
As portas do ensino técnico ainda estão fechadas para a imensa maioria dos brasileiros. Em todo o país, pouco mais de 15% dos jovens matriculados no nível médio estão na educação profissional. Em Minas, o abismo que separa os alunos dessas escolas também é grande. No segundo estado em número de estudantes e de cursos profissionalizantes – atrás apenas de São Paulo –, há 129,7 mil pessoas com vaga garantida nas instituições consideradas passaporte para o mercado de trabalho. Esse contingente representa somente 17,8% dos mais de 730 mil alunos do ensino médio.
O incentivo à rede privada se justifica pelos números. De acordo com o último censo, 56,5% das vagas de educação profissionalizante estão concentradas nas escolas particulares e os 43,5% restantes, nas instituições federais, estaduais e municipais. Apesar da prevalência da iniciativa privada no ensino técnico, a expansão da rede pública é uma realidade no país. Na última década, foram inauguradas 214 unidades dessa modalidade de educação, ampliando em mais de 110% a oferta de vagas nesse período. Atualmente, há 81 instituições em construção no país.
Aluno do ensino técnico há três anos, Luiz Fernando Alves Botelho, de 18 anos, faz planos para trilhar uma carreira de sucesso. Depois de se formar no nível médio integrado ao curso de mecânica industrial do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), ele pensa em entrar na universidade e se transformar em engenheiro mecânico. “Minha mãe não pôde estudar e sempre quis que eu tivesse um futuro diferente. Ela me ensinou que a boa formação é o primeiro passo para o mercado de trabalho. Por isso, batalhei para aproveitar melhor meu tempo e usar os anos de estudo do ensino médio para conquistar também uma profissão”, diz Luiz Fernando.
Bolsista de iniciação científica júnior do Cefet-MG e monitor do Laboratório de Fundição da escola, o estudante vê com bons olhos os investimentos no nível técnico. “Esse é um caminho interessante de oportunidades para a juventude e acho que o governo deveria investir nas escolas já consolidadas, que têm qualidade reconhecida.”
