(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CRISE EM MEIO À PANDEMIA

Brasil atinge ápice de incerteza econômica, aponta pesquisa

Índice é superior ao registrado durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff


postado em 20/05/2020 20:43 / atualizado em 20/05/2020 22:10

Brasil é o país mais incerto entre os 20 analisados pela pesquisa. Crise política no Governo Bolsonaro é um dos fatores (foto: Evaritos Sa/ AFP)
Brasil é o país mais incerto entre os 20 analisados pela pesquisa. Crise política no Governo Bolsonaro é um dos fatores (foto: Evaritos Sa/ AFP)

Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que o Brasil atingiu seu ápice de incerteza econômica desde 2000. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram cerca de 30 mil notícias publicadas em abril, em seis jornais brasileiros e o relatórios Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com instituições financeiras.

Conforme a pesquisa, o Indicador de Incerteza da Economia no Brasil (IIE-Br) chegou ao mais alto nível da série histórica, atingindo o marca de 210,5 pontos em abril. Para que se tenha uma comparação, no mesmo período do ano passado, o índice foi de 117,3 pontos e, em meados do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o índice não passou de 140 pontos.

Os números refletem as crises epidemiológicapolítica e econômica que o país vive. 

Para chegar a esses números, os pesquisadores da FGV analisam, mensalmente, cerca de 30 mil notícias publicadas no caderno de economia de seis veículos. Além disso, para que a matéria seja analisada, ela deve conter pelo menos uma das três palavras: instabilidade, incerteza ou crise. Os pesquisadores creditam 80% dessa análise ao resultado final. Os outros 20% são dedicadas às variações de previsões de investidores quanto à taxa Selic, dólar e inflação. 

Em abril, em relação apenas à análise da mídia, esse valor foi de 195,3 pontos - maior valor registrado na história.  Já em relação às expectativas do mercado, o nível de incerteza chegou a 225,8, número menor apenas do que o registrado em outubro de 2002, quando o índice foi de 257,5 pontos. Na ocasião, o mercado estava incerto em relação ao governo do recém eleito presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Brasil, o país mais incerto


O país tem o maior nível de incerteza econômica se comparado a outros 20 no mundo. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores levaram em conta dados  da Economic Policy Uncertainty (Incerteza da Política Econômica), um grupo formado por pesquisadores da Universidade Northwestern, Universidade Stanford e Universidade de Chicago, todas nos Estados Unidos.

(foto: Divulgação/FGV)
(foto: Divulgação/FGV)


Em segundo lugar está a China, com 189,2 pontos, e em terceiro a Rússia, com 178,4. No entanto, para chegar a esse cálculo, os pesquisadores americanos levaram em conta apenas as reportagens publicadas pela mídia. Além disso, ao contrário do que foi feito pela FGV, os pesquisadores analisaram apenas um veículo de informação para cada país.

Tanto a China quanto a Rússia são países marcados por regimes fortes e são considerados um dos países menos favoráveis a jornalistas.

A maioria dos países analisados atingiu o pico da Covid-19 em março, quando houve aumento abrupto da incerteza, seguido de alguma acomodação. Mesmo tendo desacelerado em muitos países, o indicador se manteve historicamente elevado na maioria deles.

Um ponto curioso entre os países analisados é que em alguns casos o pico recente da incerteza não foi durante a pandemia. A China, primeiro país a apresentar casos de Covid-19, já vinha de um ambiente de incerteza elevada desde o ano passado, em função principalmente da guerra comercial com os EUA. Por lá, o Economic Policy Uncertainty Index (EPUI) para aquele país atingiu o nível máximo em dezembro de 2019. 

Já o Reino Unido viveu um grau de incerteza ainda maior que de agora em 2019, durante o período mais tenso do Brexit. O Chile experimentou níveis de incerteza próximos aos níveis atuais em novembro e dezembro do ano passado, por conta das manifestações que pediam melhorias sócio estruturais.

Incerteza gera preocupação

As incertezas registradas pela pesquisa afastam investidores estrangeiros do país, que preferem manter seus investimentos em países mais seguros e desenvolvidos.  Um prévia de maio aponta que o índice deve diminuir, mas continuar alto. Até agora, os pesquisadores chegaram ao nível de 201,2 pontos.

Em relação à mídia, o índice é de 179,4 pontos; movimento não muito diferente do registrado nos outros 20 países analisados pela EPU.

Conforme analisado pela pesquisadora Anna Carolina Gouveia, esse número está relacionado, além do coronavírus, às crises política e econômica vividas pelo país. 

"Além da incerteza associada à pandemia de Covid-19, comum a quase todos os países, o Brasil conta com alguns fatores que impulsionaram ainda mais o indicador. Primeiro, o país apresentava um crescimento fraco mais de três anos após uma grande recessão e buscava reequilíbrio macroeconômico. A crise de saúde lançou grande incerteza sobre os próximos passos da agenda econômica. Em segundo lugar, enquanto em muitos países a pandemia motivou movimentos de união nacional, aqui a incerteza advinda do ambiente político também atingiu recordes em abril. Por fim, a própria evolução de número de contágios e mortes no país continua em fase ascendente nestes últimos dias", ponderou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)