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Estado de Minas GESTÃO DE PESSOAS

Ansiedade no trabalho: falta de empatia e de escuta são os responsáveis

Pesquisa inédita da Aberje aponta que 52% das pessoas sofrem de ansiedade no ambiente de trabalho. Cansaço foi um dos estados emocionais mais destacados


02/02/2021 15:00 - atualizado 04/02/2021 11:01

Além da ansiedade, o cansaço foi um dos estados emocionais mais apontados na pesquisa(foto: Pete Linforth/Pixabay )
Além da ansiedade, o cansaço foi um dos estados emocionais mais apontados na pesquisa (foto: Pete Linforth/Pixabay )


Colaboradores se sentem mais conectados aos colegas de trabalho do que à liderança da empresa e isso gera ansiedade. Isso ocorre porque a proximidade é que gera conexão. A falta dela, e de tudo o que vem junto como empatia e escuta ativa, acaba provocando sentimentos negativos no ambiente de trabalho, como frustração, cansaço e desânimo.

Esta é uma das conclusões da pesquisa inédita Comunicação Não Violenta nas Organizações no Brasil lançada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).

Aplicada nas cinco regiões do Brasil em empresas nacionais e multinacionais de pequeno, médio e grande portes, de quase todos os setores da economia, a pesquisa retrata a forma como 327 profissionais percebem a prática dessa abordagem a partir de cada um dos tópicos elencados em quatro níveis diferentes: Minha Equipe, Meus Pares, Liderança e Empresa.

Os pesquisados elencaram as emoções que sentiam com mais frequência no ambiente de trabalho. Dos 10 estados emocionais mais assinalados, cinco correspondem a sentimentos ligados às necessidades não atendidas, sendo que os dois mais identificados são ansiedade e cansaço, com 52% e 47% respectivamente, seguidos de apreensão, desânimo e frustração.

Um fator que pode explicar esses resultados é a falta de empatia, que aparece na pesquisa como prática importante para 89% dos colaboradores. Quando as necessidades são atendidas, os sentimentos que surgem são despreocupação, segurança, calma, realização e satisfação, ou seja, os menos mencionados na pesquisa.

Tema pede reflexão mais aprofundada

Conduzida por Leonardo Müller, economista e doutor em filosofia pela USP, e Carlos Ramello, consultor de RH e de desenvolvimento organizacional, ambos colaboradores da Aberje, a pesquisa visa iniciar uma reflexão mais aprofundada sobre algumas dimensões corporativas que são aspectos trabalhados nos projetos de Comunicação Não Violenta (CNV), metodologia que promove a comunicação eficaz e empática e estabelecer pontes de diálogo em um mundo cada vez mais centralizado.

Estamos muito deficitários emocionalmente. Muitos não sabem identificar as suas necessidades, por isso não buscam atendê-las. Um dos caminhos para reconhecer as próprias necessidades é o autoconhecimento, que pode vir por meio de terapia, de meditação e do aprendizado da Comunicação Não-Violenta (CNV), que é uma ferramenta incrível para melhorar as conexões pessoais e profissionais

Pamela Seligmann, consultora e professora na Escola Aberje de Comunicação

O estudo contou com a curadoria da especialista em CNV Pamela Seligmann, consultora e professora na Escola Aberje de Comunicação.

Os pesquisadores esclarecem que não se trata de uma pesquisa sobre o uso da CNV propriamente dita porque isso pressuporia que as organizações já a praticam. O que foi investigado é o quanto as pessoas, equipes e lideranças têm consciência do valor e quanto praticam alguns dos componentes mais importantes dessa metodologia: empatia, escuta, observação, sentimento, atendimento de necessidades, formulações de pedidos, responsabilização e tratamento de conflito.

"A partir dessas oito dimensões, foram elaboradas as perguntas. A ideia era que as pessoas pudessem nos contar como elas percebem a organização onde trabalham quanto à qualidade de escuta, ao atendimento de suas demandas, se há uma comunicação baseada em fatos e dados ou em julgamentos e como lidam com conflitos", explica Pamela.

Outro aspecto da pesquisa diz respeito à congruência entre as respostas e o que é percebido quando se transita nas organizações. "É curioso ver que alta importância de escuta recebe um índice de 54% quando se avalia a ‘minha equipe’ e de 35% quando se trata da ‘empresa’. Se tomarmos as perguntas em separado, na questão sobre a escuta ativa, na avaliação da ‘minha equipe’ o índice de alto incentivo é de 49% e de 34% quando se trata da ‘empresa’. Para quem, como eu, que diariamente constata o quão pouco as pessoas de fato praticam a escuta ativa, esse resultado é surpreendente", analisa Pamela.

Padrão que se repete

Na análise de Pamela Seligmann, há um padrão que se repete e que "talvez seja a informação mais relevante da pesquisa" pois, na grande maioria das respostas, os índices referentes à ‘equipe’ são significativa e sistematicamente superiores aos demais (meus pares, liderança, empresa).

"Quanta conexão uma pessoa sente com a ‘empresa’ se comparado com ‘minha equipe’? Podemos pensar que proximidade gera conexão? Provavelmente, sim. Então, o que uma liderança precisa fazer/comunicar para que as pessoas se sintam tão próximas e conectadas quanto se sentem com sua própria equipe?", provoca.

Pesquisas motivacionais apontam que 92% das pessoas em todo o mundo se vitimizam e não assumem a responsabilidade do que acontece com elas.

"A Comunicação Não Violenta tem como princípio a responsabilização, o que significa que ninguém te obriga a sentir nada, trata-se das suas expectativas. Isso é realmente um trabalho interno, de autoconhecimento. O pensamento básico de todo mundo é o seguinte: se algo de ruim acontecer comigo, vou buscar a culpa fora. As pessoas devem ter uma postura mais adulta diante de suas escolhas", salienta a consultora.

"Estamos muito deficitários emocionalmente. Muitos não sabem identificar as suas necessidades, por isso não buscam atendê-las. Um dos caminhos para reconhecer as próprias necessidades é o autoconhecimento, que pode vir por meio de terapia, de meditação e do aprendizado da Comunicação Não Violenta, que é uma ferramenta incrível para melhorar as conexões pessoais e profissionais", recomenda a especialista.

Pamela revela que, quando a pesquisa começou a ser elaborada, a equipe se deparou com uma dificuldade: os paradigmas de levantamentos habituais não se encaixavam na linguagem e no modelo da CNV. Além disso, os pesquisados precisavam ter um bom nível de autopercepção e de percepção do outro e do ambiente.

"Precisávamos fazer com que as pessoas se conectassem com os assuntos da própria pesquisa, o que, de alguma forma, já era um diagnóstico interventivo, pois ao mesmo tempo que tentava colher dados da organização, já estava impactando o indivíduo que participava dela, fazendo com que tivesse que olhar para si mesmo e para outros em aspectos não habituais de atenção e reflexão", ressalta.
 
E para saber mais sobre a Aberje: https://www.aberje.com.br/ 


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