Uma recuperação para a indústria, nacional e mineira, só deve vir mesmo a partir de 2018?
O futuro não está escrito. O caminho para a recuperação da indústria pode ser muito lento se o presente for perpetuado, se nada de diferente do atual cenário acontecer, mas elementos positivos e medidas do governo podem inverter o ciclo negativo e fazer a economia, que sofre a contaminação do cenário político, voltar a crescer mais rapidamente.
Os números não são otimistas. Ainda assim o senhor acredita em uma recuperação mais rápida do que o previsto pelo setor?
O futuro é incerto, é perigoso prever. Algumas negociações feitas pelo país começam a render frutos. Uma boa notícia que pode vir para a indústria em 2016 é o acordo de exportação de automóveis que o Brasil está prestes a fechar com o Irã, equivalente a US$ 5 bilhões, o que corresponde a quatro meses de exportações e pode causar efeito bastante positivo no mercado interno. O país está para receber a missão iraniana, existem algumas condicionantes, por exemplo, sobre o clima, mas nada que impeça a produção da indústria brasileira.
O câmbio está favorável?
Durante quase 20 anos a indústria sofreu os efeitos do câmbio, que se manteve desvalorizado, ou “fora do lugar”, interferindo na competitividade. Agora o momento pode favorecer as exportações.
Qual medida do governo poderia favorecer mais rapidamente a retomada?
A reforma tributária. Várias reformas são importantes, como a reforma da Previdência, mas esta tem efeitos de mais longo prazo. A reforma tributária é capaz de promover o aquecimento da economia mais rapidamente. A carga fiscal brasileira é muito regressiva, uma reforma poderia dar ao sistema um caráter progressivo, ou seja, com maior tributação sobre o patrimônio e a renda e menor peso sobre a tributação do consumo, o que beneficiaria diretamente a produção industrial. A indústria vive do consumo e a reforma tributária beneficiaria o setor. Quando se está no fundo do poço só se vê a escuridão, mas há luz no horizonte.