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Estado de Minas

Crescimento nas va­gas for­mais de trabalho já era esperado por especialistas

Da­dos do Ca­ged apon­tam pa­ra a pri­mei­ra re­a­ção de­pois de 22 me­ses de que­da no emprego


postado em 17/03/2017 06:00 / atualizado em 17/03/2017 10:31

O pre­si­den­te Mi­chel Te­mer anun­ciou com oti­mis­mo nesta quinta-feira (16) a cri­a­ção de 35.612 va­gas com car­tei­ra as­si­na­da, em fe­ve­rei­ro, pe­los da­dos do Ca­das­tro Ge­ral de Em­pre­ga­dos e De­sem­pre­ga­dos (Ca­ged), do Mi­nis­té­rio do Trabalho. Es­se nú­me­ro, após 22 me­ses de que­da nas ad­mis­sõ­es – des­de mar­ço de 2015, quan­do fo­ram aber­tos 19.282 pos­tos -, se­gun­do Te­mer, “é uma no­tí­cia po­si­ti­va”. “Cla­ro que te­mos ain­da mui­tos mi­lhõ­es de bra­si­lei­ros que que­rem emprego. Mas é pre­ci­so começar. E o co­me­ço é por es­ta no­tí­cia”.

O che­fe do Exe­cu­ti­vo, que tem fei­to um es­for­ço pa­ra ex­por uma agen­da po­si­ti­va em seu go­ver­no, apro­vei­tou a le­van­ta­men­to pa­ra si­na­li­zar que, se­gun­do ele, é cres­cen­te a con­fi­an­ça dos agen­tes de mercado.


“A eco­no­mia bra­si­lei­ra vol­ta a cres­cer e os si­nais des­se fa­to são ca­da dia mais cla­ros”, pon­tuou Temer. Pa­ra o mi­nis­tro do Tra­ba­lho, Ro­nal­do No­guei­ra, o Ca­ged “mos­tra que as me­di­das ado­ta­das pe­lo go­ver­no nos úl­ti­mos se­te me­ses re­co­lo­ca­ram o país nos tri­lhos, fa­zen­do com que a cri­se fi­que ca­da vez mais dis­tan­te”.

Os da­dos não ape­nas são ani­ma­do­res, co­mo tam­bém in­di­cam uma in­ci­pi­en­te re­a­ção dos in­ves­ti­men­tos, na ava­li­a­ção do co­or­de­na­dor Ge­ral de Es­ta­tís­ti­cas do Tra­ba­lho do Mi­nis­té­rio do Tra­ba­lho, Ma­rio Ma­ga­lhã­es, com ba­se na ge­ra­ção de pos­tos na in­dús­tria me­câ­ni­ca e me­ta­lúr­gi­ca, sub­se­to­res da in­dús­tria da trans­for­ma­ção, que re­gis­trou um sal­do de ad­mis­sõ­es su­pe­ri­o­res ao de de­mis­sõ­es em 7,28 mil postos.


Em fe­ve­rei­ro, a in­dús­tria me­ta­lúr­gi­ca re­gis­trou a cri­a­ção de 659 va­gas, en­quan­to o sal­do da in­dús­tria me­câ­ni­ca fi­cou po­si­ti­vo em 254 postos. “Uma pro­duz ba­si­ca­men­te computadores. A ou­tra, metais. Is­so de­no­ta in­ves­ti­men­tos, com­pra de ca­pi­tal fi­xo”, des­ta­cou Magalhães. Na ava­li­a­ção de­le, a re­to­ma­da da in­dús­tria ten­de a se re­pro­du­zir na ati­vi­da­de econômica.

CAU­TE­LA


O Bra­sil ain­da es­tá lon­ge de ter mo­ti­vo pa­ra co­me­mo­rar um bom de­sem­pe­nho no mer­ca­do de tra­ba­lho, de acor­do com analistas. O sal­do po­si­ti­vo de 35.612 va­gas, em fe­ve­rei­ro, é o pri­mei­ro cres­ci­men­to do em­pre­go des­de abril de 2015, re­sul­ta­do de 1.250.831 con­tra­ta­çõ­es con­tra 1.215.219 de­mis­sõ­es, que le­vou o país a 38.315.069 pes­so­as empregadas.

Mas, nos úl­ti­mos 12 me­ses, fo­ram fe­cha­dos 1,28 mi­lhão de em­pre­gos formais. A Re­gi­ão Sul te­ve o mai­or cres­ci­men­to (35.422 va­gas). A Su­des­te abriu 24.188 va­gas e a Cen­tro-Oes­te, 15.740. No Nor­te (-2.730 va­gas) e Nor­des­te (-37.008), as dis­pen­sas su­pe­ra­ram as contratações.

Pa­ra o eco­no­mis­ta Ge­ral­do Bi­a­so­to Jú­ni­or, da Uni­ver­si­da­de de Cam­pi­nas (Uni­camp), a pe­que­na me­lho­ra já era esperada. “É de pra­xe que fe­ve­rei­ro se­ja me­lhor que ja­nei­ro, por con­ta das dis­pen­sas dos con­tra­ta­dos de fim de ano. Mas é di­fí­cil ga­ran­tir que o Bra­sil vai mes­mo me­lho­rar”, ressaltou.

Ele lem­brou que o país tem ta­xa de ju­ro re­al de cer­ca de 7% ao ano, vi­ve uma gran­de de­sor­ga­ni­za­ção ma­cro­e­co­nô­mi­ca, tem câm­bio va­lo­ri­za­do e cré­di­to restrito. Além das in­se­gu­ran­ças com a Ope­ra­ção La­va-Jato. “A eco­no­mia es­tá sen­do ba­le­a­da pe­la política. Co­mo atra­ir in­ves­ti­do­res com es­se pa­no­ra­ma? O me­do de co­me­çar a ad­mi­tir ain­da não de­sa­pa­re­ceu”, ques­ti­o­nou Biasoto.

