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Estado de Minas

Economia: Brasil viu desemprego disparar, contas públicas derreterem e PIB

Cenário econômico no Brasil bateu várias marcas negativas em 2016


postado em 31/12/2016 06:00 / atualizado em 31/12/2016 11:32

Cotação da moeda dos EUA passou de R$ 4 em janeiro, mas ao longo do ano recuou(foto: Graziela Reis/EM/D.A Press )
Cotação da moeda dos EUA passou de R$ 4 em janeiro, mas ao longo do ano recuou (foto: Graziela Reis/EM/D.A Press )

Recorde de desempregados, maior déficit nas contas públicas da história, paralisação nos investimentos públicos, auge da cotação do dólar e estados em situação de calamidade financeira. O cenário econômico no Brasil bateu várias marcas negativas em 2016. Ao longo de doze meses as notícias ruins se acumularam, começando logo nos primeiros dias, quando a moeda americana atingiu a marca de R$ 4,16 – maior cotação desde a criação do real. A instabilidade política fez com que o país se atolasse cada vez mais na lama da recessão e desdobramentos de escândalos de corrupção atingiram em cheio as principais empresas brasileiras.

Após o impeachment de Dilma Rousseff, o mercado viveu semanas de euforia, com a perspectiva de uma recuperação na economia. Mas a expectativa de melhora durou pouco tempo e os resultados ruins voltaram a desanimar investidores e assustar a população. O presidente Michel Temer adotou medidas para contornar a situação: um projeto polêmico que estabelece um teto para os gastos públicos (começa a vigorar em 2017) e apresentou proposta para reformar a previdência (ainda será discutida no Congresso Nacional). O ano se encerrou como mais uma notícia péssima: entre janeiro e novembro o mercado de trabalho fechou mais de 850 mil postos formais de trabalho e o país atingiu a marca recorde de 12,1 milhões de pessoas sem trabalho.

PIB
Pelo segundo ano consecutivo o Brasil viu sua economia retrair. Depois da queda de 3,8% em 2015 a situação continuou piorando nos últimos 12 meses. No início do ano, instituições financeiras já projetavam queda de 2,9% no PIB nacional, mas com o agravamento da situação econômica com o passar dos meses, a projeção de queda chegou a 3,49% em dezembro. A troca da equipe econômica, em maio, não foi suficiente para reverter o declínio da economia brasileira. Será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de retração.
Com o volume de demissões superando as contratações na maior parte do ano, pessoas lotaram postos do Sine(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Com o volume de demissões superando as contratações na maior parte do ano, pessoas lotaram postos do Sine (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Desemprego
Mais de doze milhões de brasileiros vão entrar 2017 a procura de vagas no mercado de trabalho. É o maior número de desempregados já registrado na história do país. O percentual de homens e mulheres sem trabalho (11,8%) é maior do que a população de 23 estados brasileiros e, segundo o IBGE, nos três primeiros trimestres do ano teve um crescimento de mais de 30% em relação a 2015. Os números que já eram ruins em 2015 pioraram ao longo de 2016 e a mudança de governo não alterou o fechamento dos postos de trabalho. O presidente Michel Temer afirmou que o governo sabe da “angústia do desemprego”, que segundo ele “perturba as pessoas e cria sentimento de instabilidade”.

Dólar
Ao contrário do índice de desemprego e do déficit nas contas públicas, a trajetória do dólar foi positiva ao longo de 2016. Com o início do ano conturbado na política e na economia, a moeda norte-americana começou nas alturas, valendo R$ 4,16 – maior cotação desde a criação do real. A partir do final do primeiro trimestre, a recuperação dos bens primários com cotação internacional (as commodities) e a mudança na direção do governo brasileiro acalmaram o mercado e a tendência do dólar passou a ser de queda. Em outubro o valor da moeda chegou próximo de R$ 3. O dólar voltou a subir após a eleição de Donald Trump para comandar a Casa Branca, mas sua última cotação registrou uma queda de 17% em 2016.

Contas públicas
O déficit nas contas públicas também foi piorando ao longo do ano. Cada vez mais no vermelho, o rombo nos cofres públicos bateu recordes atrás de recordes, sempre negativamente. Em janeiro, o então ministro da Fazenda Nelson Barbosa – que assumiu a pasta depois de seu antecessor, ministro Joaquim Levy, não conseguir implementar medidas de ajustes e corte de gastos – relatou que o déficit ficaria em R$ 60,2 bilhões. Algumas semanas depois Barbosa reajustou os cálculos e o déficit passou para R$ 96,7 bilhões. Dias depois de Meirelles assumir a Fazenda, um novo reajuste assustou o mercado e a população brasileira: a diferença entre o que o país vai gastar e o que vai arrecadar em 2016 seria de R$ 170,5 bilhões, maior rombo da série histórica
das contas públicas.

PEC do Teto dos Gastos
Defendendo a necessidade de cortar gastos de forma rigorosa para estabilizar o ambiente econômico e equilibrar as contas públicas, a equipe econômica de Temer apresentou em julho a Proposta de Emenda à Constituição 55, a chamada PEC do Teto dos Gastos. O texto, sancionado no fim do ano depois de rápida tramitação no Congresso, determinou a criação de um teto para despesas e investimentos públicos. De acordo com a regra, o limite dos gastos que passa a valer pelos próximos 20 anos é o valor dispendido no ano anterior corrigido pela inflação. A PEC gerou um debate acirrado, com movimentos sociais e muitos economistas alertando para o prejuízo que a mudança acarretaria nas áreas da educação e da saúde. O governo rebateu, prometendo que as duas áreas não teriam perdas. Com ampla maioria, tanto na Câmara quanto no Senado, a PEC foi promulgada.
Consumidores foram surpreendidos com aumentos de preços, como o do mamão, que disparou (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
Consumidores foram surpreendidos com aumentos de preços, como o do mamão, que disparou (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )

Inflação
Ainda acima do teto da meta, a inflação teve trajetória de queda em 2016. Os resultados, no entanto, não são para comemorar e os preços de alguns produtos dispararam. A queda da inflação foi causada pelo derretimento da economia e pela baixa na demanda. O ano passado terminou com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nas alturas, acima de 10,5%, mas foi caindo ao longo do ano. Em outubro o índice chegou a 6,99% e as projeções para dezembro colocam o índice pouco acima do teto da meta, estimado em 6,52%. O Banco Central classificou a redução da inflação com positiva, mas ressaltou que a recessão econômica e o aumento do desemprego contribuíram para a queda.


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