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Estado de Minas

Segmento de imóveis fracionados e compartilhados tem crescimento acima da média

Modelo de negócio avançou 15% no primeiro semestre na comparação com o ano anterior, segundo estudo


postado em 17/07/2019 06:00 / atualizado em 17/07/2019 09:32

InCasa Residence Cluv, da Aviva, é um dos empreendimentos de multipropriedade (foto: Divulgação)
InCasa Residence Cluv, da Aviva, é um dos empreendimentos de multipropriedade (foto: Divulgação)
São Paulo – Nos últimos anos, a valorização do uso e da experiência, acima da posse do bem, tem transformado a maneira como empresas e setores econômicos se relacionam com os clientes. Nesse contexto, o setor imobiliário também vem mudando.

Os imóveis fracionados, dentro do mercado de propriedade compartilhada, estão em forte crescimento no país. Segundo a pesquisaCenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil 2019”, realizada pela Caio Calfat Real Estate Consulting, os negócios dessa atividade devem chegar, até o fim deste ano, a um total de R$ 22,3 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV).

“Estamos vivendo o melhor momento da história para o ramo de multipropriedade”, afirma Caio Calfat, que também é presidente da Adit Brasil, entidade especializada no setor, além de vice-presidente de assuntos turísticos e imobiliário do Secovi-SP. “Os brasileiros despertaram para a vantagem de ser dono de uma fração e ter direito a usufruir de um imóvel que eles, provavelmente, não teriam acesso, caso tivessem de comprar sozinhos.”

O estudo indica que o mercado alcançou, até junho deste ano, 92 empreendimentos, apresentando um crescimento de 15% em relação a 2018. Essa taxa de expansão representa cerca de 50% a mais da média do mercado imobiliário no mesmo período.

DECEPÇÃO
Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o número de contratos para aquisição de imóveis residenciais avançou 9,7% nos primeiros meses do ano e, embora o semestre ainda não tenha um balanço fechado, ficou na casa de 10%.

“O resultado é positivo e, sem dúvida, deve ser comemorado, mas, dada a queda que o setor enfrentou durante a recessão, a fraqueza do mercado no ano passado e a esperança de que a eleição reduzisse as incertezas, a expectativa era de que as vendas estivessem crescendo acima de 15%”, diz José Carlos Martins, presidente da CBIC. “As construtoras esperavam que, passadas as incertezas de 2018, a agenda de reformas seria tocada com prioridade, a economia embalaria e o primeiro trimestre seria melhor.”

Atualmente, o modelo de negócio multipropriedade está em 45 cidades brasileiras e em 16 estados do país. A oferta continua em expansão, sendo o Nordeste a região líder, passando de 17 empreendimentos no ano passado para 25 este ano, seguido pelo Centro-Oeste, com 23, Sudeste, com 21, e Sul, com 18. “O Brasil tem quase 220 milhões de pessoas e uma grande demanda reprimida”, afirma Juan Ignácio Rodriguez, CEO da RCI para a América Latina, companhia especializada em gestão de compartilhamento de férias. “O turismo vai puxar para cima o mercado imobiliário e toda a economia.” (Leia mais na entrevista abaixo).

Os resultados do setor surpreendem não apenas pelos números, mas especialmente por conta do ambiente de dificuldades na economia, segundo Calfat. “Atingir 92 empreendimentos, depois dos primeiros lançamentos de multipropriedades no Brasil, é um feito considerável para qualquer modelo de negócio, ainda mais sendo um produto de segunda moradia, inédito em termos de conceito, num período de profunda recessão econômica e da maior crise da história do setor imobiliário”, afirma.

A pesquisa aponta ainda uma mudança do produto ao longo dos últimos anos no que diz respeito às áreas privativas e no tempo de uso das cotas ofertadas em porções menores. A construção da segurança jurídica para a multipropriedade foi um dos grandes desafios dos últimos seis anos e também fator determinante para o aumento da confiança para desenvolvedores e compradores. “A aprovação da Lei Federal 13.777/18 foi o resultado de ações de entidades como o Secovi-SP, a Adit Brasil e o esforço coletivo de agentes do mercado, que anseiam por melhores condições para os negócios crescerem.”

REAÇÃO Apesar do crescimento modesto do mercado imobiliário na primeira metade do ano, as vendas e os lançamentos de imóveis residenciais no país devem crescer em torno de 10% a 15% em 2019, de acordo com estimativa da CBIC. A perspectiva é que a expansão seja puxada pelo segmento de imóveis de médio e alto padrões, em que as moradias são financiadas por linhas bancárias, que utilizam recursos da poupança.

No entanto, os negócios envolvendo as unidades dentro do programa Minha casa, minha vida (MCMV), que contam com financiamento por meio de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), devem permanecer estáveis, considerando que o orçamento do fundo ficou estagnado do ano passado para cá. “Quem vai puxar o crescimento é a habitação de mercado, de médio e de alto padrões”, afirma o presidente da Comissão Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci.

Para o executivo, os lançamentos e as vendas devem continuar saudáveis no segundo trimestre, a despeito do ritmo mais lento de recuperação da economia brasileira. Petrucci destaca, como exemplo, que os lançamentos na cidade de São Paulo em abril foram o dobro do registrado no mesmo mês do ano anterior. “É uma reação que, guardadas as proporções de cada mercado, acreditamos que também vem ocorrendo em várias partes do país”, disse.

Entrevista / Juan Ignácio Rodriguez - CEO da RCI na América Latina


“O turismo vai puxar para cima o mercado imobiliário”

O executivo mexicano Juan Ignácio Rodriguez, CEO da RCI na América Latina, aposta no crescimento da propriedade compartilhada no Brasil, mercado em que ele enxerga uma demanda reprimida no setor do turismo. A seguir, trechos da entrevista.
Por que o setor de compartilhamento de férias e multipropriedade tem crescido acima da média?
Principalmente porque as grandes redes hoteleiras começaram a ter uma participação interessante nesse mercado. O que, antes, era visto com desconfiança pelo consumidor, hoje, conta com a solidez e a boa reputação de grupos como Rio Quente, Beach Park, Mabu, Costão do Santinho, Costa do Sauípe e Bourbon. As marcas dão mais segurança ao consumidor.

A regulamentação também impactou?
Com certeza, a criação de um marco jurídico para o setor ajudou muito. Hoje, quem investe nisso sabe que não terá nenhum problema no futuro.

Qual o potencial do mercado brasileiro? 
O potencial é imenso. O Brasil tem quase 220 milhões de pessoas e uma grande demanda reprimida no turismo e no mercado de férias. E, uma vez que as pessoas se acostumam a viajar, não mudam, é uma necessidade humana, é saudável, é um investimento na saúde. Por isso, com tudo o que ocorreu, ainda a participação de mercado é bem pequena, temos espaço para crescer muito. O turismo vai puxar para cima o mercado imobiliário e toda a economia.

Mas a indústria do turismo no Brasil, que recebe apenas 6 milhões de estrangeiros por ano, hoje tem pouca representatividade na economia e, principalmente, no mercado imobiliário.
Existe uma razão histórica para isso. O Brasil começou a pensar no turismo fora do eixo Rio-São Paulo apenas nos anos 1980. E começou realmente a pensar na estrutura jurídica, a criar um ministério de turismo, há poucos anos. Esse é um setor que precisa de investimento de longo prazo e de planejamento. O crescimento do mercado de férias e os números do setor de timesharing e propriedade compartilhada comprovam que, com bom planejamento, é possível crescer de forma sólida e consistente.



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