Brasileiro não é leal às marcas de bens de consumo

A maior parte dos brasileiros não é leal às marcas quando se trata de produtos do segmento de bens de consumo. É o que mostra a pesquisa encomendada pelo Google para a empresa Offerwise. Segundo o estudo, 64% das pessoas não mantêm fidelidade na compra de itens do dia a dia, como alimentos e artigos de higiene.

Entre os entrevistados da geração Z, o índice é ainda ligeiramente maior: 65%. Outro comportamento revelado no estudo é o quanto as pessoas estão desconectadas de marcas na hora de fazer uma busca no Google: 93% fazem consultas sem citar empresas. Ou seja, fazem busca genérica.

A infidelidade dos consumidores tem como principal fator o preço: 37% dos entrevistados afirmam que se decidem por um item se houver uma boa oferta comparado aos concorrentes. Na visão do Google, deve ser considerado o quadro econômico que o país vem atravessando nos últimos anos e o impacto do custo de insumos e matéria-prima sobre os produtos (afetados pela pandemia e depois pela guerra na Ucrânia), que encareceram as compras, deixando as famílias mais endividadas. 

Segundo a pesquisa, 21% dos consumidores fazem escolhas por atributos da marca que estejam em conexão com seus valores pessoais. E, nesse quesito, a sustentabilidade está na frente (43%), seguida por diversidade e igualdade (38%). O movimento dos consumidores quanto à lealdade de marca já vinha sendo percebido, embora nenhum estudo específico tivesse sido realizado antes. Tanto que, no início do ano, o Google teve encontros com diversas empresas para discutirem seus desafios, que chamaram de “caminhos do crescimento”. 

O resultado mostrou que é “urgente que a indústria repense o desenvolvimento de produtos e a comunicação com os brasileiros e busque uma nova relação baseada em propósito e valores comuns”, explica Marco Bebiano, diretor de negócios para o segmento de bens de consumo do Google Brasil.

Além da sustentabilidade, outros atributos que ganham destaque na preferência do consumidor, de acordo com a pesquisa, são: produtos desenvolvidos sob medida (65%); itens de pequenos produtores (54%); e produtos feitos no Brasil (48%). Na maioria dos casos, as mulheres dão mais valor a esses atributos do que os homens.

O estudo verificou de que forma as marcas podem se conectar melhor com os brasileiros. Os entrevistados apontam que a oferta de descontos ou benefícios é muito importante (65%). Experiências de compras mais personalizadas são indicadas por 45% das pessoas consultadas. E falar menos e agir mais, quando se trata de propósito, é um comportamento destacado por 29% do público ouvido. Outros dados apresentados são: 84% dos entrevistados esperam que o papel das marcas vá além de vender; 75% desconfiam do uso dos dados primários coletados pelas empresas; 82% se tornam mais dispostos a comprar de marca que usam conteúdo explicativo no YouTube.

Quando questionados se a escolha de grandes marcas é determinante para a decisão de compra, 10% dos entrevistados responderam que não. Na média, o percentual é de 7%. Pelos resultados da pesquisa, as pessoas nascidas entre 1995 a 2010 estão em busca de experiências e produtos personalizados. 

A Offerwise entrevistou mais de dois mil brasileiros de todas as idades, classes sociais e regiões do país. Os resultados foram apresentados no evento Think Consumer Goods, promovido pelo Google, que reuniu empresas e agências.