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Estado de Minas

Analistas do mercado esperam nova alta da Selic na reunião do Copom de março


postado em 21/01/2015 20:49

São Paulo, 21 - O curto comunicado do Banco Central (BC) relativo à decisão de elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual indica que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode adotar mais dois aumentos de juros nas reuniões de março e abril, em razão do cenário menos favorável para a inflação no primeiro semestre, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Bruno Rovai, economista do banco Barclays. "A mensagem do BC deve ter sido influenciada por uma condição mais difícil para o IPCA até junho, especialmente com maiores pressões de alta dos preços vindas sobretudo de aumentos de gasolina e de eletricidade", comentou.

Rovai avaliava, antes do comunicado divulgado pelo BC hoje, que o terceiro ciclo de aperto monetário do governo Dilma Rousseff , iniciado em outubro, seria encerrado no dia 4 de março, quando a taxa básica avançaria de 12,25% para 12,50%. Contudo, ele pondera que mais uma elevação poderá ser adotada no dia 29 de abril. Ele diz que a Selic encerrará o ano em 12,25%, pois estima que o Copom voltará a cortar a taxa no dia 25 de novembro, quando será encerrada a última reunião de 2015.

Com a confirmação da elevação em 0,50 ponto porcentual da Selic anunciada hoje, a agência classificadora de risco de crédito Austin Rating projeta que o BC deve realizar mais dois aumentos de 0,50 ponto nas reuniões de março e abril do Copom, encerrando o ciclo de alta de juros iniciado em outubro de 2014.

De acordo com o economista-chefe da instituição, Alex Agostini, essa projeção leva em conta um cenário marcado por uma inflação alta e que, portanto, ainda exigirá uma "ação enérgica" do Banco Central por meio da política de juros. O analista pondera, contudo, que trabalha com um cenário alternativo, caso os indicadores de inflação arrefeçam, com altas de 0,50 ponto em março e de 0,25 ponto em abril.

"Depois disso, a Selic ficaria um tempo estável até ao menos o final do ano. Seria aquela parada técnica do Banco Central para avaliar os efeitos do aumento de juros", afirmou Agostini. Diante desse cenário e com o recente aumento de impostos anunciado pelo governo, a Austin Rating projeta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar 2015 em 7%, ante previsão anterior de 6,8%.

Comunicado enxuto

A decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual confirmou a expectativa do economista-chefe da Infinity Asset Management, Carlos Acquisti. Em entrevista ao Broadcast, ele destacou, porém, que o enxugamento do comunicado que acompanhou a decisão pode ter sido uma estratégia da autoridade monetária para evitar maiores ruídos no mercado financeiro.

"Agora está mais difícil de saber o que eles estão pretendendo", afirmou Acquisti. "Na ata, ele (o Banco Central) deve conseguir dar mais detalhes e deixar menos dúvidas", opinou.

O economista-chefe da Infinity Asset Management fazia parte da corrente dominante do mercado financeiro que previa uma alta de 0,50 ponto porcentual na reunião de janeiro do Copom. Conforme levantamento do AE Projeções, 77 das 82 instituições consultadas esperavam esse procedimento dos diretores do BC.

Para Acquisti, com a decisão da reunião de janeiro, nada mudou no quadro previsto da Infinity Asset sobre o atual ciclo de aperto monetário, iniciado pelo Copom na reunião de outubro do ano passado. "Meu cenário não muda em nada. Acho que vem mais 0,25 ponto porcentual (de alta) na próxima, e que para depois", comentou.

Com uma decisão dentro do esperado e um comunicado enxuto, que deixa a porta aberta para qualquer movimento no próximo encontro do Copom, a alta da Selic em 0,50 ponto porcentual deve ter efeito neutro para os juros futuros nesta quinta-feira, na avaliação do economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, para quem as taxas devem reagir mais aos acontecimentos externos, como a decisão do Banco Central Europeu (BCE), do que ao Copom.

"O mercado já está praticamente no meio do caminho entre um aperto de 0,25 ponto e 0,50 ponto na reunião de março. E, para o encontro de abril, está entre 0,25 ponto e nada. Acho que não faz muito sentido alterar essas apostas, por enquanto", afirmou Serrano, que projeta mais uma elevação de 0,25 ponto da Selic e o encerramento do ciclo, com a Selic em 12,50%.

Sem pistas

Na avaliação da economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, o comunicado divulgado pelo Copom deixa espaço para diferente movimentos na política de juros no futuro. "É um comunicado que deixa espaço tanto para redução de ritmo do aumento de juros ou manutenção. Não é um comunicado que dá muitas pistas", afirmou.

A economista destacou que a decisão ficou em linha com o consenso do mercado e que também era esperado que houvesse essa alteração no comunicado. Antes do RTI, no comunicado que se seguiu à divulgação da decisão de política monetária, em dezembro, o Copom citava os efeitos dos preços defasados e ainda sugeria parcimônia. "Era de se esperar que fosse retirar esses trechos", afirmou.

Sem surpresa na decisão de hoje, mesmo com o conteúdo mais sucinto do comunicado, Alessandra disse que mantém inalterada a sua previsão para a trajetória da Selic nos próximos meses. "Em março, acreditamos em mais uma alta de 0,5 p.p e uma alta derradeira de 0,25 p.p. em abril", afirmou.


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