Grécia deve retomar negociações na reunião do Eurogrupo nesta quarta-feira

Bruxelas e Atenas – O clima na Europa é tenso: a promessa do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, de que o país apresentaria ontem uma proposta para a retomada das negociações na reunião do Eurogrupo — encontro de ministros das Finanças da Zona do Euro — não foi cumprida. A apresentação do que os gregos pretendem para retomar a confiança internacional e o fluxo de recursos foi adiada para hoje, de acordo com o presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Djisselbloem. Está marcado para hoje um pronunciamento de Tsipras no Parlamento Europeu.

A falta de proposta reforçou a decisão dos líderes da União Europeia (UE) de que ainda não há o que discutir sobre o assunto. A chanceler alemã, Angela Merkel, foi categórica ao chegar ontem no encontro de cúpula do grupo em Bruxelas: “Ainda não temos a base para uma negociação de ajuda financeira”. O presidente francês, François Hollande, que na segunda-feira, ao lado de Merkel pedia rapidez de Tsipras, cobrou que a Grécia faça “propostas sérias e confiáveis” de reformas em troca de mais recursos. Para ele, a UE deve mostrar  “solidariedade”, oferecendo “uma perspectiva de médio prazo com uma ajuda imediata”.

Para o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, no entanto, o grupo só poderá ajudar os gregos se eles quiserem ser ajudados. Ele se recusou a comentar se a saída de Atenas da Zona do Euro estava ganhando força, mas afirmou que foi à reunião para garantir a integridade, a coesão e os princípios básicos da moeda comum. “Cabe ao governo grego apresentar uma proposta de longo alcance, se não fizer isso, penso que é o fim”, lamentou.

O jornal grego Kathimerin, em reportagem sobre o apoio doméstico às negociações de Tsipras na UE, informou que “16 dos 18 países da Zona do Euro são favoráveis à saída de Atenas do grupo”. Atribuindo a informação a fontes em Bruxelas, disse que essas nações terão que “pesar do custo de qualquer acordo para manter a Grécia na moeda única”. De acordo com o jornal, o primeiro-ministro grego teria dito que vai propor um “acordo com base no mais recente conjunto de propostas da Comissão Europeia”, mas que pedirá a aplicação gradual de algumas medidas.

A questão grega está na pauta do mundo. Ontem o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu que as lideranças da região e a Grécia alcancem um acordo, em telefonema para Angela Merkel. “Nós continuamos a encorajar todos os lados a participarem construtivamente nessas conversas”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. Para Obama, as autoridades de Atenas e da Zona do Euro precisam “concordar com um pacote de reformas e financiamento que possa permitir à Grécia caminhar em direção à sustentabilidade da dívida, mas também do crescimento econômico”, reforçou Earnest.

BANCOS FECHADOS Os bancos da Grécia não devem reabrir nesta semana, apesar de uma promessa anterior do governo de que as agências poderiam retomar as atividades hoje. O ministro para Reforma Administrativa, George Katrougalos, afirmou que a decisão ainda precisa ser tomada, mas “isso provavelmente não é tecnicamente possível nesta semana”. O governo anunciou o fechamento dos bancos e restrições à retirada de dinheiro em 28 de junho. (Agências com Marinella Castro)