Brasília – O tão esperado 100 mil pontos da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) demorou, mas chegou. E a expectativa é de que, aprovada a reforma da Previdência, e com o avanço da agenda econômica do governo Bolsonaro, esse patamar se mantenha ou cresça. Mas, para aplicar no mercado de ações é preciso prestar atenção que existe risco. É um investimento com retorno variável e de longo prazo.
Hoje, no Brasil, segundo dados da B3, mais de um milhão de pessoas físicas têm aplicações em papéis de empresas, um número recorde. Desde o início do ano, o volume diário de negócios no pregão da bolsa paulista ficou em R$ 13,9 milhões, em média, o que representa mais de 50% de aumento desde 2015.
Com o interesse crescente pelas ações e a valorização dos papéis das empresas negociadas no pregão, o Ibovespa – principal índice da B3 – bateu recorde, chegando amarcar 106 mil pontos ao longo da semana passada. Na última sexta-feira, o indicador, depois de um movimento de acomodação, fechou em 103.903 pontos.
Em momentos de alta como o atual muitos costumam ficar afoitos para investir na bolsa, acreditando que o resultado virá de forma rápida e fácil. Todavia, o primeiro passo para começar a investir em ações é, justamente, mudar o pensamento de “dinheiro fácil, agora”. Tradicionalmente, o brasileiro gosta de ter retorno financeiro no momento, sem pensar em rentabilidade futura.O investimento em ações, contudo, demanda paciência, e não é indicado para quem não gosta de correr riscos.
Para João Victor Beze, sócio-fundador da Voga Invest, é em momentos de euforia que as pessoas cometem o primeiro erro com o investimento. O entusiasmo com a bolsa em alta faz os iniciantes entrarem no mercado o mais rápido possível, devido à impaciência de esperar o retorno, e venderem as ações ao primeiro sinal de queda, com medo de não ter mais sucesso. Esse comportamento errático, no entanto, gera perda e desânimo, o que leva o potencial investidor a desistir da bolsa.
“Geralmente, se o valor dos papéis está caindo, o primeiro impulso é se desfazer deles. Mas é o contrário, você tem que ter paciência e, se tiver convicção de que se trata de uma ação de qualidade, comprar mais. Quanto mais a cotação cai, mais você compra, porque a ação está barata”, diz Beze.
Nunca é demais lembrar: investir na bolsa é um jogo de paciência e para quem tem propensão ao risco. Durante boa parte de 2018, por exemplo, o Ibovespa ficou negativo, mas compensou a perda no fim do ano. Em maio, por exemplo, o índice chegou a acumular perda de 10,87%, porém fechou o ano com valorização de 15%. “Assim, quem teve paciência, ganhou dinheiro, e quem foi impaciente, vendeu as ações antes da alta, perdeu dinheiro e amargou prejuízo”, lembra o especialista.
Ao alcance de todos
Brasília – A compra e a venda de ações pode ser feita em casa, por meio da plataforma home broker, que permite a negociação via internet, e é disponibilizada pelas corretoras, instituições autorizadas a operar na bolsa em nome de clientes. Se preferir, porém, o investidor pode comparecer às instituições ou aos bancos.
Para quem quer começar, os especialistas indicam procurar ajuda profissional — uma assessoria ou empresa de análise de investimentos. Na assessoria, os analistas indicam as melhores opções para seu perfil e cuidam de suas ações. As empresas de análise fornecem informações sobre o mercado financeiro e são indicadas para quem quer trabalhar por conta própria. Uma alterativa interessante para os iniciantes é aplicar em um fundo de investimento. Nesse caso um gestor profissional movimenta o dinheiro de várias pessoas ao mesmo tempo.
O estudante Luciano Ponce de 22, investe na bolsa de valores sozinho, em casa, com o home broker, e considera-se um holder, ou seja, uma pessoa que compra uma ação e a segura por longo prazo. “Invisto em oito empresas e o que eu faço é aportar. Meu objetivo é ficar anos lá”, disse.
O jovem começou a investir na bolsa há um ano e meio para fugir da poupança. O investimento foi uma recomendação de amigos, que indicaram livros e pessoas na internet para Luciano acompanhar. “Sempre tive uma movimentação grande na minha conta por conta da pensão que recebo do falecimento do meu pai, então resolvi começar a investir”, contou.
O estudante Lucas Lobo, de 21, investe em ações com a ajuda de uma assessoria e, assim como Luciano, aplica a estratégia fundamentalista, com visão de médio e longo prazo. Ele começou a investir após entrar em um grupo de estudos de educação financeira da Universidade de Brasília (UnB), a Liga de Mercado Financeiro. “Eu tinha dinheiro investido em Tesouro Direto. Vi que era muito melhor começar a investir em ação”, disse.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira