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Estado de Minas

Apesar da desvalorização, criptomoedas ainda se mantêm no mercado

Número de transações cai pela metade e põe em discussão o futuro das criptomoedas. Na Alemanha, governo abre precedente e reconhece moedas virtuais como meio de pagamento


postado em 06/03/2018 12:00 / atualizado em 06/03/2018 09:15

"As moedas virtuais estão provocando um verdadeira revolução econômica - e isso é bom" , avalia Richard Branson, fundador da Virgin (foto: FAYEZ NURELDINE/AFP 26/10/17 )

"Tenho quase certeza de que o bitcoin terá um final ruim", afirma Warren Buffett, megainvestidor (foto: YURI GRIPAS/AFP 14/6/16 )
São Paulo – A análise do gráfico de cotação do bitcoin, a moeda virtual mais popular do planeta, tem deixado investidores desnorteados. Em dezembro do ano passado, ela chegou a seu pico máximo, negociada a US$ 19,7 mil. No final de janeiro, caiu para a metade. Em meados de
fevereiro, despencou para US$ 6 mil e agora resvala novamente na casa dos US$ 12 mil.

Alguns especialistas sérios afirmam que a criptomoeda é uma grande bomba e que ela vai terminar o ano abaixo de melancólicos US$ 5 mil. Outros garantem que o valor de uma unidade de Bitcoin pode chegar a US$ 50 mil no final de 2018, ou até mais, e levar os mais resistentes, aqueles que suportaram a pressão diante do sobe e desce das cotações, a ganhar bastante dinheiro.

Afinal, quem tem razão? A resposta é uma demonstração perfeita de como funciona o mercado financeiro: ninguém tem 100% certeza de nada, a não ser que ela continuará provocando intensos debates ao longo do ano.

Alguns indicadores sinalizam que a Bitcoin perdeu o irresistível poder de sedução. Ao contrário do final do ano passado, quando havia uma corrida nas corretoras especializadas, o mercado parece agora bem mais sereno. Em outras palavras: as moedas virtuais, e não apenas a Bitcoin, estão perdendo popularidade.

O número de transações diárias de bitcoins caiu de 400 mil em dezembro para 200 mil em março, segundo dados da Blockhain.info. Trata-se do nível mais baixo em dois anos, quando a moeda era negociada abaixo de US$ 1 mil.

O interessante desses dados é que, nas últimas semanas, a cotação da Bitcoin vem recuperando terreno. Mesmo assim, o total de transações continua descendente. O que explica o movimento? Para analistas, uma das razões é a avalanche de notícias negativas sobre as criptomoedas, envolvendo inclusive referências do universo financeiro, como o megainvestidor Warren Buffett, que afirmou ter quase certeza de que o “bitcoin terá um final ruim.”

Outra explicação para a queda de transações está em um inevitável processo de acomodação. O fim do furor em torno das moedas virtuais não é, portanto, algo necessariamente ruim. “Pode ser um sinal do amadurecimento deste mercado”, diz o consultor financeiro Alex Foltran. “A loucura pelas moedas virtuais esfriou, e agora talvez as transações entrem em um período de calmaria.”

Grandes investidores em criptomoedas apostam que elas estão bem distantes do precipício e que o negócio continuará valendo a pena nos próximos anos. Em entrevista concedida à Bloomberg na semana passada, o americano David Drake, CEO da LDJ Capital, empresa que tem mais de US$ 10 milhões aplicados em moedas virtuais, afirmou que o bitcoin chegará a US$ 35 mil até o final de 2018. “Temos um histórico de transações muito lentas e caras e levará algum tempo para as pessoas se esquecerem”, disse Drake. “Mas as criptomoedas voltarão.”

Drake, porém, está menos otimista do que seis meses atrás. Na ocasião, ele chegou a afirmar que o bitcoin valeria mais de US$ 50 mil em dezembro de 2018. Com a queda abrupta da cotação em janeiro, ele atualizou seus prognósticos.

Seja qual for o caminho que as moedas virtuais tomarão nos próximos meses, a verdade é que os últimos dias trouxeram notícias positivas. O movimento mais importante veio da Alemanha, uma das nações mais austeras do mundo em termos de regulação financeira. O país reconheceu o bitcoin como meio de pagamento, criando assim um precedente para a União Europeia. Se os alemães estão abertos às moedas virtuais, por que seus vizinhos não estariam?

Na semana passada o Bank Frick, banco privado de Liechtenstein, anunciou a permissão para que seus clientes façam investimentos em criptomoedas. Por enquanto, serão aceitas bitcoin, bitcoin cash, litecoin, ripple e ethereum. Iniciativas como essas mostram que as moedas virtuais ainda estão no jogo, apesar de tudo.


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