(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas COMPORTAMENTO

Estudo mostra os impactos da pandemia para mães empreendedoras

Pesquisa demonstra como essas mulheres dividiram o tempo entre trabalho, filhos e tarefas domésticas


05/05/2021 14:34 - atualizado 05/05/2021 16:20

Magna diz ser 'mãe 24 horas'
Magna diz ser 'mãe 24 horas' (foto: Arquivo pessoal)

A pandemia impactou a rotina das mães empreendedoras. A sobrecarga com os afazeres domésticos levou 33% das mulheres com filhos a reduzir o tempo dedicado aos negócios contra 24% dos pais. As mulheres com filhos pequenos, de até 10 anos, foram as mais impactadas, já que metade delas reduziu sua jornada de trabalho por causa dos cuidados dedicados aos filhos e à casa. 

A mesma proporção de mulheres, três em cada 10, gasta mais de três horas por dia nas tarefas do lar e nos cuidados com os filhos, enquanto apenas 16% dos homens vivem a mesma realidade. No caso de mães de filhos pequenos, a maioria (54%) enfrenta a mesma situação.
Os dados são resultado de um estudo feito pelo Sebrae Minas para identificar relações entre maternidade, paternidade e empreendedorismo, e outros fatores que impactam nas escolhas, rotinas de trabalho e comportamentos dos empreendedores. O levantamento ouviu 1.327 empreendedores, entre 5 e 15 de abril. 
 
Segundo o levantamento, a maternidade foi fator relevante para sete em cada 10 mães que decidiram empreender. Já entre os homens, a paternidade motivou 6 em cada 10 a terem o próprio negócio. Ter filhos também foi apontado como um fator importante de estímulo e superação das dificuldades, tanto pelos homens (28%) quanto pelas mulheres (22%).
 
A possibilidade de ter mais independência e um horário de trabalho mais flexível são benefícios percebidos pelas mães empreendedoras (33%) contra 19% dos pais. Ainda entre as principais motivações para empreender o desejo de ter uma fonte de renda que proporcionasse maior qualidade de vida à família incentivou 31% das mães e 40% dos pais a terem o próprio negócio. 

“O estudo confirma a percepção de que as mulheres ainda são as que se ocupam mais dos afazeres domésticos e dos cuidados com os filhos. E a pandemia agravou ainda mais essa realidade, levando muitas a abdicarem parcial ou totalmente seus negócios, para dar maior assistência aos filhos”, explica Paola La Guardia, analista da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae%u200B e responsável pela pesquisa.

Mães 24 horas e empresárias "quando possível"


Jornalista de formação, mas "mãe 24 horas", Magna Barbosa Cassiano, de 34 anos, diz se desdobrar entre todas as tarefas, além de cuidar do comércio digital de lingeries e bijuterias. "Não tenho babá, conto com ajuda de uma diarista, que faz limpeza uma vez por semana. Meu marido, Eduardo Ribeiro Evangelista, de 38 anos, comerciante no Mercado Central, trabalha todos os dias, de domingo a domingo."

Magna tem dois filhos, José Pedro, de 4 anos, e Manu. de 2. Sempre trabalhou fora, mas diante da pandemia, com a questão de estar em casa, ela precisou buscar uma fonte de renda que permitisse conciliar as atenções. "Não tinha como deixá-los com outra pessoa e as escolas estavam fechadas", conta.

Seu manejo com a internet a fez "experimentar" vendas de semi-joias. Mas percebeu que o público feminino, mesmo com as restrições de locomoção, "ainda é o que está sempre comprando." Ouvindo as clientes, investiu também em lingeries e expandiu os negócios com pijamas, camisolas e roupas femininas. "Esse nicho de público feminino é uma área muito atrativa". No ano passado investiu nas vendas online e já fornece para outros estados como Rio de Janeiro e do Sul do Brasil. 

Magna conta que tenta "dar conta de tudo, mas sempre fica um sentimento que algo ficou mais defasado. Tenho que ser professora, com as lições online, ao mesmo tempo o cliente chama, preciso estar divulgando. Tem horas que não sei se cozinho, atendo cliente ou as crianças". Ela está muito realizada e lidando com o desafio de empreender e maternar. Magna já desenvolveu parcerias e criou marca própria, com direito a perfume personalizado para a loja.
 
Mãe de três crianças pequenas, Bernardo, 4 anos, Maria Eduarda, de 2, e Bela, de três meses, Licia Satoshi, de 38, tornou-se referência na fabricação de brownies e quitutes.
 
