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Estado de Minas

Moradores de Resende Costa aguardam ansiosos pela chegada dos seus restos mortais


postado em 15/04/2011 06:46 / atualizado em 15/04/2011 06:48

Resende Costa – Uma brincadeira que se faz nesta cidade da Região do Campo das Vertentes, integrante da Estrada Real e Circuito Trilha dos Inconfidentes, mostra bem o orgulho dos moradores pela sua história e personagens ilustres. “Aqui, metade da cidade descende do coronel José Resende Costa”, diz, com um sorriso simpático, o contabilista Domingos Sávio Pinto, de 58 anos, residente no casarão do século 18 onde o inconfidente viveu com sua família, composta de 13 filhos, entre os quais o também conjurado José Resende Costa. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o imóvel da Praça Cônego Cardoso mantém a arquitetura original preservada e detalhes que chamam a atenção, caso da pedra larga na soleira da porta e a namoradeira – dois pequenos assentos igualmente de pedra, um de frente ao outro, perto da janela. “É uma honra morar numa casa que pertenceu a eles e está com a minha família há várias gerações”, diz Domingos, ao lado da filha, a advogada Maíra Pinto, de 23.

Na terça-feira, na porta da casa, o assunto era a identificação dos restos mortais de José Resende Costa; Domingos Vidal de Barbosa Laje, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Mato de Capenduva, em Juiz de Fora, na Zona da Mata; e de João Dias da Motta, de Ouro Preto, na Região Central, mortos no degredo, na África, e que finalmente descansarão em paz.

O historiador Francisco Pinto, com doutorado sobre Brasil Colônia/Sesmarias, nas universidades Federal Fluminense (UFF) e Nova de Lisboa, Portugal, conta que João Resende Costa, pai do coronel José Resende Costa, veio da Ilha dos Açores, por volta de 1718, e foi um dos primeiros habitantes portugueses da região. “Naquela época, as pessoas viviam em fazendas e as casas no Arraial da Laje, nome primitivo de Resende Costa, só eram usadas quando havia missa ou procissão. Assim, a família morava no Engenho Velho dos Cataguases, propriedade ainda de pé e localizada no município vizinho de Lagoa Dourada”, informa o professor, lembrando que na região os moradores preferem chamar do herói de José “de” Resende Costa.

Para o historiador, a identificação da ossada de José Resende Costa tem grande importância para o município batizado com o seu nome e conhecido principalmente pela tecelagem. “Há uma forte identidade das famílias daqui com o nome dele e a identificação dos restos mortais fortalece ainda mais essa relação”. Francisco Pinto revela ainda que, enquanto o coronel José Resende Costa morreu no degredo, o filho, ainda jovem, conseguiu voltar ao Brasil e se estabeleceu no Rio de Janeiro, ocupando o cargo de conselheiro no império. “Nas minhas pesquisas, encontrei em Portugal cartas deles para a família Souza Coutinho. Dom Rodrigo de Souza Coutinho era o principal ministro de Dom João VI.”

Ouvindo a conversa, o advogado e funcionário público Ricardo Lima lembra que, na cidade, mesmo a pessoa não carregando o sobrenome Resende, “certamente o pai ou a mãe o tem”. E, cheio de entusiasmo, Ricardo canta até um pequeno trecho do hino local: ”Resende Costa altaneira, berço de heróis nacionais”. Certo de que está diante de uma grande história, “agora com começo, meio e fim”, Angelo Marco Resende, de 35, integrante da organização não governamental Iris – Movimento Arena Cultural planeja a produção de um documentário para contar a saga do homem ilustre e de seus sonhos de liberdade.

MONUMENTO EM HOMENAGEM

O desejo do prefeito Adilson Avelino de Resende (PT) era de que, antes de seguir para Ouro Preto, a comitiva que vai transportar os restos mortais de Resende Costa fizesse uma parada no município, para homenagear o inconfidente. “Como o 21 de Abril vai cair na quinta-feira santa, o gesto seria ainda mais simbólico”, acredita o chefe do Executivo. Para ele, o retorno definitivo fará aumentar o patriotismo e o orgulho. “É muito bom sermos da terra onde ele viveu. E vamos formar uma caravana para ir a Ouro Preto”, afirma. Mas a comunidade não vai perder a oportunidade de honrar o inconfidente. “Vamos fazer um monumento que será inaugurado em 2 de junho de 2012, quando Resende Costa vai comemorar 100 anos de emancipação política”, promete.

Estudantes e professores também estão mergulhados nos episódios da Inconfidência. Na Escola Municipal Conjurados Resende Costa, a vice-diretora Solange Lídia Santos Assis explica que todos os anos o tema é trabalhado na escola, mas, desta vez, ganha um sabor especial: “Episódios assim servem para valorizar mais a nossa história”. Mesmo na hora do recreio, a garotada discute o assunto e consulta mapas para conhecer mais sobre a geografia da região por onde transitaram os inconfidentes. Aluno do 4º ano, Pablo Rodrigues, de 9, quer estudar a fundo a trajetória “dos homens que lutaram pela liberdade”. De olho no mapa, Maria Fernanda Mendes Resende, de 8, Cleyton Fernando Silva e Pedro Lucas Lara Ribeiro, ambos de 9, e Júlia Camila de Souza Pinto, de 8, dizem que, quanto mais estudarem, mais farão descobertas sobre a Inconfidência Mineira.


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