Os transportadores de combustíveis e derivados de petróleo, conhecidos como tanqueiros, devem aderir em massa à paralisação convocada pelo sindicato da categoria para este feriado de 7 de setembro. Esta é a expectativa do presidente do Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes. Ele estima que 3 mil tanqueiros atuam em Minas Gerais.
O presidente do Sindtanque-MG, IraniGomes, reafirmou que o movimento será mantido por tempo indeterminado, a despeito de outros segmentos do setor de transportes terem se manifestarem contrários à adesão de suas categorias à convocação de manifestações no dia da Independência. Segundo o presidente do Sindtanque-MG, não haverá um local específico de concentração e, cada grupo deverá cruzar os braços nos pontos de abastecimento.
“Eles não vão abastecer e permanecerão parados até que haja uma resposta do governador de Minas sobre a questão do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços)", afirmou Irani Gomes. Na visão do sindicalista, os altos preços dos combustíveis refletem “somente” os valores do ICMS cobrados pelos estados. A afirmação desconhece os efeitos da política de alinhamento de preços da Petrobras ao mercado internacional, a valorização do dólar sobre o real e a questão cambial.
Os preços do óleo diesel subiram 36,35%, em média, no país durante os últimos 12 meses até julho, de acordo com a pesquisa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Grande BH, a variação foi de 35,36%. Enquanto isso, o IPCA teve altas de 8,99% na média do Brasil e de 9,43% em BH e entorno.
"Sem data para acabar"
Sobre os atos desta terça-feira (7/9), Irani Gomes reafirmou que se trata de “manifestação pacífica”, que fará parte da convocação dos atos em todo o país dos apoiadores das políticas adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O sindicalista também confirmou que a paralisação de hoije será apenas início do movimento, “sem data para acabar”, e admitiu que haverá consequências no abastecimento de postos de combustíveis e aeroportos.
O anúncio de adesão foi divulgado na última sexta-feira. No mesmo dia, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou que eventual participação de caminhoneiros nas manifestações “representará a vontade individual” do transportador, mas não deixou claro se apoia ou não as manifestações ou se orienta a adesão de seus associados.
A Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista divulgou, no sábado, nota afirmando que “repudia veementemente qualquer ação ou pretensão declarada que viole as garantias constitucionais do Estado Democrático de Direito e da coexistência de poderes institucionais independentes e harmônicos entre si”. A nota foi assinada pelo deputado federal Nereu Crispim (PSL/RS).
Sem alterações recentes
O governo de Minas esclareceu, por nota, que as alíquotas do ICMS incidentes sobre os combustíveis não passaram por alterações recentemente. Segundo o Executivo, as últimas alterações foram feitas em janeiro de 2018 (o imposto sobre a gasolina passou de 29% para 31% e sobre o etanol, de 14% para 16%) e em janeiro de 2012 (o ICMS do diesel aumentou de 12% para 15%).
O administração estadual criou em março um grupo de trabalho para discutir a alíquota do ICMS incidente sobre o preço do óleo diesel. Aquela época o sindicato dos tanqueiros informou que a intenção era ver a queda de 15% para 12% da alíquota. O grupo foi composto por representantes de diversos sindicatos e federações da área do transporte e de secretarias estaduais de Governo, Fazenda e Planejamento e Gestão.
Cenário de IPCA alto e expansão modesta
Após o agravamento da crise política, os economistas de bancos e corretoras reviram para baixo as suas projeções para o crescimento da economia brasileira e elevaram a taxa prevista para a inflação e o valor do dólar.
Os novos indicadores configuram piora nas expectativas dos investidores quanto ao desempenho do governo e do país, como mostra o Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC). O mercado financeiro trabalha agora com perspectiva de expansão do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços) de 5,15%, em vez de 5,22%. Há quatro semanas, a estimativa era de 5,30%.
Os novos indicadores configuram piora nas expectativas dos investidores quanto ao desempenho do governo e do país, como mostra o Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC). O mercado financeiro trabalha agora com perspectiva de expansão do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços) de 5,15%, em vez de 5,22%. Há quatro semanas, a estimativa era de 5,30%.
Para 2022, os analistas alteraram a previsão do PIB de alta de 2% para 1,93%. Quatro semanas atrás, estava em 2,05%. Em 2023, esperam crescimento de 2,35% e não mais de 2,5%, taxa que era projetada um mês atrás. A projeção para a performance da produção industrial de 2021 caiu de 6,43% para 6,28%. Há um mês, estava em elevação 6,47%.
Inflação acima do teto
A inflação estimada para este ano aumentou novamente e se distanciou ainda mais do teto da meta perseguida pelo BC. Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o índice oficial de preços –, de alta de 7,27% para 7,58% em 2021. Há um mês, estava em 6,88%.
A projeção para o índice em 2022 foi elevada de 3,95% para 3,98%. Quatro semanas atrás, estava em 3,84%. Uma das maiores preocupações dos analistas de bancos e corretoras está no impacto da crise hídrica sobre os preços da energia elétrica, que já vêm pressionando o IPCA. Só não foi alterado o desempenho da inflação estimado para 2023, variação de 3,25%. A projeção para este ano segue bem acima do teto da meta de 2021, de 5,25% e já equivale a mais que o dobro do centro da meta para o ano, que é de 3,75%.
A estimativa para o câmbio, publicada no Realatório Focus, passou a ser calculada com base na média para a taxa de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano. A mudança foi anunciada em janeiro pelo BC. Com isso, a autarquia espera trazer maior precisão às projeções cambiais do mercado financeiro. Os analistas estimam o dólar no fim do ano a R$ 5,17, e não mais R$ 5,15. Há um mês, estimavam R$ 5,10. A projeção para 2022 permanece em R$ 5,20.