Se você foi fazer comprar nos shoppings na Região Metropolitana de Belo Horizonte nesse Natal e percebeu que os corredores estavam mais vazios e as pessoas com menos sacolas que em anos anteriores, saiba: não foi só impressão. Pesquisa feita com empresários donos de lojas mostra que, em média, as vendas tiveram queda de 11%, quando comparado com 2015.
As maiores quedas ficaram por conta do setor de joias e bijuterias (18%), e cama, mesa, banho e eletrodomésticos (17%). O levantamento foi feito pela Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshopping) no dia 26 de dezembro e divulgado nesta terça-feira pela entidade. Foram ouvidos 150 empresários, o que representa mais de mil lojas do segmento de varejo da Grande BH.
Mas os números ruins não ficaram apenas nesses dois setores. A pesquisa mostra ainda que vestuário também sucumbiu e teve queda de 15% nas vendas natalinas. Além disso, calçados, bolsas e acessórios tiveram 12% a menos no desempenho. Nem alimentação resistiu aos dessabores da economia e registrou baixa de 10%. Quem sofreu menos foram as óticas com queda de 1% e brinquedos com 2%.
Para Alexandre Dolabella França, superintendente da Aloshopping, esse foi o pior Natal desde a criação do Plano Real, em 1994. “Chegamos ao fundo do poço”, disse. Segundo ele, os números negativos surpreenderam, mesmo já havendo a expectativa de quem não se teria o melhor dos natais, do ponto de vista das vendas no comércio varejista. “A causa disso tudo é o desemprego subindo, o PIB que pelo segundo ano consecutivo está negativo e, além disso, tivemos a inflação alta. Esse quadro de recessão e inflação, essas duas coisas juntas, e juros altos, complicaram muito a vida do lojista e do consumidor”, analisou.
O comércio já vinha em queda desde o segundo semestre de 2014 e a alta de juros e do desemprego deixaram o consumidor ainda mais receoso. Alexandre Dolabella também destaca outro fator que ajudou a deixar ainda mais o quadro ruim. “O atraso no pagamento do 13º salário dos funcionários públicos também ajudou a complicar ainda mais”, disse.
Já para o próximo ano, o cenário – desconsiderando eventuais turbulências políticas, como destaca Alexandre -, é um pouco mais promissor. A tendência de juros em queda, associado à inversão do PIB para positivo, a estimativa do Banco Central é que ele fique entre 0,6 e 0,8, podem dar uma aliviada. Além disso, a tendência é de estabilização da taxa de desemprego e inflação menor.
No entanto, os lojistas, ainda impactados com os maus resultados das vendas, precisarão ser convencidos pelo volume de negócios na boca do caixa para ter uma visão mais otimista. Isso porque a mesma pesquisa mostra que 70% deles estão pessimistas em relação as vendas em 2017. Apenas 30% estão com confiança no próximo ano.
Reclamação
O superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshopping), Alexandre Dolabella, afirmou que além das condições ruins da economia, os negócios dentro dos centros de compras anda sofrendo com a alta dos custos inerentes à atividade. O preço dos aluguéis dos espaços, condomínio, por exemplo, se mantiveram na contramão da queda das vendas e subiram. “O comerciante que está na rua consegue negociar, muda o endereço, no caso dos shoppings isso é mais difícil”, analisa.Com a queda das vendas, classificada como “brutal” por Alexandre, os lojiantes se veem impedidos de continuar com os negócios. “Se não houver uma negociação dos shoppings para reduzir valores, os lojistas não vão suportar”, considerou. Atualmente, segundo a Aloshopping 25% do varejo nacional está dentro dos shoppings, considerando as capitais.