O aumento do universo de trabalhadores atuando por conta própria no Brasil e daqueles pessoas que trabalham sem carteira assinada no setor privado levaram o país a um novo recorde do trabalho informal. Neste ano até novembro, são 38,833 milhões na informalidade, representando 41,1% das vagas ocupadas, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Junto a esse fenômeno, as vagas temporárias abertas no comércio para fazer frente às datas comemorativas de fim de ano resultaram num contexto propício à redução do desemprego.
Houve queda de 0,7 ponto percentual na taxa de desocupação, que ficou em 11,2% no trimestre encerrado em novembro. Foi a maior redução da série histórica, como a que ocorreu no trimestre encerrado em agosto de 2017. Com crescimento de 0,8%, a população ocupada chega ao recorde de 94,4 milhões de pessoas. Ainda assim, segue muito alto o número de desempregados, de mais de 11,9 milhões de pessoas.
Em relação ao período de maio a julho, foram cerca de 785 mil pessoas ocupadas a mais no mercado de trabalho. No setor do comércio, a ocupação cresceu 1,8%, o que correspondeu a 338 mil postos de trabalho gerados. Em segundo lugar ficou o setor de alojamento e alimentação, com mais 204 mil ocupações, seguido pela construção, com 180 mil vagas.
O trabalho por conta própria alcançou o ápice de 24,597 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em novembro. Em apenas um ano, o trabalho por conta própria foi a saída para 861 mil pessoas. Em um trimestre, 303 mil trabalhadores a mais passaram a se enquadrar a essa condição. O trabalho sem carteira assinada no setor privado cresceu para 11,812 milhões de ocupados. O emprego sem carteira no setor privado aumentou em 178 mil vagas em um ano. Em um trimestre, foram 17 mil trabalhadores a mais.
O setor público abriu 15 mil vagas em um trimestre, mas dispensou 43 mil em relação a um ano antes. Já o trabalho doméstico absorveu mais 69 mil pessoas em um trimestre. No período de um ano, há 112 mil pessoas a mais no trabalho doméstico.
O trabalho com carteira assinada mostrou a primeira elevação estatisticamente significativa desde maio de 2014, de acordo com Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. “A carteira, depois de vários trimestres móveis, tem crescimento significativo. Da mesma forma que o comércio puxou a alta na população ocupada, ele também puxou a carteira assinada. Desses 378 mil a mais com carteira, 240 mil vêm do comércio”, acrescentou.
O setor também contribuiu positivamente para vagas geradas sem carteira assinada. Só na economia informal, foram 98 mil contratados a mais do que no trimestre terminado em agosto. Ao todo, são 338 mil vagas abertas. “Foi a atividade que mais aumentou a ocupação”, diz Adriana.
As contratações de trabalhadores temporários pelo comércio são um movimento sazonal, característico do fim do ano, que tradicionalmente contribui para o recuo na taxa de desemprego. A taxa de desocupação diminuiu de 11,8% no trimestre encerrado em agosto para 11,2% no trimestre terminado em novembro. “Tem a ver com sazonalidade, sim”, confirmou Adriana Beringuy.
Perdas
Na passagem do trimestre terminado em agosto para o trimestre encerrado em novembro, houve contratações também nas atividades de construção (180 mil). Por outro lado, houve demissões na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 198 mil trabalhadores a menos em um trimestre, e na indústria, menos 26 mil. Em relação à situação do mercado de trabalho um ano atrás, todas as atividades geraram vagas, com exceção da agricultura, que perdeu 124 mil trabalhadores ante o trimestre até novembro de 2018.
Salário
A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.332 no trimestre encerrado em novembro. O resultado representa alta de 1,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ R$ 215,104 bilhões no trimestre até novembro, 3% mais ante 2018.