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Estado de Minas CARBONO

Fifa é acusada de 'greenwashing' por Copa do Mundo no Qatar; entenda

Regulador de publicidade suíço critica Fifa por falta de provas e evidências confiáveis em relação à compensação de emissões de CO2 no torneio de 2022


07/06/2023 19:08 - atualizado 07/06/2023 19:58
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Copa
Fifa declarou que a Copa seria um evento neutro em carbono. (foto: Divulgação)
A Swiss Fairness Commission, órgão regulador de publicidade da Suíça, concluiu que a Fifa enganou os consumidores ao declarar que a Copa do Mundo de 2022 no Qatar seria o primeiro evento 'completamente neutro em carbono'. Essa é mais uma crítica contra o 'greenwashing', prática de promover a imagem de sustentabilidade sem comprovação adequada. A Fifa, que faz parte do esporte para o clima da ONU, não apresentou 'evidências confiáveis de como as emissões de CO2 geradas pelo torneio seriam compensadas conforme os padrões suíços'.

A entidade afirmou que toda a poluição relacionada às viagens, hospedagens, alimentação e bebidas dos portadores de ingressos, estimada em 3,63 milhões de toneladas de CO2, seria compensada. No entanto, o órgão regulador suíço considerou esse cálculo inverificável. A decisão exige que a Fifa se abstenha de fazer tais alegações, a menos que possa fornecer 'prova completa do cálculo de todas as emissões de CO2 causadas pelo torneio e prova de que essas emissões foram totalmente compensadas'.

As compensações de carbono, um método controverso de reduzir a poluição por carbono, têm sido criticadas devido à dificuldade de medição e verificação. Reclamações sobre as alegações da Fifa foram feitas no Reino Unido, França, Suíça, Bélgica e Holanda em novembro, quando os reguladores de publicidade encaminharam o caso ao regulador suíço, onde a Fifa está localizada. Frank Huisingh, da Fossil Free Football, organização responsável pela denúncia na Holanda, afirmou que a Fifa deveria adotar ações climáticas confiáveis, como romper relações com grandes poluidores, como seus patrocinadores QatarEnergy e Qatar Airways.

A análise da Carbon Market Watch, grupo independente sem fins lucrativos, revelou que a Fifa compensou menos da metade do necessário para sustentar a alegação de neutralidade em carbono. Uma das iniciativas propostas pela Fifa e pela Copa do Mundo do Qatar para compensar metade das emissões era uma usina solar, que não parecia estar registrada em um padrão nem certificada por terceiros.

A Fifa anunciou suas reivindicações de neutralidade em carbono em seu site e redes sociais, visando o público internacional. A entidade argumentou que as informações não tinham intenção comercial, mas sim de transparência. Na visão da Fifa, 'os consumidores não foram induzidos ao erro pelas alegações contestadas', e a organização está 'ciente de que as mudanças climáticas são um dos desafios mais urgentes do nosso tempo, por isso, tem feito esforços consideráveis para combater os efeitos negativos do torneio e maximizar seus impactos positivos'.

Essa decisão é mais um episódio controverso envolvendo a escolha do Qatar como sede da Copa do Mundo desde 2010, com acusações de suborno e 'lavagem esportiva' de seu histórico de direitos humanos, incluindo o tratamento de trabalhadores migrantes. Andrew Simms, diretor do New Weather Institute, organização que apresentou a queixa do Reino Unido contra a Fifa, disse: 'O esporte continua sendo usado como um outdoor gigante pelos maiores culpados das mudanças climáticas para promover produtos e estilos de vida poluentes, ameaçando o futuro de atletas, torcedores e do próprio esporte'.

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