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Estado de Minas

Clientes do Tereza Cavalcanti tentam obter ressarcimento na Justiça

Bufê encerrou as atividades no ano passado. Contratação de serviços exige pesquisa


postado em 18/05/2015 06:00 / atualizado em 18/05/2015 18:07

Danúbia Pitanguy e Marcus Eugênio Alves esperam receber os R$ 20 mil pagos à vista pela execução da festa(foto: Arquivo pessoal)
Danúbia Pitanguy e Marcus Eugênio Alves esperam receber os R$ 20 mil pagos à vista pela execução da festa (foto: Arquivo pessoal)

“Nunca mais vou ver esse dinheiro”, lamenta a contadora Danúbia Pitanguy, ex-cliente do bufê Tereza Cavalcanti, que teve um prejuízo de R$ 20 mil depois que a empresa fechou as portas no ano passado. Além dela, pelo menos outras 400 pessoas foram prejudicadas pelo grupo, que inclui ainda as empresas Buffet Maria Fernanda e Galaxy Eventos. Um ano depois, as vítimas, em sua maioria noivos, debutantes e formandos à época da falência, ainda não receberam o valor investido de volta ou foram indenizadas. Um inquérito na vara criminal investiga ainda a falsificação de boletos em nome de clientes. No site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) há mais de 250 processos envolvendo o nome do grupo. Para Danúbia, há algo muito maior que as dificuldades financeiras alegadas pela empresa.

“Pra mim, houve má-fé. Assim que saiu a notícia, no ano passado, a gente soube que elas já tinham falido em um outro momento. Hoje, a gente só fica sabendo informação de que eles estão trabalhando com outro nome e que continuam no ramo de casamento. Então, acho que foi tudo manipulado”, diz a contadora. Apesar de os boatos darem conta de que a família proprietária do bufê tenha voltado a trabalhar com eventos, a delegada Vanessa Martins, da Divisão Especializada de Investigação de Fraude, responsável pelo inquérito na vara criminal, diz que no último contato com Tereza e Luiz Fernando Cavalcanti, mãe e filho estavam morando no estado do Rio de Janeiro. Já o paradeiro da filha e sócia Simone Pereira Passos é desconhecido.

Casos como este acendem um alerta na contratação de serviços para casamentos, aniversários e outros eventos. Uma saída para evitar esse tipo de situação é consultar se há registro da empresa na Junta Comercial da cidade, se tem alvará de funcionamento, se há ações contra a prestadora de serviços na Justiça e nos Procons, além de buscar referências pessoais. Hoje, as redes sociais são boas ferramentas de consulta. No Facebook, há inúmeros grupos que compartilham informações de fornecedores e denunciam casos como este. Foi por meio de um desses grupos que Danúbia ficou sabendo do encerramento das atividades do bufê Tereza Cavalcanti.

Danielle e João Paulo Carvalho ainda tiveram outros problemas depois que a empresa que cuidaria da festa fechou as portas(foto: Arquivo pessoal )
Danielle e João Paulo Carvalho ainda tiveram outros problemas depois que a empresa que cuidaria da festa fechou as portas (foto: Arquivo pessoal )
A contadora contratou os serviços da empresa em novembro de 2013. Ela conta que pesquisou muito antes de fechar o contrato, já tinha ido em outros eventos organizados por eles e a cerimonialista responsável pelo casamento dela também havia indicado a empresa. Decidida, negociou tudo à vista. No dia marcado para escolher os últimos detalhes, como bolo e mobiliário, tentou ligar para o grupo e marcar a visita. Ninguém atendeu. No dia seguinte, recebeu a notícia da falência por meio do grupo de noivas, de que participava. “Tive que resolver tudo em praticamente dois meses. Como você negocia com outro bufê em cima da hora? Não dá. Por isso tive que cortar algumas coisas, cancelar outras que eu queria. Passei uma semana igual a um zumbi”, conta.

Além de arcar com os prejuízos financeiros e emocionais, os clientes que contrataram os serviços do bufê tiveram que lidar com mais um infortúnio, já que o grupo Tereza Cavalcanti não só deu calote nos contratos firmados como usou dados dos clientes para tentar obter crédito nos bancos. O processo que investiga o caso conseguiu provar que boletos eram falsificados com os dados de pessoas que já tinham feito o pagamento com o objetivo de conseguir empréstimos. Sem saber se isso poderia ocorrer com ela, a bióloga Danielle Carvalho, que amargou um prejuízo de cerca de R$ 10 mil, teve uma dor de cabeça ainda maior. “Depois dessa história toda do golpe, ainda tive que ir ao banco e levar advogada para não protestarem o meu nome. Corria o risco de perder minha casa caso eles tivessem usado meus dados”, lembra.

Ao contrário de Danúbia, Danielle ainda acredita que terá de volta o dinheiro investido e será indenizada por todo o transtorno. Recentemente, a advogada dela foi chamada para uma audiência de conciliação, mas ninguém da outra parte compareceu. “Sinceramente, espero que a justiça seja feita, porque além de ter mexido com o financeiro, ela mexeu com o emocional das pessoas. Este é o momento em que a gente quer que tudo dê certo. A gente faz uma dívida enorme pensando em realizar um sonho. Aí aparecem pessoas de má-fé e estragam tudo. Se eu não tivesse recebido a ajuda do meu pai, o episódio teria acabado com o meu casamento”, conta.

Investigação Dois dias depois de o bufê confirmar o encerramento das atividades, em maio de 2014, o TJMG concedeu liminar a um casal de noivos que bloqueou os bens da filha de Simone Pereira Passos, uma das sócias do bufê e filha de Tereza Cavalcanti. Um ano depois, novos bloqueios ocorreram, com o objetivo de garantir a execução da dívida, mas, até agora, ninguém foi ressarcido. O advogado Bernardo Simões Coelho, do escritório Campos e Campos Advogados Associados, atende a nove ex-clientes do bufê. Ele acredita que o processo caminha de forma rápida e que a justiça será feita.

“A ação cautelar já passou e foi bem-sucedida. Para o cliente do bufê receber o dinheiro, é preciso passar pela ação principal. Acredito que as pessoas serão ressarcidas. Em se tratando do Poder Judiciário de Minas Gerais, o processo está correndo de forma rápida”, explica o advogado.

A delegada Vanessa Martins diz que os investigados têm colaborado com o inquérito e que o processo está na fase final, mas ainda é preciso descobrir se houve intenção de golpe. “A investigação existe desde que surgiram indícios de que o bufê estava quebrando. Hoje, o que está sendo verificado é se o patrimônio do grupo aumentou, se foi retirado dinheiro da empresa, o motivo pelo qual os contratos não foram cumpridos. É preciso checar, ainda, se houve tentativa de golpe, como a transferência de valores para a conta de um terceiro”, explica.

Em 16 de maio de 2014, a sócia Simone Pereira Passos declarou, em nota à imprensa, que medidas estavam sendo tomadas para o pedido de autofalência do grupo, mas até agora não há qualquer registro de solicitação no TJMG.


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