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Estado de Minas ENTREVISTA

Após venda, Itambé ganha força no mercado e faz planos para o futuro

Executivo diz que laticínio terá marca mantida e gás para crescer sob gestão da Lactalis


postado em 18/02/2018 01:00 / atualizado em 18/02/2018 09:09

A unidade Uberlândia da Itambé é uma das quatro em Minas que recebem o leite da Lactalis(foto: Itambé Alimentos/Divulgação)
A unidade Uberlândia da Itambé é uma das quatro em Minas que recebem o leite da Lactalis (foto: Itambé Alimentos/Divulgação)

Quase dois meses e meio depois do anúncio da venda do laticínio mineiro Itambé à gigantesca fabricante de produtos lácteos Lactalis, a Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), dona da empresa, conta os dias para ver a companhia francesa assumir o negócio. No escritório instalado na rua que leva o nome da indústria, no antigo Bairro Floresta, em Belo Horizonte, o presidente da CCPR e da Itambé, Marcelo Candiotto, diz que sob o guarda-chuva do acionista, visto sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na semana passada, mas ainda vetado pela Justiça paulista, a marca mineira não só será mantida, como ganha força. A meta para 2018 é de crescimento de 15%, pelo menos, ante o cenário de reação do consumo no país.

“Consideramos o negócio com a Lactalis uma oportunidade para os produtores crescerem junto dela”, afirma. A Itambé estaria preparada para um aumento substancial da produção em termos da captação de leite. “É isso o que atraiu os interessados na empresa”, destaca Candiotto. Segundo o presidente do laticínio, o contrato negociado com a Lactalis assegura o recebimento do leite produzido pelos associados da CCPR durante 10 anos, renováveis por igual período, “a preços justos”, baseados na bacia leiteira abrangida pela cooperativa central. Nesta entrevista ao Estado de Minas, ele fala de novos planos e da expectativa pela chegada da Lactalis.


"A Lactalis tem absoluta certeza da preservação da marca Itambé. Ela demonstrou a intenção de fortalecer a nossa indústria" - Marcelo Candiotto, presidente da CCPR e da Itambé (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

DISPUTA JUDICIAL

A decisão do Cade (o Conselho Administrativo de Defesa Econômica ratificou na quinta-feira o parecer em que aprovou, sem restrições, a venda da Itambé à Lactalis, em contraposição a recursos apresentados pela Vigor Alimentos, antiga sócia do laticínio mineiro) nos ajuda muito a reformar o despacho da Justiça para que a Lactalis assuma o negócio. Já houve decisões em primeira e segunda instâncias considerando legal a operação, mas quando você vê uma decisão favorável do Cade isso repercute bem junto aos bancos e reflete também no campo, junto aos nossos cooperados, dando mais tranquilidade a eles. Do ponto de vista concorrencial, não há mais o que questionar. E isso também consolida a legalidade da operação, é algo muito importante nesse sentido. A gente espera que esse litígio se resolva o mais rápido possível para seguir vida nova.

ACORDO PARA A CCPR e a ITAMBÉ

Entendemos que foi um ótimo negócio (a venda do laticínio à Lactalis), depois de três anos em que não tivemos prioridade para as nossas vendas. O contrato que negociamos com a Lactalis contempla tudo o que beneficia a cadeia de produção. O principal é que assegura aos produtores o fornecimento de leite e a preço justo durante 10 anos, renováveis por mais 10 anos (o documento prevê que os preços pagos tenham como base o levantamento de dados na bacia leiteira que a CCPR abrange pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Esalq, da Universidade de São Paulo, referência na pesquisa de preços agropecuários no Brasil). O nosso planejamento para 2018 é de crescimento em torno de 15% frente à produção do ano passado. Consideramos o negócio com a Lactalis uma oportunidade para os produtores (6,2 mil ao todo em Minas e Goiás) crescerem juntos dela, tendo em vista as sinergias com a própria estrutura da Lactalis, que capta 4,5 milhões de litros de leite por dia no Sul do Brasil. O negócio tornará a Lactalis a maior empresa de lácteos do Brasil e nós seremos seus parceiros.

COMO FICA A MARCA

A Lactalis tem absoluta certeza da preservação da marca Itambé, como faz com as marcas que adquiriu pelo mundo. Ela demonstrou a intenção de fortalecer a nossa indústria. A Itambé estaria preparada para aumento substancial da produção em termos de captação de leite e é isso que atraiu os interessados na empresa. Fornecemos 3 milhões de litros por dia às fábricas (são quatro unidades em Minas, nos municípios de Pará de Minas, Sete Lagoas, Uberlândia e Guanhães; e duas em Goiás). Na nossa região, a Lactalis capta apenas 300 mil litros de leite por dia. Com pequenos investimentos em adequação nas fazendas fornecedoras da matéria-prima à Itambé podemos aumentar muito o fornecimento e chegar a 4,5 milhões de litros por dia, tendo mais estrutura e com um mercado promissor, porque a Lactalis tem planos bem ousados para a captação de leite.

RECUPERAÇÃO

Desde janeiro, o mercado de lácteos tem reagido e já estamos recebendo leite de outras cooperativas, porque a produção aumentou e a Itambé está ampliando a captação. Temos também trabalhado com lançamentos feitos durante o ano passado e acredito que poderíamos atender à demanda de no mínimo mais 15 cooperativas da região Central, do Alto Paranaíba e do Triângulo, hoje fora da CCPR. Em 2017, as nossas fábricas rodaram ao nível de 50% da sua capacidade produtiva e hoje temos unidades rodando ao ritmo de 87,5% a 90% da sua capacidade. Trabalhamos com fornecimento de quase 3 milhões de litros de leite por dia, quando em agosto do ano passado esse volume estava em 2,2 milhões de litros ao dia. Os preços também melhoraram. Há dois meses, o preço do leite spot (aquele comercializado no dia a dia pelos laticínios) estava entre R$ 0,85 e R$ 1 por litro, e hoje alcança a faixa de R$ 1,25 a R$ 1,30.

* Presidente da Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) e da Itambé


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