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Estado de Minas Pandemia

Revendas de veículos em BH amargam efeitos do fechamento do comércio

Consideradas atividade essencial pelo Minas Consciente, lojas de carro estão penalizadas com decreto da PBH que determinou restrições no comércio


21/01/2021 11:19 - atualizado 21/01/2021 12:59

(foto: Roberto Lee Cortes/Pixabay)
(foto: Roberto Lee Cortes/Pixabay)

Além das questões de saúde, a pandemia tem sido cruel também com a economia. Com o novo aumento dos casos de COVID-19 em Belo Horizonte, que vem acontecendo do fim de 2020 para cá, a Prefeitura resolveu mais uma vez fechar o comércio considerado não essencial. No setor automotivo, a decisão está impactando diretamente nas empresas, ainda mais em um período do calendário tão comprometido, seja pela normal diminuição do fluxo de clientes, seja pela previsão de gastos que geralmente acontecem em janeiro, como o pagamento do IPVA.

De portas fechadas, as revendas de carros estão amargando os efeitos da pandemia, sem conseguir suprir o rombo que já acontece há meses, desde o princípio da primeira onda do coronavírus. Empresários do ramo abriram a discussão com o Executivo municipal, na tentativa de chegar a alguma solução que não penalize tanto os negócios. Em reunião com secretários da Prefeitura, demonstraram tudo o que pode justificar uma flexibilização neste caso.

Minas Gerais é um dos principais polos automobilísticos do país. Estão instaladas no estado, por exemplo, a Fiat, em Betim, e a Iveco, em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As três principais locadoras de BH respondem por mais de 50% da frota de locação do país emplacada. No estado, são vendidos em média entre 140 mil a 150 mil carros por mês, entre seminovos e usados, sendo de 40 mil a 45 mil na capital, o que representa cerca de 1,5 mil veículos por dia.

"Se ficarmos 20 dias fechados, intervalo que tem sido especulado para a duração dessa medida, são 30 mil carros vendidos a menos, só em Belo Horizonte, durante esse período. Isso pode significar 30 mil pessoas a mais utilizando transportes coletivos. O que é ainda mais grave se considerarmos que, com a pandemia, o carro se transformou em uma barreira sanitária", pontua Flávio Maia, diretor de Marketing e Planejamento da Associação dos Revendedores de Veículos de Minas Gerais (ASSOVEMG), entidade representativa do setor de seminovos e usados no estado.

Estar em um carro próprio, ele reforça, é uma maneira de proteção, já que é possível ter ciência sobre quem está ali, se está infectado ou não, com mais controle, o que não acontece em ônibus ou veículos contratados por aplicativos, em que se tem contato com pessoas desconhecidas. Flávio lembra ainda que o transporte coletivo da cidade está um caos. "Os ônibus estão entupidos, viraram uma grande fonte de transmissão da COVID-19."

Pelo programa Minas Consciente, o governo do estado considera a revenda de automóveis, usados e seminovos,  atividade essencial. "Isso está inclusive ratificado na deliberação de número 34 do Comitê Extraordinário de Minas Gerais, de 14 de abril de 2020. Mas neste decreto da PBH, a atividade de venda de veículos não entrou como comércio essencial", diz Flávio Maia, para efeito de comparação, já que a capital não integra o programa.

"A recuperação do tombo que levamos em 2020 ainda não aconteceu" - Flávio Maia, diretor de Marketing e Planejamento da Associação dos Revendedores de Veículos de Minas Gerais (ASSOVEMG) (foto: ASSOVEMG/Divulgação)
O diretor lembra que também o comportamento do cliente mudou - pesquisa informações técnicas, escolhe o carro e negocia através dos suportes digitais. A presença na loja é necessária agora apenas para confirmar tais informações e assinar os contratos, em visitas agendadas. "Aquela história de ficar horas nas lojas olhando e entrando em todos os modelos não existe mais. Estamos falando de uma operação rápida. O cliente fica na loja em média de 20 a 25 minutos para comprar um carro."

Mais um ponto a considerar é o calendário de pagamento do IPVA para os carros em estoque nas revendas. "Janeiro é um período muito difícil para os lojistas", diz Flávio Maia. Levando em conta as empresas ligadas à ASSOVEMG, são 117 lojas com estoque médio de 40 carros cada uma. Estimando o valor do imposto a um patamar médio de R$ 1,4 mil, a conta chega a R$ 7 milhões de arrecadação. "Para a Prefeitura, essa arrecadação é muito importante, até mesmo um recurso que pode ser usado para combater a COVID. Mas como vamos pagar, se as portas estão fechadas?", questiona.

Outro fator que justifica a permanência das revendas de veículos em funcionamento, reforça Flávio Maia, é a facilidade em manter o distanciamento, uma das medidas preconizadas para prevenção do coronavírus. As lojas destinadas a vendas de carros demandam espaço e assim têm metragens generosas, geralmente indo de um mínimo de 500 metros quadrados, chegando muitas vezes a 3 mil metros quadrados.

Com isso, fica fácil respeitar esse protocolo. "As lojas de carro recebem em média cinco clientes por dia, em um período comercial de funcionamento entre 9 e 10 horas. Isso representa um cliente a cada uma hora, uma hora e meia, em algumas situações até duas horas. O risco de aglomeração é baixo, algo que não existe. Não faz sentido estar fechado", afirma Flávio Maia.

Em ofício ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, os empresários se comprometem ainda a seguir rigorosamente todas as medidas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como disponibilização de álcool gel em diversos pontos nas lojas, obrigatoriedade do uso de máscaras, distanciamento entre os postos de trabalho, entre outras.

"A recuperação do tombo que levamos em 2020 ainda não aconteceu. A queda média das vendas entre abril e junho foi de quase 80%. Fechamos o ano no vermelho, mesmo com uma pequena recuperação em novembro e dezembro. Começamos 2021 com essa paulada", finaliza.


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