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Estado de Minas MODA

Reciclagem fashion

Criação de bolsas customizadas no conceito upcycling é a nova proposta da estilista da marca Debora Germani


postado em 15/12/2019 04:00 / atualizado em 13/12/2019 12:47

(foto: Debora Germani/divulgação)
(foto: Debora Germani/divulgação)

Ela se considera uma artesã e é o trabalho manual que sempre distinguiu sua marca desde que deu os primeiros passos em direção à criação de sapatos. Integrante do grupo da geração de sapateiras dos anos 1990, Débora Lúcia Rique Santos é a estilista por detrás da marca Debora Germani, conhecida nacionalmente pela participação em feiras de negócios e por figurar em vitrines de lojas conceituadas em todo o país. A vocação para o artesanato e a curiosidade em aprender fizeram com que ela frequentasse cursos sobre as mais diversas técnicas em madeira, vidro, pintura, flores, cerâmica, o que foi vital para o começo de carreira na antiga feira de artesanato da Praça da Liberdade, berço de muitos fabricantes que se tornariam conhecidos mais tarde, entre eles Getúlio Guimarães, com quem Débora também tem história.
 
Durante muitos anos, levantava-se às 5h no domingo para levar as sandálias que fabricava para serem vendidas no local. O ritual era sagrado. Durante a semana, preparava os cabedais, contatava os sapateiros que colocavam os solados, buscava o material e ia para a feira. “Sempre tive muita destreza manual. Nunca estudei moda, fazia as sandálias usando o meu pé como base. Cortava tudo no ‘olho’ com precisão. Minha produção foi crescendo e, no final, já contava com cerca de 10 sapateiros em diversos pontos da cidade, em um total de 100 pares”, relembra a estilista, que, posteriormente, viria a se profissionalizar e ocupar lugar de destaque no mercado como designer numa parceria com a fábrica de calçados São Manoel.
 
Débora Lúcia Rique Santos é a estilista por detrás da marca Debora Germani(foto: Debora Germani/divulgação)
Débora Lúcia Rique Santos é a estilista por detrás da marca Debora Germani (foto: Debora Germani/divulgação)
 
Assim como iniciou o negócio com os sapatos, a nova aventura de Débora é a criação de bolsas por meio do upcycling, filosofia que começa a ganhar espaço na moda do mundo inteiro. A experiência foi testada com os lojistas pela primeira vez na feira TM, em julho, em São Paulo. “Há cerca de dois anos, comecei um trabalho com sacolas de      praia, mas notei que o preço ficou alto para as vendas no atacado. Fui para o evento Elisa Convida, promovido por Elisa Atheniense, e tive a ideia de fazer as clutches customizadas. Compro as bolsas prontas e as transformo totalmente, tanto no interior como no exterior”, explica.
 
(foto: Debora Germani/divulgação)
(foto: Debora Germani/divulgação)
 
Nessa reciclagem, o que Débora aproveita é somente a armação das peças. No restante, tudo é alterado, a começar pela forração interna, mas é a roupagem externa que reflete a criatividade da estilista. O revestimento envolve vários materiais, da palha trançada ao crochê, do macramê ao couro de cobra, da ráfia ao tecido. O resultado é completamente diferente da versão original. “É isso que garante a exclusividade, já que faço tudo sozinha e cada modelo é único”, garante.
Nesse trabalho, ela usa ráfia, pingentes de seda, resinas, bordados, miçangas em misturas bem dosadas. As alças também são transformadas no processo, ganham correntes entremeadas por fitas, contas lisas misturadas com contas embaladas por crochê, madeira, franjas. “Minha preocupação é equilibrar as matérias-primas e fugir da rusticidade. Para obter sucesso, as bolsas têm que ter uma sofisticação, o que vai valorizá-las e atrair a clientela. Foi o que observei que aconteceu na TM”, pontua.
 
