Bares e restaurantes brasileiros devem faturar R$ 251,7 milhões com o movimento puxado pelos jogos da Copa do Mundo da Rússia. O montante, estimado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é comemorado pelo setor. Entretanto, as empresas não consideram que será o suficiente para superar a crise no consumo. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais, Ricardo Rodrigues, admite que ainda que o Brasil avance no Mundial de futebol, o resultado será pouco para superar os prejuízos acumulados com o desabastecimento recente provocado pela greve dos caminhoneiros.
Na comparação com o mundial de 2014, a movimentação financeira será 39,6% menor, de acordo com a pesquisa da CNC. Há quatro anos, quando a Copa ocorreu no Brasil, o setor de alimentação faturou R$ 399 milhões. Em Minas Gerais, a queda em 2018 chega a 70%, na comparação com 2014. Apesar disso, o aumento esperado da movimentação de clientes em bares e restaurantes neste mês e em julho corresponderá a quase 3,3% do faturamento médio mensal normal do setor.
A projeção para o desempenho do comércio está tão controversa quanto aposta em placar de jogo. O Baiana do Acarajé, um clássico estabelecimento da Savassi, no quarteirão fechado da Rua Antônio de Albuquerque, na Zona Sul de Belo Horizonte, estava apinhado de torcedores ontem durante a partida de estreia do Brasil no Mundial. Termômetro do movimento, o diretor do bar, Odair Melo, disse que a festa na rua se compara à Copa de 2014.
Embora bonita, ela não é lucrativa para o dono de restaurante. “É ótimo para festa, mas para o faturamento é ruim. Ganhamos com comida e as pessoas só bebem cerveja”, diz. Contudo, ele prefere manter o otimismo. “Por mim, podia ter todo ano”, diz.
MORNO Dono do tradicional Bar da Neca, na Rua Pium-í, no Bairro Sion, Região Centro-Sul de BH, Rodrigo Barreira considerou movimento satisfatório, porém, menor em relação a dias de clássico e a outras Copas. Sem comparar com 2014, ano totalmente atípico pelo fato de o Brasil ter sediado o mundial, o empresário avalia que o campeonato da Rússia está mais fraco em relação às anteriores.
Apesar disso, o movimento no bar ontem surpreendeu. “Estava achando que ia ser pior. Se conseguir fechar o mês igual ao ano passado, está ótimo. O comércio está ruim, ainda teve a crise com greve dos caminhoneiros. Não é Copa do Mundo que vai levantar defunto”, diz. O bar está todo decorado de verde e amarelo e assim o dono pretende manter até o fim da Copa, em 15 de julho. “Já está difícil e o Brasil ainda empata”, reclama.
Estreante em Copas do Mundo, o bar Muu, também na Pium-í, comemora a primeira partida, apesar do empate. “O público foi maior do que o da Sexta-feira de carnaval”, afirma o gerente da casa, Valtair Júnior. O movimento é duas vezes superior ao de um domingo convencional e a torcida lotou o bar e invadiu o passeio. “Agora é só torcer para que o Brasil não perca na próxima”, diz.