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Estado de Minas Artesanato

Moda feita a mão

Cada vez mais, as manualidades, como o crochê e o tricô, ganham destaque nas coleções como garantia de exclusividade


31/10/2021 04:00

Casaco
Maria Flávia Zech Coelho com casaco em tricô (foto: Crochê e tricô/divulgação)


Depois da temporada internacional de desfiles com presença de público e declarada uma certa normalidade sanitária baseada em cuidados essenciais, o que se percebe, de acordo com especialistas, é que houve muita expectativa e pouca mudança. 
Segundo a revista Elle Brasil, “a temporada de verão terminou com um certo sentimento de frustração para quem esperava grandes transformações e a sensação de que a moda anda desconectada do tempo em que vivemos”. 
 
Texturas
Fass Brand em mix de texturas (foto: Crochê e tricô/divulgação)
 
 
Sim, o apelo do sexy, com pele à mostra, barriga de fora, comprimentos mínis e decotes, está entre os grandes hits do verão 2022, assim como há uma tendência forte da cintura baixa, que vem ensaiando seu retorno há um tempo.
 
Crochê
Fass Brand em crochê nude (foto: Crochê e tricô/divulgação)
 
 
Diante do grande mosaico de opções, o que fica cada vez mais evidente é que a “salvação da lavoura”, como de dizia antigamente, está no trabalho artesanal. Naquilo que lembra o feito a mão com técnicas tradicionais, passadas de geração para geração, que não perdem o encanto porque remetem ao emocional das pessoas.
 
curadoria
Flávia Soares: %u201CNossa curadoria é um processo bem direcionado para clientes especiais, e a escolha das marcas passa por um processo de estudo profundo%u201D (foto: Crochê e tricô/divulgação)
 
 
Isso em Paris, Nova York ou Belo Horizonte. Foi por isso que a stylist mineira Inês Yamaguchi deteve seu olhar no handmade no desfile que concebeu, recentemente, para a Fass Brand, de Flávia Soares. A empresária, nascida em Belo Horizonte, sabe muito bem como essas características mexem com a emoção, porque morou 16 anos na Europa, quatro deles na Holanda e 12 na Inglaterra. E, lá fora, o artesanal é admirado e valorizado muito mais que aqui no Brasil.
 
degradê
Tingimentos em degradês na Angela Souza Handmade (foto: Crochê e tricô/divulgação)
 
 
Na história de Flávia, o gosto por aprender novas coisas é um caminho sem fim e a levou, primeiro, a uma sociedade em uma agência de publicidade, onde se inteirou de todos os departamentos da empresa, do financeiro ao marketing. Mas a moda sempre esteve na sua vida, tanto que abriu uma loja bem-sucedida em Londres. 
 
Com a pandemia, antecipou os planos de passar uma temporada no Brasil, Belo Horizonte, com o marido e filhos, e, no ano passado, inaugurou a Fass Brand em um formato diferente: a multimarcas funciona em um andar na Vila da Serra, em Nova Lima, e trabalha com uma curadoria exclusiva de marcas internacionais e nacionais, se detendo, grande parte das vezes, na oferta de peças únicas. É um exercício de garimpagem em busca de originalidade, que vem incluindo também labels mineiras.
 
No último desfile, o que se viu na passarela foi uma amostragem do que ela acredita para o alto-verão brasileiro: o deslocamento da cintura nos shapes escolhidos é uma aposta, além da forte presença de franjas, do crochê e de uma pitada de tricô. “A nossa curadoria é um processo bem direcionado para clientes especiais, e a escolha das marcas passa por um processo de estudo profundo. Tenho no meu DNA importância com o planeta, sustentabilidade, e com o próximo”, explica a empresária. A escolha do handmade, como uma das estrelas do desfile define bem seu pensamento e o carinho pelo artesanal, que, como ela opina, enche os olhos de quem mora no estrangeiro.

Intuitiva Angela Souza nunca frequentou uma escola de moda, mas é uma estilista nata, com um grande senso de proporções, escolha de shapes e de cores. Suas criações em crochê passam pelo desenho de croquis e por um processo apurado de modelagem para que a peça vista como uma luva no corpo das mulheres. Intuitiva, é filha de mãe crocheteira e, há sete anos, resolveu seguir o mesmo caminho.
 
“Um dia, ao sair da missa na igreja do Belvedere, o vestido que estava usando chamou a atenção, muita gente veio me perguntar a origem e elogiar a delicadeza”, ela conta. O mais interessante é que era um modelito tecido pela mãe há mais de 15 anos. Foi aí que veio a ideia de ganhar dinheiro investindo na atividade. 
 
Formou uma equipe de crocheteiras, cerca de 20 mulheres que trabalham com exclusividade sob sua orientação. “Crio os modelos, decido a paleta, aprovo tudo. Vendo minhas peças em boas lojas, como a Anna Tomé e a Deluxe, mas não tenho condições de fazer uma coleção completa, cada roupa é praticamente única e leva até mais de mês para ficar pronta, conforme sua complexidade. O processo é demorado.”
 
Para os que reclamam do preço por não se sensibilizarem com as etapas da construção manual, ela costuma lembrar o tempo envolvido em cada etapa. “Supervisiono também os tingimentos naturais, às vezes uso muitos degradês para valorizar o trabalho.” 
 
Um novelo nunca fica exatamente como o outro. Depende da estação do ano, da colheita das flores e das raízes”, especifica. A matéria-prima é outro quesito escolhido com muita propriedade. Além das linhas de algodão, prioriza as em seda pura, que geram produtos altamente sofisticados. Uma das suas inspirações é a estilista Vanessa Montoro, pelo trabalho primoroso que executa. Algumas peças são obras de arte no vestir, ela garante.
 
No seu caso, as vendas começaram na base do boca a boca e Angela usa também a internet como canal de divulgação. É nessa plataforma que vem sendo descoberta por celebridades, como a cantora Preta Gil, a atriz Paola de Oliveira e a influencer Lalá Rudge.
 
“Elas viram o Instagram da marca (@angelasouzahandmade), se encantaram e entraram em contato querendo comprar. Fiz também uma parceria com a RP Maria Flávia Zech Coelho, que foi muito proveitosa”, relata a artesã, que faz questão de crescer organicamente nas redes sociais. “Acredito em um movimento espontâneo, um cliente satisfeito indica a outro, e isso traz fidelização, porque o crochê não é descartável, é atemporal, remete a memórias afetivas, é algo para guardar”, acredita.
O tricô também faz parte do repertório de habilidades de Angela, particularmente nas criações para o inverno. E, agora, ela já está preparando outra novidade envolvendo o trabalho com renda renascença. Para aguardar.


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