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Estado de Minas TRANSFORMAÇÃO

O projeto que impacta o futuro de estudantes da rede pública

Além de ser um evento que promove palestras com pessoas importantes, o Crie o Impossível já investiu mais de R$ 1 milhão em bolsas de estudos


14/05/2022 07:00 - atualizado 14/05/2022 07:57

Da esquerda para a direita: Alexander Santana, Kimberlly Vertelo e Yara Borher
Os estudantes Alexander Santana, Kimberlly Vertelo e Yara Borher foram alguns dos alunos que conquistaram bolsas de estudos pela iniciativa (foto: Leandro Couri/E.M/D.A Press)
O Crie o Impossível é uma iniciativa que busca estimular os alunos do ensino médio de escolas públicas a investirem em seu potencial. O evento, que está na sua 4.ª edição, além de apresentar 11 palestras de profissionais que trazem representatividade para os estudantes — por terem origem semelhantes às deles —, incentiva  também os jovens a participar da jornada Empower, onde eles podem identificar e resolver problemas de suas escolas e comunidades. 

Este ano, a atividade idealizada pela ONG belo-horizontina Embaixadores da Educação, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), acontecerá no dia  3 de junho, das 8h às 12h, em Porto Alegre (RS), no Estádio Beira-Rio. A expectativa é receber mais e 10 mil alunos da rede pública de ensino. 

Além disso, pela primeira vez, o evento será transmitido ao vivo em escolas públicas de todo o Brasil para cerca de 100 mil estudantes. Instituições da rede interessadas em veicular o Crie o Impossível 2022 podem se inscrever gratuitamente pelo site

Os projetos da Empower, nesta edição, devem atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e, ao final da jornada, os alunos destaques receberão mais de R$ 10 milhões em bolsas de estudo integrais para aprender inglês, fazer intercâmbio e cursar uma faculdade. O projeto já investiu, até o momento, mais de R$ 1 milhão na educação dos participantes. 

Ação transforma a vida dos alunos 

Alexander Santana da Silva, 21, participou da primeira edição do Crie o Impossível, em 2018. Na época, o aluno do curso de engenharia civil na UFMG, estudava na Escola Estadual Domingos Ornelas, em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte.

O estudante concorreu a uma bolsa de intercâmbio no Canadá para poder estudar inglês. “Eu participei de quatro etapas. Na primeira, precisei escrever uma redação sobre o que eu aprendi no Crie Impossível 2018. Os melhores textos foram selecionados e eles avaliaram o nosso nível de inglês. Após um mês, era necessário retornar demonstrando um avanço no idioma por conta própria. Comecei a assistir vídeos, estudar por meio de plataformas gratuitas, ler textos e dicas na internet e, até mesmo, mudei o idioma do celular”, explicou.

Alexander conta que o seu nível de inglês não era nem o básico, mas, após estudar o mês inteiro, conseguiu evoluir o seu conhecimento na língua, sendo um dos dez selecionados com melhor desempenho. “Na última etapa, eles fizeram uma entrevista com questões sobre as minhas expectativas de futuro e o meu interesse em ganhar a bolsa. Passaram umas horas, e eu recebi a ligação informando que ganhei. No momento, fiquei super feliz, cheguei a pular de tanta felicidade, pois não acreditei”, disse. 

O aluno de engenharia viajou em outubro de 2019, ficando um mês no Canadá. Ao retornar, ele também ganhou uma bolsa em um curso de idiomas, onde estudou por dois anos. “Foi a melhor experiência da minha vida, uma alegria imensa. Por isso, o Crie o Impossível é muito importante, pois o projeto motiva o jovem a não desistir dos seus estudos, sobretudo os estudantes da rede pública, que, na maioria das vezes, enxergam o ingresso numa faculdade como um sonho distante. Não podemos desistir da educação”, afirmou.

Outra estudante destaque foi Yara Bohrer, 20, e finalista na 2.ª e 3.ª edição.  Na época, a aluna de psicologia estudava na Escola Estadual Ilacir Pereira Lima, no Bairro Cachoeirinha, região noroeste da capital. 

Yara conta que, na primeira vez que participou do evento, em 2019, foi uma das responsáveis por criar composteiras em sua escola. “Recolhíamos todo o material orgânico descartado pela cantina, como casca de ovos, frutas e legumes, e guardávamos nessas composteiras, no intuito de criar um fertilizante natural. Este era utilizado em uma pequena horta que fizemos na escola. Então, ao invés de jogar no lixo os resíduos, reaproveitávamos”, explicou.

No ano seguinte, por gostar da experiência vivenciada no Crie o Impossível, a jovem e também outros colegas criaram o aplicativo “Save Money”, com objetivo de oferecer educação financeira aos alunos da rede pública. “Não conseguimos desenvolvê-lo, pois necessitava de algumas expertises que não tínhamos, como programação. No entanto, conseguimos criar um projeto que conseguiria auxiliar esses estudantes na organização financeira”, disse.

Pelas iniciativas, ela conquistou uma bolsa de estudos integral no curso de Psicologia na Faculdade Arnaldo, em BH, onde estuda atualmente. Além disso, ela conseguiu uma indicação para participar de um processo seletivo na startup Meethub, parceira da Crie o Impossível. Agora, ela atua como Community Manager na empresa. 

“O projeto é algo transformador, pois mudou totalmente a minha vida e foi um divisor de águas. Alunos de escola pública, geralmente, ao longo do percurso escolar, costumam acreditar que não é possível alcançar o sucesso, já que tudo é mais difícil, por conta do network e das oportunidades. Porém, o Crie o Impossível desmistifica isso e mostra que várias pessoas, também da rede pública, conseguiram se destacar”, afirma Yara.  

