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Estado de Minas ECONOMIA

Brasil bate recorde com 6,3 milhões de empresas inadimplentes, 30% do total

Soma de dívidas atrasadas é de R$ 105,2 bilhões. Pesquisa considera inadimplente a empresa que tem pelo menos uma conta vencida e não paga


26/10/2022 10:56 - atualizado 26/10/2022 12:52

Homem faz conta em mesa de trabalho
(foto: Pixabay)
O número de empresas inadimplentes bateu recorde em setembro deste ano, de acordo com uma pesquisa da Serasa Experian obtida com exclusividade pela reportagem. São 6,3 milhões de empresas com dívidas atrasadas, maior número desde o início da série histórica em março de 2016. Os dados incluem pequenas empresas.

Atualmente, o Brasil tem 20,4 milhões de empresas, de acordo com o Mapa das Empresas do governo federal. Isto significa que cerca de 30% das empresas do país estavam inadimplentes até setembro deste ano.

Em janeiro deste ano, o número de empresas inadimplentes chegou a 6 milhões. O último recorde de empresas inadimplentes foi registrado em junho deste ano, com 6,2 milhões de empresas inadimplentes. O dado se manteve estável durante junho, julho e agosto.

A soma de dívidas atrasadas total é de R$ 105,2 bilhões. A pesquisa da Serasa Experian considera como inadimplente a empresa que tem pelo menos uma conta vencida e não paga.

A pesquisa mostra que as empresas devem, em média, R$ 16.771,80 para os credores. Cada empresa deve, em média, para 7,1 credores.

O setor de serviços é o que lidera o ranking, representando 53,3% dos negócios negativados. Em seguida, aparecem o comércio (37,7%), indústria (7,8%), setor primário (0,8%), que é o responsável pela produção de matérias-primas, e outros (0,4%).

O indicador mostra que das 6,3 milhões empresas inadimplentes, 5,6 milhões são micro e pequenas empresas, um aumento de 5% em relação a setembro do ano passado.

A pesquisa também mostra que as empresas devem, em média, R$ 16.771,80. Cada empresa deve, em média, para 7,1 credores.

O vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa Experian, Cleber Genero, afirma que as empresas menores tendem a demorar mais tempo para se recuperar, mesmo em cenário de economia estável.

O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, afirma que o recorde é reflexo de dois motivos principais: o aumento da inadimplência das pessoas físicas e o aumento da taxa básica de juros.

BRASILEIROS ESTÃO ENDIVIDADOS

Uma pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostra que quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados até setembro. Esse número equivale a 64,25 milhões de pessoas, um recorde do levantamento, realizado há oito anos.

Cada brasileiro deve, em média, R$ 3.688,96, e demora cerca de 10 meses para sair da inadimplência.

Rabi diz que, quando o consumidor final está endividado, alguma empresa deixa de receber os pagamentos. A inadimplência dos brasileiros puxa a das empresas.

JUROS CAROS PARA EMPRESAS

Rabi diz que o aumento da taxa básica de juros para conter a inflação deixou o crédito mais caro para as empresas, principalmente para as pequenas e médias.

As empresas também usam empréstimos para adiantar os pagamentos de clientes no crédito. Se a pessoa fez uma compra em dez vezes, a empresa faz um adiantamento do valor total com o banco, mediante o pagamento de juros. Na prática, a empresa recebe menos.

Para conter a inflação, o BC (Banco Central) fez uma série de altas na taxa básica de juros (Selic), que começaram em março de 2021, quando a taxa passou de 2% ao ano para 2,75% ao ano. Em agosto deste ano, a taxa chegou a 13,75% ao ano, patamar atual.

A Selic serve como um parâmetro para todas as taxas de juros cobradas pelo mercado financeiro.

COMO EMPRESA PODE LIMPAR O NOME

A orientação da Serasa é que a empresa busque renegociar suas dívidas. Rabi diz que os credores costumam ser flexíveis em processos de renegociação.

Rabi também afirma que a empresa precisa analisar suas contas para entender gastos e receitas, buscando cortar despesas desnecessárias para equilibrar as contas. Outra opção é buscar linhas de créditos mais baratas, para que a empresa consiga pagar taxas de juros mais baixas.


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