Prates evitou adiantar mudanças nas políticas de remuneração aos acionistas e de preços dos combustíveis, alvos de fortes críticas do PT e aliados
Ele prometeu diálogo com o mercado e reforçou que a rentabilidade dos projetos será fator importante nas decisões da empresa em qualquer área de atuação. Disse ainda esperar dividendos robustos, mas "em condições diferentes" das atuais.
Em relatórios divulgados após o balanço, analistas do mercado elogiaram os resultados e os dividendos, mas reforçaram preocupações com incertezas com relação às políticas que serão adotadas nos próximos anos.
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Beneficiada pela escalada de cotações internacionais do petróleo, a Petrobras fechou 2022 com lucro recorde, de R$ 188,3 bilhões, alta de 76,6% em relação ao resultado de 2021. Anunciou dividendos de R$ 35,8 bilhões, mas a nova gestão propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões em uma reserva estatutária.
Prates evitou adiantar mudanças nas políticas de remuneração aos acionistas e de preços dos combustíveis, alvos de fortes críticas do PT e aliados. Em 2022, ano em que vendeu combustíveis a preços recordes, a empresa foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo.
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Sobre preço de paridade de importação, que simula quanto custaria importar os combustíveis, disse que "é o preço do nosso concorrente, não é o nosso preço". "A Petrobras vai buscar o cliente com as melhores condições para que não perca o cliente, vai buscar as condições mais competitivas."
Questionado sobre as projeções de dividendos para 2023, disse que a expectativa é que sejam "robustos", mas em condições diferentes, já que os últimos resultados foram influenciados pela escalada das cotações do petróleo após o período mais crítico da pandemia e o início da Guerra na Ucrânia.
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Mas adiantou que a empresa não privilegiará o retorno de curto prazo. "O investidor decide se quer ficar conosco ou se quer ficar com cash [dinheiro] certo de dividendos de curto prazo", afirmou.
As vendas de ativos, que ajudaram a melhorar os resultados nos últimos anos, não serão feitas "porque o governo quer". "Não vamos nos desfazer de refinarias ou de regiões inteiras do Brasil simplesmente por que o governo quer. Onde houver oportunidades pelo país ou até no exterior nós vamos perseguir."
Sua visão de futuro para a companhia, disse, é uma Petrobras que viva "mais 70 anos produzindo valor para o acionista, para os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras" -em agosto, a estatal completa 70 anos de existência.
"Uma empresa que sobreviva às intempéries, à transição energética, às gestões de governo e uma empresa que mostre, como eu disse, que ser sócio do governo em uma atividade estratégia não é uma desvantagem".
Em sua apresentação do balanço, o diretor financeiro da companhia, Rodrigo Araújo, voltou a defender os resultados da gestão bolsonarista. Ele foi indicado ainda no governo Jair Bolsonaro e será substituído pela nova gestão petista.
"2022 foi o melhor ano da história da Petrobras. É um orgulho e um prazer ter feito parte dessa história", afirmou, elencando entre os avanços a redução da dívida, a elevada geração de caixa e o esforço para entregar projetos dentro dos prazos.

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