De acordo com ela, é muito importante que os professores e as escolas cadastrem seus alunos, pois é uma ótima oportunidade para adquirir estímulo. “Para além de inspiração, o projeto me ofereceu ferramentas para mudar a minha história. Incentivo que todos que puderem participem do evento, já que é uma experiência sensacional, e quero que a vivência de outros jovens também seja transformada”, ressalta.

Kimberlly Vertelo, 19, também atuou nos mesmos projetos, na 2ª e 3ª edição do Crie o Impossível. A ex-aluna da Escola Estadual Deputado Álvaro Salles, no Bairro Trevo, região da Pampulha da capital, conseguiu uma bolsa integral no curso de Direito, na Faculdade Arnaldo, onde estuda atualmente. 

Segundo Kimberlly, quando participou, a expectativa era muito grande, pois muitas pessoas, como amigos e familiares, acreditaram nela. “Penso que todos os jovens da rede pública deveriam estar participando do evento. Isso porque o Crie o Impossível traz a oportunidade de não somente resgatar, mas viver os nossos sonhos”, explica.

Assim como Alexander e Yara, ela garantiu que irá assistir à edição deste ano e torcer para que todos os participantes alcancem o sucesso que esperam. “Algo que carrego comigo, após viver a experiência, é sempre acreditar na nossa intuição sobre o sucesso e na física quântica”, disse.  
 
Da esquerda para a direita: Yara Borher, Kimberlly Vertelo e Alexander Santana
Alunos afirmam que o Crie o Impossível transformou a vida e o futuro deles (foto: Leandro Couri/E.M/D.A Press)
 

Expectativas para o evento deste ano são grandes 

A Diretora da Escola Estadual Santo Antônio, em Miraí, Zona da Mata de Minas Gerais, Renata Capobiango afirma que é o segundo ano que inscreve a instituição no evento. “O nosso intuito é oferecer aos nossos alunos novas possibilidades, além daquelas já promovidas pela escola. Como estamos localizados em uma cidade muito pequena, e os estudantes têm pouco contato com oportunidades como essa, queremos dar esse novo olhar para eles”, explicou.

No ano passado, a escola também esteve entre uma das equipes de destaque, sendo que a aluna Priscila Brito conseguiu ser finalista com um projeto que investigava a evasão escolar. Ao descobrir que muitos alunos não conseguiam entregar as atividades escolares porque não tinham a ajuda dos pais, identificou também que estes eram analfabetos. Assim, ela criou o projeto de alfabetização de adultos Unidos Educação Miraí, realizado em parceria com a prefeitura da cidade, que impactou mais de 2 mil pessoas

A estudante também concorreu ao  Prêmio Prudential Espírito Comunitário e recebeu uma homenagem no telão na 5ª avenida em Nova York. “A nossa aluna foi homenageada pelo Governador de Minas e também no exterior, sendo frutos colhidos pelo Crie o Impossível. Isso gerou um impacto muito grande na instituição, pois abriu diversas oportunidades para todos os envolvidos”, ressaltou a diretora.
 

Segundo Guilhermina Abreu, cofundadora e CEO do Embaixadores da Educação, após duas edições na capital mineira, o alcance da experiência remota deu a certeza de que o evento precisa ser transmitido nacionalmente. 

“Em 2020, alcançamos cidades muito pequenas e afastadas dos centros urbanos, onde as oportunidades são ainda menores. Começamos o projeto com uma turma de 40 alunos e nos sentimos muito realizados, por, hoje, impactar todo o Brasil. Nossa missão é impulsionar os alunos da rede pública a se tornarem empreendedores e protagonistas, fazendo com que esses cases sejam regras e não exceção”, afirmou. 

O diretor-superintendente do Sebrae, André Vanoni de Godoy, também acredita no potencial do evento para gerar transformação na vida de milhares de estudantes. "A importância do Crie o Impossível está em mostrar que o impossível pode ser um limite ou pode ser um ponto de partida. E criar o impossível é uma escolha, não um destino", ressalta.

Nas últimas três edições, o Crie o Impossível alcançou 50 mil estudantes de escolas públicas de três mil municípios de todo o Brasil, com mais de 170 mil acessos na edição remota, em 2020, transmitida pelo canal oficial do TikTok Brasil e pelo canal da ONG no YouTube

Já estiveram no palco do evento o produtor, diretor de criação e empresário KondZilla, a primeira mulher negra a ocupar a posição de CEO na Lacoste, no Brasil, Rachel Maia, o rapper Emicida, a executiva da Google Lisiane Lemos, o fundador do jornal Voz das Comunidades Rene Silva e a médica e vencedora do BBB 2020 Thelma Assis. 
 

Plataforma Empower 

Durante a jornada Empower, que ocorre após o evento do Crie o Impossível, os estudantes têm acesso à plataforma homônima que auxilia na investigação e solução de problemas na escola e na comunidade. 

São apresentados aos alunos uma série de desafios que podem ser uma realidade, como professores desestimulados, participação da família, bullying e discriminação, segurança, falta de recursos e evasão escolar. Após identificar o problema, o estudante organiza suas ideias na plataforma e convida colegas para participarem do projeto, dividindo tarefas e definindo prazos de entrega para a conclusão dele.

Sobre o Embaixadores da Educação 

A ONG criada como um coletivo em 2013, em Belo Horizonte, foi formalizada em 2017, e, até 2021, já impactou mais de 50 mil alunos da rede pública brasileira. A missão da instituição é impulsionar estudantes do Ensino Médio a se tornarem realizadores e protagonistas de suas próprias histórias. Anualmente, é feito o evento Crie o Impossível e a jornada Empower, que visa o apoio ao desenvolvimento de projetos educacionais criados pelos alunos. 
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Diogo Finelli


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