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Estado de Minas

Em paz, Usiminas tem novo desafio e novo presidente prega 'superação'

Executivo diz que cresce responsabilidade com resultados


postado em 04/03/2018 06:00 / atualizado em 04/03/2018 14:24

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )

Mensageiro do acordo de paz dos principais acionistas da Usiminas – a Nippon Steel, do Japão, e a italiana Ternium/Techint – o presidente da siderúrgica mineira, Sergio Leite, não perdeu tempo ao dar a boa notícia acompanhada de um recado desafiador aos cerca de 1,5 mil empregados que se reuniram com o executivo por videoconferência.

“A palavra-chave para 2018 é superação”, afirmou, admitindo que o fim da briga societária elimina tensões e desgaste, mas aumenta a responsabilidade de mostrar resultado.

A empresa ganha fôlego novo num cenário em que o Brasil tem pavio ainda curto para confirmar o crescimento de modesto 1% em 2017. Nem bem o governo comemorou e surgiu outro solavanco com o anúncio da sobretaxação das vendas de aço aos Estados Unidos (EUA), o que, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), tende a gerar prejuízo de US$ 3 bilhões.

Para a Usiminas, a medida determinada pelo presidente  Donald Trump não deve ter impacto relevante, uma vez que os embarques aos EUA no ano passado não passaram de 4% do total. Os desafios mais pesados vão ser mesmo encarados no mercado brasileiro. “O que pode trazer maior risco é o Brasil não crescer como esperamos”, afirma o presidente da siderúrgica, que fala, nesta entrevista, dos planos da companhia.


O que muda com a paz selada entre os sócios?
Estamos num ambiente de negócios cada vez mais desafiante e enxergamos perspectiva de crescimento favorável do Brasil. A união de forças num cenário de paz na Usiminas nos permite trabalhar com mais tranquilidade. Internamente, para todos os empregados, a palavra-chave em 2018 é superação. Em 9 de fevereiro, anunciamos o fim do conflito societário às 19h15 em Nova York e às 19h30 na bolsa de valores e na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Às 10h, nos reunimos com 1.500 empregados em videoconferência com 13 conexões em todos os locais de atuação da companhia para dar a notícia. Foi uma alegria muito grande, um momento muito importante na nossa empresa. O conflito nada agregou à companhia, pelo contrário, trouxe foi tensão e muito desgaste, afetando a felicidade dos trabalhadores.

Os desafios a que o senhor se refere passam a ser encarados com uma cobrança maior, então?
Entramos num cenário em que empregados e acionistas agora têm de construir um futuro para a Usiminas e a nossa responsabilidade, de fato, cresce. Os desafios em 2018 são maiores que tudo aquilo que enfrentamos em 2017 e 2016. Estamos preparados para a concorrência, o que pode trazer maior risco é o Brasil não crescer da forma como esperamos. A nossa expectativa é muito grande na capacidade do país de crescer 3% neste ano e de que seja eleito um presidente comprometido com o crescimento econômico e a solução das carências enormes do Brasil em saúde, educação e logística.


O que já se discutiu na companhia sobre esse futuro?
Quando anunciamos os resultados do segundo trimestre de 2017, a Usiminas voltou a se dedicar ao planejamento estratégico e vamos buscar melhorias permanentes de resultados. A ordem é trabalhar para reduzir o endividamento da empresa, manter a equipe num clima interno mais estimulante possível e com lideranças melhor preparadas, de forma ampla e completa. Vamos continuar buscando de forma intensa reduzir custos, aumentar a produtividade e ampliar as margens. Queremos ser uma referência em qualidade e gestão na indústria do aço e o foco tem de estar no pessoal da companhia e nos clientes. O primeiro grande projeto da Usiminas dos novos tempos começou em julho de 2017 e vai levar três anos num programa de formação oferecido pela Fundação Dom Cabral para treinar 392 líderes (gerentes, gerentes gerais e coordenadores) das cinco empresas do grupo (além da Usiminas, Unigal, Mineração Usiminas, Soluções Usiminas e Usiminas Mecânica).

Como são as metas para o endividamento?
Renegociamos a dívida (de R$ 6,5 bilhões em dezembro de 2017) por um período de 10 anos, com três de carência. Começaríamos a amortizar em setembro de 2019, mas já fizemos as primeiras amortizações de US$ 90 milhões e US$ 180 milhões em janeiro e fevereiro. Mais US$ 100 milhões (R$ 330 milhões) serão amortizados em 15 de março. O valor que em novembro de 2017 somava R$ 6,9 bilhões será inferior a R$ 6 bilhões (previsão é R$ 5,6 bilhões) no fim deste primeiro trimestre.

E a estratégia para melhorar os resultados?
Terminamos 2017 com resultados de uma empresa normal e no contexto de um Brasil recém-saído da recessão. Para a Usiminas, foi um ano inesquecível. Houve todo o trabalho de tirar a empresa de uma situação extremamente delicada, com o risco de um pedido de recuperação judicial, e que teve o seu ponto crítico em maio de 2016. No ano passado, a ação preferencial nominativa da companhia teve valorização de 122% e o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) de R$ 2,2 bilhões foi o melhor da companhia nos últimos sete anos. Das cinco empresas do grupo, quatro apresentaram resultados positivos, à exceção da Usiminas Mecânica, a mais atingida pela crise da economia. Esse resultado espelha um trabalho que não para da equipe da Usiminas.

Como ficam os investimentos em 2018?
Na siderurgia, estamos na etapa final das obras para retomar em abril o alto-forno 1 da usina de Ipatinga. Com isso, vamos aumentar a produção de placas em mais de 600 mil toneladas por ano, uma expansão de 20%. Na mineração, estimamos que vamos vender volume superior a 6 milhões de toneladas em 2018, quando o ritmo era de 2,4 milhões de toneladas por ano no primeiro semestre de 2017. Ainda na siderurgia, em temos de preços, anunciamos reajuste de 20% junto aos clientes do setor automotivo, que representa um terço dos negócios da empresa. Somos o líder no abastecimento de aço às montadoras e respondemos por 50% de todo o aço plano que elas consumiram no ano passado. As montadoras anunciaram crescimento de 25% da produção em 2017 e preveem crescer mais 10% neste ano. Para as operações da usina de Cubatão (com áreas de produção primárias paralisadas desde janeiro de 2016, quando cerca de 2 mil pessoas foram demitidas), nossa visão continua na mesma perspectiva de não retomá-las antes de 2021. Para 2018, nossa expectativa é investir R$ 500 milhões na manutenção das nossas atividades.

 


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