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Conexão digital

Empresárias usam as redes sociais para se aproximar dos clientes, conversar sobre moda e estilo e comercializar produtos de suas marcas


27/09/2020 04:00

Valéria Lemos veste look verão da Essenciale na produção para o instagram (foto: divulgação)
Valéria Lemos veste look verão da Essenciale na produção para o instagram (foto: divulgação)


Quer alguém mais apropriado para falar em nome de uma empresa do que quem está no comando do negócio? Com a chegada da pandemia, essa compreensão ficou muito clara para algumas empresárias e elas romperam a timidez e começaram a aparecer nas redes sociais como verdadeiras garotas-propagandas de suas marcas e produtos. Os endereços nos Instagrans, antes restritos a um grupo seleto, se abriram para o público ante a percepção de que era o momento de conversar diretamente com os clientes, compartilhando, no território virtual, um pouco da intimidade do dia a dia.
 
Coleção Reedition no verão da Caos (foto: Henrique Gualtieri/divulgação)
Coleção Reedition no verão da Caos (foto: Henrique Gualtieri/divulgação)
 
 
“Há cerca de cinco anos, venho alertando sobre a questão. Quem está apto a contar a história de uma marca é quem está por detrás dela, que sabe o seu propósito, conhece  bem o  que oferece”, afirma Morgana Linhares, especialista em gestão de talentos e gestão de negócios. 
 
Com know-how em alta performance, varejo e atacado, mentorias e palestras, ela ressalta que estabelecer conexões verdadeiras com os clientes é vital nesse período em que a economia enfrenta a crise trazida pelo coronavírus. “Transparência é a palavra-chave. O consumidor quer se identificar com o que é verdadeiro, ele quer ver nas redes pessoas do seu bairro, da sua cidade, gente de carne e osso, em detrimento de outras que ele sabe que são pagas para fazer uma divulgação”, salienta.
 
Francis Fabel é proprietária e estilista da Caos (foto: Luana Alves/divulgação)
Francis Fabel é proprietária e estilista da Caos (foto: Luana Alves/divulgação)
 
 
Uma das empresárias que vêm seguindo esse caminho é Francis Fabel, da marca Caos, há 38 anos no circuito fashion. Durante esse tempo, construiu não só uma marca desejada, mas também uma empresa sólida, um negócio em evolução. Centrada no trabalho, com foco no estilo e no chão de fábrica, aparecendo pontualmente em ocasiões profissionais, no início da pandemia ela se conscientizou de que precisava se aproximar mais do mercado.
 
E que o novo normal exigia transformações radicais, que não passavam só pelo produto, mas também pela comunicação. Dessa forma, resolveu sair da invisibilidade e começou a conversar com clientes, fornecedores e amigos nas redes sociais, revelando o seu cotidiano, a intimidade de alguns cantinhos da sua casa. Quem segue o @franciscaos vai vê-la em diversos momentos: abraçando o cachorro no quarto de dormir; à mesa, pronta para uma refeição; assentada prosaicamente em um braço de sofá na sala de visitas; fazendo um make up no banheiro. Ou até mesmo treinando boxe.
 
Joana Mourão sempre se interessou pela rede digital(foto: divulgação)
Joana Mourão sempre se interessou pela rede digital (foto: divulgação)
 
O espaço do Instagram funciona também para mostrar seus gostos pessoais, objetos de design, acessórios de moda. E os looks do dia que a estilista posta frequentemente, que evidenciam as composições que faz das peças que cria nas coleções. Em resumo, a discreta Francis Fabel, tirando partido da sua silhueta, se tornou a influencer da própria marca. Ao mesmo tempo, passou a compartilhar flashes dentro da fábrica, junto à equipe de produção, detalhando peças,
acompanhando processos. As imagens estáticas ou em vídeos são acompanhadas por textos leves e ilustrativos, que convidam à leitura. “As pessoas me cobravam essa atitude e ela veio na hoem ra que senti que tinha que inovar. Entendo que, quando você veste o produto que faz, isso passa uma confiança, um compromisso, demonstra que você está vestindo a camisa da sua empresa. Por meio das minhas escolhas, endosso as escolhas de quem aprecia a Caos. Isso é positivo, tem um efeito psicológico muito bom”, explica Francis.
 
No contexto natureza, lsa vendida na Equipage(foto: divulgação)
No contexto natureza, lsa vendida na Equipage (foto: divulgação)
 
 
Mas a mudança não foi só na postura e comunicação com os clientes. Envolveu uma profunda reflexão em torno de uma coleção de verão 21 ideal para os novos tempos. Não é à toa que ela se chama Reedition. “Comecei e recomecei várias vezes, talvez umas seis, deixando minha equipe de estilo maluca. Queria uma roupa que transitasse em qualquer situação, uma cartela nova, que transmitisse paz, leveza, suavidade, em contraponto com cores enérgicas, vibrantes, que adoro. E estampas mais clássicas e atemporais. Retirei o brilho, que é uma característica da Caos, porque não era adequado ao momento, mas conservei o animal print com aparência mais suave”, explica a empresária.
 
Quando tudo ficou pronto, resolveu promover a Caos Experience, convidando os compradores, com horários marcados, para conhecer a nova fábrica, na Cidade Industrial, sua base de trabalho. “Criei o evento despretensiosamente, mas foi um sucesso. Eles compreenderam as mudanças, ao mesmo tempo em que reconheceram nosso DNA nos detalhes”. Apesar do lançamento mais tardio, os pedidos para a nova estação totalizaram 50 mil peças, com prazo de entrega de 45 dias. E Francis conta que, mesmo com os números vantajosos, pretende lançar uma semana de pronta-entrega nos showrooms de Belo Horizonte e São Paulo.

Shoes e bags Responsável pelo setor de marketing da Equipage, Joana Mourão sempre se interessou pela rede digital, tanto é que a empresa está ativa em várias plataformas comerciais, como e-commerce, WhatsApp, delivery. Tal atitude mostrou seu real valor agora nesse período pandêmico. Apesar do fechamento de todas as lojas, as vendas continuaram acontecendo. Rápida no gatilho, ela montou uma estratégia capacitando tecnologicamente todas as vendedoras para atendimento das demandas virtuais.
 
Observadora dos movimentos do mercado, Joana percebeu, há mais de ano, que a fórmula do look do dia estava se esgotando e que havia necessidade de criar outros canais de comunicação com o consumidor. Foi quando decidiu abrir seu instagram para compartilhar o dia a dia com aqueles que a acompanham nessa rede. “Uma decisão difícil quando se pensa até onde começa e termina os limites da minha vida privada. Tenho família, marido e filhos, e consciência da exposição provocada pelas redes sociais, mas pensei que a Equipage precisava de ter alguém que contasse a sua história e ninguém melhor do que eu, filha da fundadora, para fazer isso”, explica.
 
Joana é filha de Cláudia Mourão, uma mulher à frente do seu tempo, com vocação nata para o comércio, que aprendeu muito cedo que a independência feminina passava pelo bolso. Nos anos 1980, abriu a primeira loja da Equipage, na Rua Pernambuco, consolidando sua veia varejista. Em quatro décadas de existência, a marca tem um acervo de memórias admirável.
 
Criada nesse ambiente, nada mais natural que ela seguisse os passos da mãe, dando sequência ao negócio. “Quando criança, eu brincava de lojinha. Sempre fui louca por sapatos, sempre tive dificuldades em compor looks porque foco primeiro neles.” Nas suas aparições no instagram, além do seu lifestyle, a empresária procura associar a Equipage ao contexto familiar, mesclando a tradição com a contemporaneidade. E não é só na conta pessoal que se movimenta nesse sentido, mas também na da Amo Equipage, empresarial, ambos sob sua responsabilidade. “Represento a voz humana da empresa. Queremos mostrar que somos os donos do negócio, mas que por detrás dela há gente que vive como todas as outras pessoas”, acentua. A prova de que o conteúdo agrada é o engajamento dos seguidores.
 
 “Mesclo produtos e imagens minhas, mas sempre dentro de um contexto. Apareço na minha casa, com meus filhos, respondo às perguntas em vídeos, sou modelo de sapatos e me associo também ao @amoequipage, estreitando a minha relação com a marca.” Nessa plataforma, trabalha ainda com influenciadoras selecionadas, inclusive algumas amigas que fazem sucesso nas redes, como Angela Dariva, Carolina Toledo, Raquel Matar. “Aí já é uma questão de relacionamento. Envio presentes para elas usarem e creio que, em função da nossa amizade, me apoiam com prazer”, diz. Lado a lado com os sapatos, Joana foca nas bolsas brasileiras e nas marcas com as quais a Equipage trabalha. “Faço uma campanha por elas, as peças da Elisa Atheniense e da Confraria, por exemplo, são lindas, têm qualidade, não perdem para nenhum modelo importado”, assegura.
 
A diversidade e a inclusão são outros assuntos abordados como conteúdo. Modelos plus size, transgêneros, mulheres mais velhas, e clientes com pés difíceis de calçar estão na pauta. “Nosso lema é que cada pessoa tem que ser o que ela quer. Trabalho bastante a questão do conforto”, enfatiza.

Humanização Outra empresária e estilista que saiu dos bastidores durante a pandemia foi Valéria Lemos, dona da Essenciale. Com a loja fechada e as dificuldades de produzir material de divulgação para o Instagram, por causa do distanciamento social – e também com o objetivo de continuar vendendo –, ela se encheu de coragem para protagonizar imagens para sua marca.“Nesse momento, tivemos que promover uma aproximação, ser mais humanos com os clientes, mostrar que eles são importantes para nós, que não significam só uma venda. A gente parou e falou direto para eles do outro lado da tela”, afirma.  
 
Consciente de que não é blogueira ou influencer, Valeria se dirigiu a esse público como a criadora das coleções da Essenciale, pesquisadora e estudiosa de moda, com autoridade para conversar sobre estilo e oferecer sugestões. “Sou reservada por natureza, mas sinto que tenho credibilidade com quem compra Essenciale quando dou aval para um shape, quando indico uma roupa para determinada ocasião ou digo que ela combina com o tom de pele de uma mulher. Sinto que as minhas escolhas interferem nas compras”.
 
Segundo ela, a humanização da vida on-line foi muito positiva para quem conseguiu fazer isso, as pessoas valorizaram esse comportamento. Para não ficar só na publicação de posts e  storys, Valéria partiu para a ação, materializando essa preocupação com a confecção de máscaras, com as quais presenteou as clientes. Elas receberam o brinde em suas casas, na primeira fase da pandemia. “Queremos vender sim, mas temos uma história maior com eles, com nossos funcionários e fornecedores, todos contam para nós na grande família que é a Essenciale”, reforça.
 
 O resultado dessa movimentação é representada pela coleção Memórias. Para a estilista, durante esse período as pessoas resgataram muita coisa do passado, memórias de infância, de viagens, de momentos felizes. “Elas ficaram mais tempo em casa, abriram os armários e constataram, inclusive, que tinham coisas que não estavam usando. Então, essa coleção é intimista, tem como foco roupas atemporais, duráveis, algodões, para complementar o que já se tem no guarda-roupa.”


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