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Let's move on!

Pertenço a uma geração que tem horror de pagar mico


postado em 23/06/2019 04:07

Motivação. Termo da moda que me faz lembrar daquele tipo de palestra que algumas pessoas são obrigadas a assistir quando a empresa na qual trabalham decide investir na formação de seu corpo técnico com um olho no lucro financeiro e o outro no desenvolvimento pessoal de seus funcionários.


Me lembra também o caso de um cachorro que escutei certa vez. O bicho gemia dia e noite encostado em seu canto. Como nenhuma das pessoas ao redor dava confiança a todo aquele lamento, um transeunte ocasional perguntou a quem estava por perto: O que há com ele? Está assentado em cima de um caco de vidro, ouviu a resposta. Mas, então, porque ele não se levanta? Aprofundou a conversa achando que talvez o cachorro tivesse alguma dificuldade de locomoção. É porque a dor não é suficiente para fazê-lo sair do lugar.


Confesso que me posicionei assim, até dois meses atrás, em relação ao inglês. Desde o final de minha adolescência entrei e sai de tudo quanto é tipo de curso de línguas. Dos baratos aos mais caros, dos para universitários aos oferecidos por redes de escolas especializadas espalhadas pelo Brasil afora.


A última vez que me matriculei em um foi para fazer a prova de proficiência necessária para cursar tanto o mestrado quanto o doutorado. O objetivo era ler e interpretar o texto de forma que eu fosse capaz de responder, em português, as perguntas. Deu resultado. Até porque ler não era o maior problema. O mesmo não posso dizer de falar e escrever.


Pertenço a uma geração que morre de vergonha de pagar mico falando errado ou feito “índio”. Mesmo com os filhos morando em nações de língua inglesa, visitando-os sempre que possível, me deparando com situações que me exigem o conhecimento do idioma, dava razão ao provérbio: “Burro velho não toma andadura”.


Até que ... Pois é. O caco de vidro começou a me incomodar e muito, no dia em que comprei minha passagem para o Malawi, ex-colônia britânica na África, onde vou numa caravana da Fraternidade Sem Fronteiras. Meu Deus! Isto não é uma viagem de turismo, pensei. É uma missão humanitária!


Seria tão bom se eu pudesse me fazer entender pelas pessoas da comunidade, assim como entender o que elas dirão. Na verdade, terei muito menos o que dizer a elas e muito o que ouvir. Porque se elas pensam que estou indo para socorrê-las de sua pobreza, estão enganadas. Será o inverso.


Me bateu uma tristeza profunda e um enorme sentimento de culpa de ter desperdiçado tanto tempo e condição de aprender. E foi no meio deste turbilhão que passei a mudar meu ângulo de percepção. Se eu chegar perto da idade de meu pai e de minha mãe hoje, ainda viverei mais de 30 anos. É muito tempo! Mais do que o suficiente para aprender e exercitar a língua, me fazer entender e compreender inclusive as gírias e expressões de qualquer grupo.


Então, let’s move on, Patrícia! Enfiei a cara nos estudos, passo horas assistindo palestras do Ted Talk, ouvindo música enquanto leio suas letras, assistindo a filmes com legenda em inglês, respondendo exercícios pela internet ou no velho e bom caderno de papel assim como fazendo conversação. E o tempo para isso? Quando temos motivação para sair do lugar, conseguimos perceber com mais clareza o que ocorre ao nosso redor de forma que aprendemos a aproveitar de fato cada minuto. Claro que não tenho a ilusão de que chegarei lá falando e entendendo tudo e todos. Mas dei o primeiro passo e isso fará muita diferença.


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