"Na verdade, dá um certo trabalho porque precisa de tempo e atenção, já perdi massa, por parar para amamentar e esquecer no forno. Não que seja trabalhoso, tem que ter atenção, é fogo, com criança, ter cuidados com acidentes domésticos. Querem ficar no colo, pedem atenção especial. Toda hora um quer experimentar, comer, participar."
 
Licia começou a produzir brownies para amigos e familiares. O sucesso a convenceu a pensar em negócios
Licia começou a produzir brownies para amigos e familiares. O sucesso a convenceu a pensar em negócios (foto: Arquivo pessoal)
Licia começou a produzir brownies para amigos e familiares. O sucesso a convenceu a pensar em negócios. "O que era uma distração, foi lançado no meu instagram pessoal." Mas na véspera da páscoa, vendeu 16 quilos, despertando para a oportunidade de profissionalizar. Incentivada pelo marido Gustavo Satoshi Tamura, 38 anos, educador físico e empresário. "Grávida, recebi o incentivo do marido que sugeriu que comprasse todos os equipamentos necessários e agora me revezo entre crianças, casa e trabalho. Ela tem uma ajudante que cuida da  casa e alimentação das crianças.
 
O marido sai de casa as 6h da manhã e só retorna 21h. A funcionária vai embora às 17h. "Quando ponho as crianças para dormir, é vou cuidar das encomendas, divulgar e comercializar."
 
Camila Mayrink, 35 anos, atende a reportagem amamentando, ao mesmo tempo que a filha do meio pede colo e o pequeno Victor "apronta". Ela trabalha com produtos personalizados: canecas, azulejos, porta-chave, capa de celular, chinelos, camisetas, pastas. Camila conta que teve o primeiro filho, Victor, em 2016, época em que deixou um emprego público onde era concursada para cuidar da criança.
 
Camila trabalha com produtos personalizados
Camila trabalha com produtos personalizados (foto: Arquivo pessoal)
Ela já tinha uma máquina, mas com o marido Rodrigo Mayrink, de 38 anos, empregado, deixou o trabalho de lado. Quando Victor fez 1 ano, percebeu que estava grávida de 5 meses da filha Melissa, hoje com 3 anos. O marido foi transferido para o Rio de Janeiro, onde moraram por dois anos.
 
No final de janeiro do ano passado, voltaram para BH, mas em março ele foi demitido. Foi quando retomarama à fabricação de produtos personalizados, investindo em equipamentos. Logo em seguida, veio a gravidez da Alice. "Foi a necessidade que nos uniu no trabalho. Hoje, ele faz a parte de designer e artes e eu faço o social, comercial, vendas, atendo clientes, cuido do  financeiro. O cuidar das crianças é dividido." Ela conta que chegou a atender clientes até mesmo em trabalho de parto. "Entre uma contração e outra."
 
Empreendedores Negros, MEI e com menor grau de instrução também estão entre os mais impactados
 
Além dos empreendedores com filhos pequenos e em especial as mulheres, negros, donos de negócios de menor porte e aqueles que não têm educação superior sentiram mais os impactos da pandemia.
 
Quase 40% dos empreendedores com filhos pequenos reduziram o tempo dedicado aos negócios durante a pandemia, enquanto isso foi realidade para somente 17% de pais ou mães sem filhos. Entre aqueles que têm filhos em qualquer idade, essa situação foi de 33% para as mulheres, contra 24% dos pais, 31% dos MEI, contra 24% e 19% para donos de micro e pequenas empresas, respectivamente, 30% para aqueles sem nível superior de ensino, contra 24% daqueles com nível superior e 29% dos negros contra 24% dos brancos.
 
Números da pesquisa
 
Precisou reduzir o tempo dedicado ao negócio por conta da sobrecarga de trabalho em casa e com os filhos.
33% das mães
24% dos pais
 
Ter filhos foi determinante na decisão de empreender.
71% das mulheres
62% dos homens
 
A maternidade/paternidade a (o) motivou a empreender pelas seguintes motivações:
Pela possibilidade de ter maior independência e um horário de trabalho mais flexível.
33% das mulheres
19% dos homens

Pela necessidade de obter uma renda maior e proporcionar mais qualidade de vida à família.
40% dos homens
31% das mulheres

Porque ter filhos o encorajou/inspirou a superar os obstáculos.
28% dos homens
22% das mulheres


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)