puxa mais um cigarro.

Mesmo com a lei antifumo, que desde o fim de 2009 proíbe o uso de tabaco em ambientes fechados de uso coletivo, o número de admiradores do cigarro cresceu na capital mineira. Para o vice-presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Paulo Cesar Pinto Corrêa, isso comprova que a norma não tem sido eficaz no combate ao hábito, talvez por uma questão de fiscalização. “Em cidades como São Paulo, em que a legislação é mais rigorosa, verifica-se a redução da porcentagem dos fumantes e até do consumo dos cigarros”, comenta o médico. Outro ponto que estimula as vendas, segundo ele, é o baixo preço dos maços no Brasil.

O especialista acrescenta que um fator vem influenciando o aumento no número de fumantes iniciantes: os cigarros com sabor, especialmente os de mentol. “A indústria tabagista investe muito nisso e acaba atraindo principalmente os jovens”, diz. Ainda de acordo com o pneumologista, 80% dos fumantes brasileiros acreditam que conseguem parar sozinhos, o que compromete o sucesso da tarefa. “Se o dependente procurar ajuda de um especialista, vai ser muito mais fácil. Sempre faço uma comparação para exemplificar esse caso: se uma mulher opta pelo parto normal sem anestesia, vai conseguir ter o bebê, mas com a anestesia o parto fica muito mais tranquilo. É esse o nosso papel”, ressalta.

Mas há casos em que a força de vontade compensa a falta de acompanhamento profissional. Foi movido por essa determinação que o empresário Alan César Barradas, de 28, morador do Bairro Carlos Prates, na Região Noroeste de Belo Horizonte, conseguiu para de fumar sozinho, há um ano e meio. “Fumava há muitos anos, e sei que o cigarro estava prejudicando minha respiração. Fui tomando raiva e agora me sinto muito melhor. Também não tive nenhuma recaída”, orgulha-se.


Dicas de especialistas

Adote posturas mais saudáveis
• Procure comer de três em três horas, mas consuma alimentos mais saudáveis, a exemplo de frutas ou produtos à base de cereal
• Corte da dieta alimentos gordurosos e frituras
• Se não tiver tempo ou dinheiro para fazer exercícios, busque opções, como ir a pé para o trabalho, trocar o elevador pelas escadas e descer do ônibus antes do ponto convencional
• Não pule refeições e procure sempre se hidratar com água, sucos naturais, água de coco

Enfrente o cigarro
• É muito mais difícil parar de fumar sozinho. Procure a ajuda de um especialista para orientá-lo melhor
• Evite os cigarros com sabores como os de mentol, que facilitam a tolerância à nicotina
• Descubra quais são os motivos que fazem com que você continue fumando e tente se concentrar neles. Os benefícios de parar certamente serão maiores

O preço da correria


Na opinião do médico endocrinologista Ricardo Barsaglini, os dados da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram que a vida moderna vem cobrando seu preço. Como a rotina da maioria das pessoas está corrida demais, com pressão profissional e pessoal, elas não conseguem arranjar tempo para exercícios físicos e hábitos saudáveis. “Muita gente se alimenta quando tem um intervalo e olhe lá. Come na hora que dá e o que tem para comer. E, geralmente, esse tipo de alimentação não é nada saudável. Acabam sendo opções calóricas e gordurosas”, analisa.
Barsaglini acredita que se programar é fundamental para quem quer incluir novos hábitos no dia a dia. Segundo o médico, qualquer pequena ação na rotina é válida, como tentar ir a pé para o trabalho ou manter sempre uma fruta ou barra de cereal ao alcance das mãos. “Isso acaba contando depois. Evitar a fritura no self-service e trocar o elevador pela escada, se não dá tempo de frequentar uma academia, ou mesmo descer do ônibus um ponto antes, tudo é válido. Se a pessoa realmente quiser e ficar atenta, conseguirá manter uma rotina mais saudável", afirma.

Na pressa, Robert Gomides relaxou na busca por alimento mais saudável(foto: Tulio Santos/Esp. EM/D.A Press)
Na pressa, Robert Gomides relaxou na busca por alimento mais saudável (foto: Tulio Santos/Esp. EM/D.A Press)
Na tarde dessa segunda-feira, no Centro de BH, o autônomo Robert Gomides, de 22 anos, morador do Bairro Guarani, na Região Norte, saboreava, no balcão de uma lanchonete da Rua Tupinambás um enrolado de presunto e queijo com um copo de suco. Com 1,85m e 95kg, ele diz que engordou e está sem tempo para ir à academia. “Geralmente, procuro alimentos saudáveis, mas parei aqui por falta de opção”, explicou. Em outra lanchonete, a auxiliar de lavanderia Solange Maria Ferreira, de 35 e moradora do Bairro Pilar, na Região do Barreiro, também admitiu seus quilinhos a mais. “Não faço nenhuma atividade física, mas me preocupo com alimentação. Comer bem é consumir verduras no almoço e uma fruta à tarde”, avalia Solange que, na falta de maçã ou pera à vista, acabou optando por uma suculenta coxinha de frango.


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