São Paulo – Principal programa de habitação do Brasil e um dos maiores do mundo, o Minha casa, Minha vida não afeta apenas os resultados das construtoras, obviamente beneficiadas pelos financiamentos da moradia popular. Diversos setores são impactados pelo programa, da produção de cimento e madeira à indústria de aço, borracha e plástico. Todos eles dependem, em maior ou menor medida, do MCMV para fechar suas operações no azul.
Entre todos os segmentos, o mais dependente do MCMV é o de materiais de construção – e por isso mesmo ele não vem apresentando resultados consistentes, impactados principalmente pelas incertezas que envolvem o programa.
Com a lenta retomada, nos últimos meses as vendas no varejo de materiais de construção têm avançado pouco.
Em abril, os negócios cresceram 5% na comparação com março e 4% diante do mesmo mês do ano passado. As informações fazem parte do tracking mensal da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), que consultou 530 lojistas de todo o país entre os dias 23 e 30 de abril.
No acumulado do ano, segundo o mesmo levantamento, o setor cresceu 2% – muito pouco perto do imenso potencial brasileiro. Considerando os resultados dos últimos 12 meses, a
Se o varejo sinaliza recuperação, ainda que suave, a indústria segue a mesma toada. Recentemente, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) informou que, no acumulado do ano (janeiro a março), o faturamento do setor cresceu 0,1%, o que significa que ele continua no zero a zero.
A geração de empregos foi igualmente discreta. Em março, o número de vagas da indústria encolheu 0,3% em relação a fevereiro, mas cresceu 0,5% na comparação com março de 2018. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo é positivo, com aumento de 1,7% do número de vagas.
Segundo Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, os recentes indicadores demonstram que a crise ficou para trás, mas também confirmam que o reaquecimento dos negócios será gradual. De acordo com o executivo, a solução para destravar o setor passa necessariamente pela retomada dos investimentos na construção imobiliária, tanto residencial quanto comercial, mas também pela execução de obras de infraestrutura.
A indústria de cimentos vem enfrentando um cenário parecido. Em abril, as vendas totalizaram 4,4 milhões de toneladas, um aumento de 0,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo levantamento realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o crescimento foi discreto, de 0,9%, totalizando 17 milhões de toneladas.
De acordo com Paulo Camillo, presidente do SNIC, o mês de abril apresentou uma ligeira piora nos indicadores, como resultado da leve retração do mercado interno. Em maio, o setor espera uma alta substancial principalmente na comparação com o mesmo mês do ano passado, fortemente afetado pela greve dos caminhoneiros que provocou estragos em toda a economia brasileira.
Apesar da expectativa positiva, é impossível cravar uma projeção certeira para 2019. “Ao mesmo tempo em que temos bons indicadores de financiamentos imobiliários, há um sofrível desempenho das obras de infraestrutura, que não demonstram recuperação. A aprovação da reforma da previdência, junto com outras medidas pró-mercado, suficientes para estabilizar a razão dívida/PIB, podem deixar o ambiente mais positivo. No nosso cenário de referência, mantemos a projeção de crescimento de 3% para 2019”, afirmou há alguns dias o presidente do SNIC, durante a divulgação dos resultados do setor.