(foto: Debora Germani/divulgação)
(foto: Debora Germani/divulgação)

Pesquisa O passo seguinte foi fazer uma pesquisa entre as lojas que compraram as peças. A aceitação dos consumidores revelou que estava no caminho certo. Mais do que isso, apontou a possibilidade de um negócio próprio, uma vez que na São Manoel ela é responsável apenas pelo estilo. “Pensei que poderia costurar essa história de forma profissional, já que tenho muita facilidade de criar. O desafio é unir a pegada manual com a comercial, mas percebi que posso entrar em um mercado disputado por marcas como a Isla, Serpui Marie, Donna Brasil, que trabalham com acessórios sofisticados, sem entrar na larga escala e para vender no atacado, no regime da pronta-entrega”.
Débora explica que o método aplicado nas carteiras é o mesmo que ela aplica nos calçados. “Sou uma artesã. De certa forma, atuo na mesma base. Na fábrica, sempre coloco os enfeites dos sapatos durante a produção. É nessa etapa que dou o toque final. O mesmo acontece com as bolsas: vou tirando, vou acrescentando, até que acho que o resultado ficou bom”.
 
A pesquisa da estilista, que é formada em história, é bem ampla: por onde vai, seja uma viagem de passeio ou de trabalho, seus interesses são diversos, não se prendem exclusivamente aos pontos de moda ou ao universo shoes. Gosta de olhar tudo: lojas de decoração, de departamento, grandes redes, pontos especializados em bijuterias, onde busca inspiração para os adornos. “A gente não pode fugir totalmente das tendências. É preciso conciliá-las com criatividade, bom gosto, além do custo final da peça, para que as vendas aconteçam”.
 
(foto: Debora Germani/divulgação)
(foto: Debora Germani/divulgação)
Outro ponto a favor, segundo ela, é a valorização do handmade em um momento em que o mercado está saturado da mesmice. “As pessoas estão dispostas a pagar um pouco mais por peças que têm um valor agregado. A história do feito a mão faz parte de um momento cultural em que elas buscam algo diferente”, reflete.

Início Para chegar no patamar em que está, designer de uma marca conceituada com seu nome, referência de moda de Minas, tudo foi se encaixando. Primeiro, a disposição para o trabalho e a vontade de ganhar dinheiro manifestada desde criança, quando brincava de vendinha, montando uma banca no quintal da avó para vender pé de moleque ou queijo. Adolescente, na época do Natal trabalhava em lojas de moda para bancar as férias na praia.
 
A chance profissional surgiu por meio de uma amiga, Regina Lara. Através dela, soube que Getúlio Guimarães, da Getúlio Bolsas, estava precisando de uma estilista, mas o requisito era que soubesse desenhar. Débora não sabia, mas não se acanhou. Levou para a entrevista as sandálias que elaborava. Geni, irmã e sócia de Getúlio, adorou as peças e ela ganhou o emprego. Isso foi em 1989. Era o primeiro contato com uma indústria e se encantou com aquele mundo que se abria à frente. Lá aprendeu tudo: como fazer uma coleção, como criar linhas específicas dentro de uma coleção, como modelar.
 
(foto: Debora Germani/divulgação)
(foto: Debora Germani/divulgação)
Um ano depois, a estilista se achou apta para montar a sua fábrica, a Germani Indústria e Comércio, em sociedade com o marido, André Germani. Mas o negócio, que durou de 1995 a 1997, não deu certo – ele voltou para a engenharia florestal, enquanto ela buscava um novo caminho.
 
A próxima experiência seria positiva. Um acaso a levou até a fábrica São Manoel, que buscava oportunidades para entrar no mercado interno. A parceria deu certo e dura até hoje. As sandálias rasteiras do início, realçadas por miçangas, madeiras e fibras naturais, ainda ocupam grande espaço nas coleções, mas os modelos sofisticados, enfeitados com pedrarias, resinas e acrílicos, também têm espaço. Bordados e muita cor fazem parte do estilo da Debora Germani. A linha de produtos inclui ainda saltos médios e sapatilhas, em um grande mosaico de opções e com toque genuinamente pessoal. “O nosso alvo é o dia a dia. Buscamos, sobretudo, o conforto”, assegura.


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