Notas de dólar

Moeda norte-americana chegou ao menor patamar desde 20 de abril de 2022

Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
O dólar fechou o pregão em queda nesta quarta-feira (26/7) e renovou as mínimas em mais de um ano, após a decisão da Fitch de elevar a nota de crédito soberano do país para BB. A moeda norte-americana encerrou os negócios em baixa de 0,44%, a R$ 4,7280 na venda, no menor patamar desde 20 de abril de 2022 (R$ 4,619).

 

Na Bolsa de Valores, o Ibovespa engatou a quinta alta seguida e subiu 0,45%, aos 122.560 pontos, no maior patamar desde 9 de agosto de 2021 (123.019 pontos). Segundo a Fitch, a decisão reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado e a agenda de reformas, com o avanço da Reforma Tributária e do arcabouço fiscal no Congresso no governo Lula, e a reforma da Previdência e a independência do BC (Banco Central) nos anos anteriores.

"O Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar os desafios econômicos e fiscais", diz a agência em relatório.


No mercado internacional, a atenção dos investidores se voltou nesta quarta para a decisão de juros nos Estados Unidos. Em linha com as expectativas, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) voltou a subir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 5,25% a 5,50% –o nível mais alto em 22 anos.


Embora tenha deixado a porta aberta para novas altas, a decisão da autoridade monetária dos EUA trouxe alívio para os mercados. Nas Bolsas dos Estados Unidos, as perdas do Nasdaq e do S&P 500 perderam intensidade após a decisão do Fed, com os índices encerrando os negócios em leve queda, de 0,12% e 0,02%, respectivamente. Já o Dow Jones teve alta de 0,23%.

No Brasil, o Ibovespa inverteu o sinal e passou a operar em alta após a decisão do Fed.




Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital, diz que trabalha com um cenário-base em que o aumento de hoje será o último desse ciclo de alta de juros pelo Fed.


"Essa leitura se deve a perspectiva mais benigna que temos para a inflação americana", afirma Barbosa, acrescentando que a dinâmica da inflação dará conforto ao Fed para manter a taxa de juros estável ao longo dos próximos meses, mesmo com um ritmo de crescimento saudável.


Economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez diz que interpretou a comunicação do Fed com um viés mais "dovish", o que corresponde à sinalização de uma política monetária mais branda por parte do BC americano.


O tom da comunicação "nos faz reafirmar a perspectiva de que o Fed não irá subir o juro novamente", diz Sanchez. O economista lembra ainda que o presidente do Fed, Jerome Powell, classificou a política monetária como suficientemente restritiva.


Já Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, afirma que a decisão de hoje do Fed parece consistente com a manutenção dos juros em setembro, mas não com o fim do ciclo de alta de juros.

"Um fim do ciclo de alta só acontecerá se o cenário de inflação for mais suave do que o esperado pelo Fed, o que é improvável neste momento, com as commodities subindo e com a atividade dando sinais de força", diz Borsoi, que trabalha com mais uma alta de 0,25 ponto em novembro.


Entre as maiores altas do dia na B3, as ações do Carrefour subiram 8%, após a rede de supermercados reportar na véspera que as vendas líquidas cresceram 8,1% no segundo trimestre, para R$ 25,9 bilhões.

Também com ganhos expressivos, os papéis da Copel avançaram 3,4%, após a empresa lançar a oferta pública de ações que levará à sua privatização a partir da diluição da participação do estado do Paraná em seu capital.


A companhia estimou que o "follow on" pode movimentar até R$ 4,96 bilhões, mas alertou que há risco de cancelamento da operação devido a uma decisão pendente do TCU (Tribunal de Contas da União).

Na ponta contrária, as ações do Santander recuaram 0,34%, após o banco reportar uma queda de 43% no lucro do segundo trimestre.


No mercado de juros futuros, que embute a expectativa dos agentes financeiros para os rumos da política monetária, o dia foi de queda dos contratos de curto prazo.


O título com vencimento em janeiro de 2024 recuou de 12,64% na véspera para 12,61%, enquanto o papel para 2025 cedeu de 10,64% para 10,60%.


Segundo o economista André Perfeito, a melhora da nota pela Fitch, a desaceleração da inflação e os avanços da Reforma Tributária e do arcabouço fiscal abrem espaço para que o BC (Banco Central) inicie o ciclo de redução dos juros com uma queda de 0,50 ponto percentual no próximo dia 2 de agosto.


A expectativa do mercado até alguns dias atrás era de uma redução de 0,25 ponto percentual da Selic pelo BC na semana que vem, mas os dados benignos de inflação do IPCA-15 divulgados nesta terça contribuíram para que aumentassem as apostas por um corte mais agressivo dos juros.