(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Reencontro emociona pai e filhos em Belo Horizonte


27/07/2008 10:08 - atualizado 08/01/2010 04:27

Marcos Michelin/EM/D.A Press
Davino pôde rever Marques e Maurélio, 36 anos depois de deixar casa
A imagem que Marques Rodrigues de Souza, de 41 anos, tinha da figura paterna era um rosto distante, escondido nos recantos da memória. Nesse sábado, ele confirmou que o pai, Davino Rodrigues de Souza, de 64 anos, tinha o mesmo semblante, 36 anos depois do desaparecimento. Afastado uma vida inteira dos filhos, o pedreiro Davino pôde abraçar Marques e Maurélio Rodrigues, de 37, na Divisão de Referência à Pessoa Desaparecida, no Bairro São Cristóvão, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Foi um reencontro emocionante, para resgatar uma vida de desencontros e expectativas frustradas.

“Sempre olhava para meu tio e imaginava que ele podia ser parecido com meu pai, que é exatamente o que eu havia projetado. Só hoje pude verificar que sou muito parecido com ele”, conta Marques, que foi deixado pelo pai aos 5 anos. Os filhos tinham uma história diferente em relação ao contado por Davino, sobre a separação da família, em 1972. A mãe Guiomar Lopes de Souza, falecida há 16 anos, informou aos filhos que Davino deixou a família em São Sebastião do Bugre, distrito de Coroaci, no Vale do Rio Doce, para tentar a vida em São Paulo. A esperança era de que um dia ele voltasse com melhor situação financeira para ajudar no sustento da casa.

Mas, segundo Davino, o isolamento durante todos esses anos não foi culpa dele. O pedreiro lembra que foi expulso de casa por ciúmes da esposa e, mesmo depois de uma tentativa sua, ela não quis retomar o casamento. “Trabalhava em Marilac, perto do local em que morávamos, e ela cismou que eu tinha outra mulher e fui expulso de casa. Mudei-me para São Paulo e arrumei trabalho e um barracão. Mandei uma carta pedindo que ela viesse, com os filhos, mas ela respondeu que nunca mais queria me ver”, afirma.

Saudade

Além de Marques e Maurélio, Davino também deixou para trás a filha Márcia, hoje com 39 anos. Os três filhos moram em Jacareí, no Vale do Paraíba, em São Paulo. Depois de muitas andanças, Davino se casou de novo e teve mais cinco filhos: Grafiana, de 30, Maxlaine, de 28, Roque, de 27, Itamar, de 25, e Lucimar, de 22. Ele mora com a segunda família no Bairro Serra Verde, na Região de Venda Nova, em BH. “Nunca esqueci meus filhos do primeiro casamento. A saudade que sentia deles fez com que eu bebesse muito. Hoje estou muito feliz”, garante Davino.

Na busca pela sobrevivência, os irmãos Marques, Maurélio e Márcia moraram em várias cidades com a mãe. A mudança de endereços dificultava ainda mais o reencontro. Ainda assim, eles nunca perderam a esperança de ver de novo o pai. Em agosto de 2006, o policial militar Maurélio acionou a DRPC, pois teve notícias de que o pai morava em BH. “Hoje estamos realizando o desejo de minha mãe, que era de reunir a família novamente. Nunca soubemos que eles haviam brigado, para nós o sentimento era de abandono. Mas nunca tivemos mágoa. A nossa vontade era vê-lo para mostrar que sofremos, mas superamos as dificuldades”, relata Maurélio.

Durante o reencontro, Davino Rodrigues Souza também conheceu seu neto Patrick Anderson de Souza, de 10. Também ficou sabendo que já é bisavô e tem outros três netos. O filho do segundo casamento, Itamar Rodrigues, de 25, conheceu seus irmãos. A detetive Paula Luciana Barbosa foi a responsável por promover a união da família.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)