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Estado de Minas Crise na economia

COVID-19 força queda de 1,8% do PIB de Minas de janeiro a março

Intensa retração, após pandemia, afetou principalmente a indústria de automóveis, construção civil, extração mineral e os serviços de turismo no estado. Só a agropecuária cresceu no primeiro trimestre


16/06/2020 04:00 - atualizado 16/06/2020 07:36

Para os pesquisadores da Fundação João Pinheiro, as perdas no comércio têm sido mais claras até o momento (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Para os pesquisadores da Fundação João Pinheiro, as perdas no comércio têm sido mais claras até o momento (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O impacto da pandemia do novo coronavírus desde a segunda metade de março foi suficiente para colocar a economia de Minas Gerais no campo negativo. A produção de bens e serviços do estado caiu 1,8% no primeiro trimestre do ano, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). O resultado foi pior do que o do Brasil, que encolheu 1,5% na mesma base de comparação com o último trimestre de 2019. A Fundação João Pinheiro (FJP) divulgou ontem a estimativa do indicador, de R$ 153,6 bilhões em valores correntes. Em variação real, a cifra representa queda de 2% na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Nos últimos 12 meses, a retração é de 0,9%.

De janeiro a março, Minas foi responsável por 8,5% do total de bens e serviços produzidos no Brasil. Com as perdas acumuladas ao longo da última década e agravadas com a pandemia, a FJP calcula que o PIB de Minas está praticamente no mesmo patamar de 2010: 0,1% acima da média daquele ano. Os dados são preliminares e podem ser revistos; normalmente, o cálculo definitivo é divulgado com defasagem de dois anos.

Puxada para baixo pelo desempenho da construção civil, a indústria foi o setor da economia mineira mais impactado pela COVID-19. A atividade dos serviços também caiu, com destaque para o desempenho negativo nos transportes e outros serviços. Por outro lado, a agropecuária foi a única área que cresceu no começo do ano, impulsionada principalmente pela safra de soja.

Com retração de 10,8%, a produção de veículos teve grande influência no mau desempenho da indústria mineira (foto: Léo Lara/Divulgação FCA)
Com retração de 10,8%, a produção de veículos teve grande influência no mau desempenho da indústria mineira (foto: Léo Lara/Divulgação FCA)

Em relação ao último trimestre de 2019, a indústria mineira teve queda de 2,6%. Já na comparação com primeiro trimestre do ano passado, a queda chega a 6,6%. O setor contribuiu com R$ 31,5 bilhões para o PIB do estado no primeiro trimestre do ano, representando 23,5% do total. Entre os segmentos industriais, a construção civil caiu 4,1% em relação ao último trimestre do ano passado.

Na análise dos pesquisadores da FJP, o desempenho da construção não reflete apenas o efeito da pandemia, mas também fatores anteriores ao coronavírus. Além do fato de o mercado imobiliário ter sido prejudicado pelo isolamento social, o mercado de trabalho do segmento estava se saturando, o que obrigou as empresas de Minas a reduzir a força de trabalho no começo do ano.

A extração de minérios caiu 2% no primeiro trimestre do ano na comparação com o último do ano passado. Em relação aos três primeiros meses de 2019, a retração atingiu 30,7%. De acordo com a FJP, o adiamento da retomada das atividades de minas paradas por causa do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019, e as fortes chuvas no começo do ano contribuíram para esses resultados.

Por outro lado, a produtividade da indústria de transformação cresceu 0,9% em relação ao último trimestre. Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, as quedas em segmentos “pesados”, como metalurgia (-4,3%) e produção de veículos (-10,8%) foram compensadas por altas na fabricação de alimentos (6,2%) e celulose (2,9%). Contudo, o desempenho positivo não deve se repetir no segundo trimestre, mais afetado pela pandemia, segundo os pesquisadores.

O pesquisador da FJP Raimundo Souza explica que com novos números referentes a abril sendo divulgados nas próximas semanas, será possível compreender melhor o impacto do coronavírus na economia mineira. Com isso, a fundação poderá ajustar a previsão do PIB de Minas em 2020, tendo em vista a duração das medidas de isolamento social. Souza critica que o distanciamento está sendo “mal-feito” no Brasil, o que deve trazer consequências mais graves para a economia.

“O fato do isolamento não ter sido levado a sério implica que a duração do problema se amplia. Países que levaram melhor a situação saíram mais rápido. Mesmo que o governo permita [uma flexibilização], as pessoas vão continuar ressabiadas e vai demorar a retomar. Se você não resolve o problema na saúde, maior vai ser o preço a pagar na economia. Sem saber qual vai ser a duração da pandemia, não dá pra saber qual letra o gráfico vai seguir. O V é o mais improvável no momento”, disse Raimundo Souza na conferência de divulgação da pesquisa.


Isolamento


O setor de serviços, que compreende a maior parte da economia mineira, perdeu 1,8% em atividade no primeiro trimestre de 2020 em relação ao último do ano passado. Na comparação com os três primeiros meses de 2019, a queda é de 1%. A contribuição do setor foi de R$ 92,7 bilhões, 69,2% do total.

Os transportes foram os serviços mais afetados pela pandemia, registrando baixa de 2,4% na atividade em relação ao último trimestre do ano passado. Segundo a FJP, tanto o transporte ferroviário – ligado à mineração – como o aéreo e rodoviário – impactados pelo isolamento social – sofreram quedas por causa da COVID-19.

Já a atividade do comércio caiu 0,8% de um trimestre para o outro. De acordo com os responsáveis pela pesquisa da FJP, os efeitos do coronavírus são mais claros nesse setor. Essa avaliação é apoiada na Pesquisa Mensal do Comércio, produzida pelo IBGE. De acordo com os dados, o desempenho dos supermercados cresceu 1,8% entre os dois trimestres, enquanto a venda de artigos farmacêuticos cresceu 11,7%. Por outro lado, as quedas vieram de segmentos como material de construção (-9,4%).

Dentro do grupo denominado outros serviços, que encolheu 1,6%, o turismo perdeu 8,4% de atividade, ao lado dos serviços prestados às famílias, que sofreram baixa de 10,8%. Já os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 7%. Os dados desse grupo são da Pesquisa Mensal de Serviços, do IBGE.

Lavoura salva


Com alta de 6,7% nos três primeiros meses do ano frente aos últimos do ano passado, a agropecuária “deve ser o suporte da economia de Minas Gerais” neste ano, como afirmou o coordenador de Contas Regionais da FJP, Raimundo Leal. Na comparação com o primeiro trimestre de 2019, o setor avançou 10%, respondendo por R$ 9,8 bilhões do PIB do estado. A participação da produção agrícola e pecuária no total de Minas é de 7,3%. Segundo os pesquisadores, a safra de grãos foi “determinante” no resultado positivo, em especial, soja, milho e feijão.

PELO RETROVISOR


Comportamento da economia em Minas, de janeiro a março, por setor

Indústria -2,6%

Veículos -10,8%

Metalurgia -4,3%

Extração mineral -2%

Serviços -1,8%

Transportes -2,4%

Comércio -0,8%

Turismo -10,8%

Agropecuária 6,7%
 


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