A falta de acordos entre o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG) e Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) ainda vai prejudicar muitos alunos da rede particular de Belo Horizonte. Nesta quarta-feira, depois da decisão pela greve definida em assembleia, professores enfrentaram resistência das diretorias de escolas e alunos ficaram sem aulas.
Segundo o assessor do Sinpro-MG, Denílson Cajazeiro, grupos de professores chamaram os diretores do sindicato, nesta manhã, para visitar as escolas e tentar intervir na relação com as diretorias. O sindicato patronal orientou, por meio de uma carta divulgada no site, o posicionamento das escolas. “A recomendação do SINEP-MG é a de conter toda tentativa de paralisação, pelas razões a seguir explicitadas: A escola particular é a opção que a sociedade tem para não cair na inexistência de escolha decorrente da escola única, se só existisse a escola pública, que cercearia ofertas, entre as quais a de credos pessoais e familiares. (…) A escola particular é demasiadamente diversificada em tamanho e condições financeiro-econômicas, ainda que, via de regra, ela toda se prime pelo compromisso com a ética e a qualidade de educação”, diz o comunicado. (Veja a íntegra da carta no site)
O comunicado, divulgado pelo Sinep-MG, causou indignação nos profissionais e motivou a continuação da paralisação. Segundo Denílson Cajazeiro, os sindicato está percorrendo escolas nesta manhã para tentar conter o que os professores consideram um “assédio moral” estimulado pela carta do sindicato patronal. Os profissionais consideraram o comunicado um “tiro no pé” e ficaram irritados com a carta do Sinep-MG.
Segundo o assessor do Sinep-MG, Lucas Ávila, os diretores não podem conter a paralisação porque isso seria contra a constituição. Os diretores devem deixar os professores livres para se organizar e decidir pela greve ou não. Por outro lado, o Sinep-MG, orientou as escolas, por meio da carta, a não receber dentro da instituições, representantes do Sinpro-MG. “As escolas com instituições privadas, não podem abrir as portas para pessoas de fora incitarem movimentos”, afirma Ávila.
Segundo Sinep-MG, em BH e Região Metropolitana são 1285 escolas particulares. Na terça-feira, apenas cinco ficaram sem aulas e nesta quarta, o assessoria do sindicato só tem informações de paralisação no Colégio Marista Dom Silvério.
Negociações
Na quinta-feira, representantes dos dois sindicatos vão se reunir na Secretaria Regional do Trabalho, no Centro de Belo Horizonte, para tentarem uma nova negociação. O resultado do encontro será apresentado aos professores na sexta-feira, durante uma assembleia às 9h na Faculdade de Medicina da UFMG. Caso a proposta seja recusada, a greve pode continuar. O Sinep também faz assembleia na sexta-feirapara discutir a proposta que estão apresentado aso educadores.
Os professores pedem reajuste salarial de 12%, regulamentação da educação à distância, equiparação do piso da educação infantil (de 0 a 3 anos) ao do ensino fundamental (1º ao 5º ano), eleição de delegados sindicais a cada 50 trabalhadores na instituição de ensino. Além disso, reivindicam mudança de data base em 1º de abril, inclusão do benefício seguro de vida e a criação de uma comissão para tratar da violência e saúde na escola.
As escolas oferecem reajuste de 7,5%. Segundo o Sinep-MG, o aumento de 12% é inviável para escolas do interior de Minas. Um reajuste como esse poderia comprometer o funcionamento das escolas menores e ameaçar a existência das instituições.