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Estado de Minas CATAR 2022

Herói da conquista argentina

Messi, que em 2016 ameaçou não vestir a camisa da alviceleste agora simboliza a redenção dos argentinos, que aguardaram 36 anos para voltar a vencer um Mundial


19/12/2022 04:00

Lionel Messi levanta a troféu de campeão
Messi levanta a troféu de campeão, símbolo que encerra de vez a desconfiança e os adjetivos pejorativos recebidos por suposta falta de intensidade em campo (foto: KUDRYAVTSEV / AFP)


Enviado especial ao Catar

Lionel Andrés Messi Cuccittini, de 35 anos, é daqueles raros casos em que o distanciamento não se faz tão necessário para se reconhecer o significado histórico de alguém. Talvez porque, ao fim de tudo, o futebol seja isto: emoções. E nenhum povo viveu esta Copa do Mundo tão à flor da pele como o argentino. Mais que números, recordes e troféus, Leo simboliza a redenção emocional de uma nação que tanto chorou as derrotas das últimas décadas e que tão ansiosamente aguardou o fim do jejum de 36 anos em Mundiais. Mas nem sempre foi assim.

Não faz muito tempo que Messi era visto com certa desconfiança pelo povo do seu país. O expoente de uma talentosa geração muitas vezes foi considerado “pecho frío”, adjetivo pejorativo àqueles que não sentem o jogo com a intensidade devida. Para os críticos, era fácil explicar. Afinal, Messi crescera longe da pátria, não cantava o hino nacional e jamais seria o que é Diego Maradona. O eterno 10 foi exatamente o oposto, com uma capacidade sem igual de despertar nos outros os sentimentos mais profundos.

Nesses tempos, a idolatria de Messi na Argentina se justificava pelos números. Como não amar um jogador que conseguiu tanto? Bolas de ouro, artilharias, gols antológicos, títulos dos principais torneios de clubes do planeta… Mas ainda faltava algo.

A construção do ídolo na América do Sul, especialmente na Argentina, não obedece unicamente a padrões estatísticos ou à racionalidade. É preciso mais. É necessário sentir, viver e colocar em campo um jogo que reflita a paixão de um povo.

Timidamente, Messi entendeu o que lhe faltava. A reconstrução começou anos antes da glória máxima no Catar. Assumiu a braçadeira de capitão e o papel de líder de uma equipe que aprendeu a admirá-lo. Messi jogava pela Argentina, e a seleção passou a jogar por ele.

Em sintonia, buscaram os títulos da Copa América de 2021, contra o Brasil, no Maracanã, e da finalíssima deste ano, diante da França. Mas a nova versão de Messi, fora e dentro de campo, se consolidou mesmo no Catar.

A relação com a torcida se tornou mais estreita que nunca. Fisicamente, não havia tanto contato. Mas a “argentinidade” do craque o aproximou das arquibancadas e o saudavam a cada jogada genial. E foram muitas no Catar. Mesmo na reta final da carreira, Messi participou de todos os minutos jogados pela Argentina nas sete partidas. Sempre titular e nunca substituído. Em campo, conquistou com justiça o prêmio de melhor jogador da competição. Marcou sete gols e distribuiu três assistências. Foi decisivo a cada instante, inclusive na final contra a França.

Fora dos gramados, até mesmo os episódios polêmicos lhe favoreceram, como o “Qué mirás, bobo? Andá p'allá” ao holandês Wout Weghorst e as mãos nos ouvidos em resposta a Louis van Gaal. “Messi está Maradoneando”, diziam.

Com essa nova face, conquistou a glória máxima e todo um país. Em nome de Diego, eternizou-se na galeria dos campeões mundiais, para a sorte da Copa do Mundo e do próprio futebol.


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