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Estado de Minas ADEUS AO ÍDOLO

Futebol perde um ícone

Ícone da história do América, Jair Bala morreu em decorrência de um AVC. Além dos gramados, ele se notabilizou como comentarista do "Alterosa Esporte"


28/12/2022 04:00 - atualizado 27/12/2022 23:10

Jair Bala na Bancada Democrática
Na Bancada Democrática do programa "Alterosa Esporte", Jair Bala (C) falava sobre o América com a autoridade de ex-craque do futebol e uma boa pitada de humor (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press 6/9/19)


O futebol mineiro está mais triste, com a perda de um ídolo e comentarista que conseguia arrancar risadas até do torcedor mais sisudo. Morreu ontem, aos 79 anos, o ex-atacante e ex-treinador Jair Bala, considerado o maior ídolo do América. Nos últimos anos, ele precisou ser internado várias vezes em decorrência de infecções pulmonares. A morte foi causada por um acidente vascular cerebral (AVC).

Desde a década de 2000, Jair Bala participava da Bancada Democrática do programa “Alterosa Esporte”, da TV Alterosa, onde representava o América. Com conhecimento de futebol, irreverência, histórias mirabolantes e comentários bem-humorados, o ex-jogador conseguia cativar qualquer torcedor, independentemente do clube de coração.

Natural de Cachoeiro do Itapemerim (ES), o ex-atacante deu seus primeiros passos no futebol com a camisa do Estrela do Norte. Passou também por Flamengo – onde ganhou o célebre apelido –, Botafogo, Comercial-SP, Ponte Preta, Cruzeiro, Palmeiras, XV de Piracicaba, Santos, Bahia e Paysandu. Entretanto, foi no Coelho que o centroavante viveu o melhor momento de sua carreira.

Foram duas passagens pelo alviverde: a primeira, entre 1964 e 1965, e a segunda, de 1970 a 1971. Em ambas, Jair Bala conquistou o posto de artilheiro do Campeonato Mineiro, com 25 e 14 gols, respectivamente.

Ao todo, foram 78 gols em 144 jogos com a camisa do Coelho. Os gols fizeram dele o sexto maior artilheiro da história do clube.

Sua magia dentro dos gramados rendeu crônicas de diversos gênios da escrita, tais como Nelson Rodrigues e o ex-colunista do Estado de Minas Roberto Drummond.

“Se Jair fosse simplesmente Jair, estaria apodrecendo na obscuridade. A toda hora, em toda parte, nós esbarramos, nós tropeçamos num Jair qualquer. Desde o primeiro minuto do jogo, foi uma arma apontada para o peito do inimigo. E todos percebemos que nunca um Jair fora tão bala. É a autenticidade dos apelidos, que nunca existe nos nomes”, declarou Nelson Rodrigues, em 1963, a respeito do talento de Jair Bala.

História curiosa

Na crônica, Nelson Rodrigues faz referências ao apelido de Jair Bala. A história curiosa deste nome aconteceu em 1960, quando o então Jairzinho foi ao escritório das categorias de base do Flamengo para pedir um “bicho” (premiação que os jogadores e comissão técnica recebem ao vencer jogos). Willian, funcionário do clube rubro-negro, empunhou uma arma para, numa brincadeira, tentar fazer o garoto mudar de ideia.

No entanto, ao abaixar o revólver, houve um disparo acidental e a bala tocou no solo antes de acertar a coxa esquerda do jovem jogador. Os médicos acharam por bem não retirar o projétil, já que não havia atingido nenhum órgão vital.

Aposentado dos gramados desde 1973, Jair Bala foi treinador de futebol e funcionário público de BH. À beira do gramado, ganhou a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro com o Londrina, em 1980. É o terceiro treinador que mais dirigiu o América, com 232 jogos.
 
Jair Bala em lance de jogo do América contra o Cruzeiro
Considerado o maior ídodo do Coelho, Jair Bala dava muito trabalho aos rivais mineiros, como o Cruzeiro. Além de jogador, ele também atuou como técnico do América (foto: Arquivo EM/D.A Press - 11/06/1971)
 

América lamenta

Em nota, o América lamentou o falecimento de Jair Félix da Silva, o eterno Jair Bala. O texto diz que ele iniciou sua trajetória no clube em 1964. Logo em seu primeiro ano, foi o artilheiro do Campeonato Mineiro e desfilou todo o seu talento.

Em sua segunda passagem, já no início da década de 70, deixou o nome eternizado na história ao ser o craque da inesquecível conquista invicta do Estadual de 1971.

Após a vitoriosa carreira como jogador, marcada também pela parceria com o Rei Pelé, no Santos, Jair Bala também contribuiu com o futebol na função de treinador.

Nos últimos anos, Jair Bala vinha lutando contra sua doença e, recentemente, estava internado no Hospital Felício Rocho, em BH, após sofrer um AVC. O ídolo esteve em coma nesse último mês e, ontem, não resistiu.

Jogadores rezam

Antes do início do treinamento de ontem, os jogadores do América rezaram em nome de Jair Bala no campo principal do CT Lanna Drumond. Em discurso, o volante Juninho, capitão do time, desejou forças aos familiares.

"Pedir para Deus fortalecer os familiares agora. Que eles possam sentir a energia que vamos passar através da nossa oração. Costumo falar que, às vezes, fazemos uma oração da boca para fora, mas, quando temos realmente a intenção, de coração, ela tem poder de transformar. Então, que possamos fazer essa oração pela família dele, e que eles possam receber essa energia", discursou Juninho.

Passagem pelo Cruzeiro

O Cruzeiro também lamentou a morte do ex-jogador e ex-técnico Bala. Como atleta, ele atuou pela Raposa em 1967. Já como treinador, comandou a equipe celeste por 32 jogos, em 1986.

“Lamentamos o falecimento de Jair Bala, uma das grandes referências na história do futebol mineiro. Aos familiares, amigos e fãs, desejamos força neste momento de dor”, escreveu o Cruzeiro nas redes sociais.

Como jogador, Jair Bala tem registrado apenas um jogo com a camisa celeste. De acordo com o Cruzeiropedia, ele participou da vitória celeste por 2 a 0 sobre o Uberlândia, em outubro de 1967, pelo Campeonato Mineiro.


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