No en­ten­der do eco­no­mis­ta Car­los Al­ber­to Ra­mos, da Uni­ver­si­da­de de Bra­sí­lia (UnB), o oti­mis­mo do go­ver­no de­ve ser en­ca­ra­do com os pés no chão. Afi­nal, ex­pli­cou, a eco­no­mia re­al con­ti­nua de­te­ri­o­ra­da e a que­da de 0,9% do Pro­du­to In­ter­no Bru­to (PIB) no quar­to tri­mes­tre de 2016 em re­la­ção ao ter­cei­ro tri­mes­tre é o in­di­ca­ti­vo de que a re­a­ção se­rá mais len­ta em 2017.

“A va­lo­ri­za­ção do re­al em re­la­ção ao dó­lar jo­ga con­tra a indústria. Os em­pre­sá­ri­os não vão sa­ir con­tra­tan­do a tor­to e a direita. Pre­ci­sam da cer­te­za de que as re­for­mas da Pre­vi­dên­cia e tra­ba­lhis­ta se­rão aprovadas. Tan­to ad­mis­são quan­to de­mis­são têm custos. O em­pre­sa­ri­a­do ain­da vai aguar­dar pa­ra ini­ci­ar re­to­mar os in­ves­ti­men­tos em mão de obra.” Ele acre­di­ta que o mer­ca­do de tra­ba­lho só apre­sen­ta­rá uma me­lho­ra mais ní­ti­da no úl­ti­mo tri­mes­tre de 2017.

As flu­tu­a­çõ­es nas in­ten­çõ­es dos em­pre­sá­ri­os são sen­ti­das na prá­ti­ca pe­los trabalhadores. Fer­nan­da Ro­cha, de 25 anos, fi­cou qua­tro me­ses sem em­pre­go de­pois que per­deu a va­ga de recepcionista. Ago­ra, tra­ba­lha em uma con­ces­si­o­ná­ria, mas com sa­lá­rio inferior. “Eu ga­nha­va R$ 2,5 mil por mês. E pas­sei a re­ce­ber R$ 1 mil. Mas pre­ci­sa­va trabalhar. O di­nhei­ro do se­gu­ro-de­sem­pre­go já es­ta­va aca­ban­do”, revelou. Pa­trí­cia Yu­nes, de 45, vi­veu si­tu­a­ção semelhante. Era se­cre­tá­ria em um ór­gão público. Há três anos, es­ta­va en­tre um gru­po de ter­cei­ri­za­dos que foi demitido.

“Fiz bi­co co­mo re­cep­ci­o­nis­ta de con­ven­çõ­es e seminários. Só ago­ra, três di­fe­ren­tes com­pa­nhi­as me pro­cu­ra­ram ao mes­mo tempo. Ape­sar das op­çõ­es, o me­lhor sa­lá­rio é de R$ 3,5 mil. Eu vi­via com R$ 4 mil”, reclamou. Ela con­tou que seu fi­lho, de 22 anos, tam­bém foi dis­pen­sa­do na mes­ma época. “Ele tra­ba­lha com tec­no­lo­gia da informação. Foi con­vi­da­do pa­ra ou­tro es­ta­do pa­ra ga­nhar o dobro. Pe­lo me­nos, ele te­ve sor­te”, co­me­mo­rou Patrícia. Já Jo­sé Pau­lo Fon­se­ca, de 32, con­se­guiu equi­li­brar as finanças. Era vigilante. Ago­ra, é cui­da­dor de cães. “Es­tou fa­zen­do uma coi­sa di­fe­ren­te, mas con­ti­nuo com o mes­mo salário. Aca­bou sen­do bom por­que não afe­tou meu or­ça­men­to”, des­ta­cou Jo­sé Paulo.

Ed­na Evan­ge­li­no, de 29, dei­xou de tra­ba­lhar de­pois que o sa­lão de be­le­za on­de era ma­ni­cu­re fe­chou, jus­to no mo­men­to em que pen­sa­va em fa­zer um cur­so de cabeleireira. “Meu avô, que é uma pes­soa mui­to sá­bio, dis­se que há ma­les que vêm pa­ra bem. Ele me aju­dou, eu es­tu­dei, apren­di a pro­fis­são de ca­be­lei­rei­ra e tam­bém es­tou me for­man­do co­mo podóloga. Ain­da não con­se­gui em­pre­go, mas es­tou mais con­fi­an­te, por­que fa­ço vá­ri­os bi­cos e não fi­co sem di­nhei­ro”, con­tou Edna.

 

enquanto isso...

 

...Meirelles prevê recuperação

 

Após dois anos de recessão, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, previu na manhã de ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá crescimento no primeiro trimestre do ano na comparação com os últimos três meses do ano passado. “Esperamos crescimento do PIB no primeiro trimestre, na margem”, disse a jornalistas após participar de um seminário na Alemanha. Ele explicou que não apresentaria um número para a imprensa porque o Ministério não faz previsões trimestrais para o PIB. Um pouco antes, em entrevista à rede de televisão americana CNBC, Meirelles disse que o governo esperava não apenas um crescimento no início de 2017, mas também aceleração da atividade ao longo do ano. De acordo com o ministro, não só as reformas, previstas para serem implantadas ainda este ano, como também a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto dos gastos serão estímulos para o crescimento econômico. “Indicadores já mostram recuperação”, considerou, acrescentando que os investimentos estão voltando porque a “economia está em processo de retomada”.


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