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Estado de Minas

Produtores artesanais enfrentam desafios para conquistar grandes mercados

Em tempo de crise econômica, a logística e o acesso ao varejo são os principais obstáculos para quem trabalha com produtos artesanais


postado em 22/10/2017 06:00 / atualizado em 22/10/2017 09:11

Principal objetivo de Tiago Silva é ampliar a produção de maracujá de Cataguases(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Principal objetivo de Tiago Silva é ampliar a produção de maracujá de Cataguases (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Quando a proprietária rural Cláudia Aparecida Santos, de Cambuí, no Sul de Minas Gerais, decidiu transformar em doce o resto da plantação de banana da fazenda não esperava que o produto se tornasse a principal fonte de renda da família 10 anos depois. Os desafios enfrentados pelos produtores artesanais, como Cláudia, no entanto, são enormes e, em período de crise econômica podem impedir que os negócios promissores decolem. Dificuldades logísticas, problemas na safra e pouco acesso às grandes redes de supermercados são alguns dos obstáculos que milhares de pequenos produtores enfrentam para manter vivos seus negócios.


“Nossa maior dificuldade, como produtores artesanais, é fazer com que as pessoas conheçam os nossos produtos”, explica Cláudia Santos. Ela e outros 50 empreendedores de pequenos negócios de várias regiões de Minas participaram da convenção e feira dos supermercadistas mineiros Superminas em busca de contatos com grandes lojas de supermercados. Eles conversaram com a reportagem do Estado de Minas sobre os desafios enfrentados em período de crise econômica.


“A ideia de produzir a bananinha surgiu porque percebemos que muita banana se perdia e nem sempre as vendas eram boas. Então, comecei a fazer uma receita caseira, primeiro apenas para os vizinhos. Depois, comecei a vender na cidade. Hoje, o desafio é chegar a lugares diferentes, porque nas cidades pequenas as pessoas conhecem os produtores, sabem da qualidade e já gostam do produto. O maior desafio é abrir novas portas e levar nosso doce para que as pessoas conheçam”, conta Cláudia. Em 2007, ela começou o negócio apenas com o marido e agora já emprega três pessoas.


O engenheiro ambiental Caio Lolobrígida, de Conceição do Rio Verde, começou no início do ano a vender café produzido, moído e torrado na própria fazenda dele. Junto do pai, ele planejou o processo apostando na qualidade dos grãos, mas já percebeu os obstáculos a serem superados se quiser ver o negócio prosperar.

 “Sabemos que o produto bom conquista o cliente. E apostamos nesse trabalho artesanal, que faz diferença para o consumidor, mas a questão de logística ainda é um empecilho grande para os pequenos produtores. Levar seu produto para grandes centros requer uma estrutura que pouca gente tem. E em época de crise, quando precisamos diversificar o mercado de consumo, entregar o produto é o maior desafio”, explica Lolobrígida.

 

Investimentos

Para o presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Poni, a busca constante pela preparação e qualificação dos produtores é o melhor caminho para inserir os itens artesanais no grande mercado consumidor. “O processo envolve uma cadeia que precisa ser bem planejada. É preciso que o consumidor perceba a qualidade do produto, mas é preciso também pensar na produção e na entrega. Não adianta o produto ser bom se o produtor não conseguir disponibilizá-lo nas prateleiras. Se a demanda aumentar, preciso saber como atendê-la”, explica.


Segundo Poni, o desenvolvimento de polos regionais em Minas e o apoio de órgãos do governo na qualificação profissional têm sido fator importante para que os produtores artesanais superem a retração da economia nos últimos anos. “Em Minas, as distâncias entre os municípios poderia ser um entrave para a expansão dos pequenos comerciantes. No entanto, o estado tem grandes polos, em que a demanda é boa. Um produtor do interior pode não conseguir chegar a Belo Horizonte, mas com certeza pode ampliar seu negócio em uma cidade grande ou média próxima de sua propriedade”, diz Poni.


O técnico agrícola Robson Martins, de Barbacena, percebeu que apenas com investimentos na produção ele conseguiria chegar aos principais supermercados do estado. Em 2012, começou a vender tomate grape vermelho para sacolões e pequenos supermercados. Hoje, após comprar um caminhão e ampliar a oferta dos produtos, entrega semanalmente em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.


“Comecei devagar. Criei minha logomarca no meu próprio computador. Eu mesmo entregava o produto. Depois consegui apoio do Sebrae para desenvolver melhor a marca e os produtos. Investi em embalagens melhores, em aprimorar a distribuição e passei a chegar a mais lojas. Com isso, a demanda aumentou, alcançamos mercados maiores e começamos a bolar produtos novos”, conta Robson, que lançou na Superminas o milho doce.


Ampliar a produção e alcançar mais cidades é o desafio do produtor de maracujá em Cataguases Tiago Silva. Depois de pesquisar sementes geneticamente modificadas para conseguir plantar uma fruta de alta qualidade, ele agora tem de superar o obstáculo de aumentar o estoque e garantir a entrega. “Nosso maracujá é muito procurado nos sacolões e supermercados da região. Mas em BH ainda não vendo por questões logísticas. São 400 quilômetros de distância”, diz Tiago. Segundo ele, o primeiro objetivo a ser conquistado já em 2018 é aumentar o volume do produto para atender a mais lojas.


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