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Estado de Minas

Corrupção impacta resultados da Petrobras

Estatal admite lançar nos balanços baixas contábeis nos ativos por causa das propinas pagas nas obras investigadas pela PF. Valor da empresa deve cair e afetar os resultados


postado em 18/11/2014 06:00 / atualizado em 18/11/2014 07:16

Graça Foster, presidente da Petrobras:
Graça Foster, presidente da Petrobras: "O ativo pode dar o melhor retorno, mas, se há custo relativo à corrupção, obrigatoriamente você tem que baixar e descontar o valor" (foto: Sérgio Moraes/Reuters)

Brasília
– A Petrobras admitiu ontem a possibilidade de realizar baixas contábeis em seus ativos por conta das propinas pagas na contratação das obras envolvidas em escândalos de corrupção e investigadas pela Operação Lava a Jato. Com isso, o valor patrimonial da empresa deve cair, assim como o que foi contabilizado como lucro pode virar prejuízo. Analistas temem a redução de dividendos de ações ordinárias, considerando que a política de distribuição garante aos acionistas das preferenciais um pagamento mínimo.


A presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou a preocupação de analistas sobre a necessidade de a empresa reconhecer perdas contábeis, mas os diretores da estatal negaram que isso possa afetar os dividendos. “O ativo pode dar o melhor retorno, mas, se há custo relativo à corrupção, obrigatoriamente você tem que baixar e descontar o valor”, afirmou Graça Foster, a investidores e analistas, acrescentando que a empresa vai buscar ressarcimento de valores onde identificar prejuízos.


O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, comentou, contudo, que o foco é no ajuste devido a fatores de corrupção. “Se os cálculos vierem dentro das expectativas não se espera efeito sobre dividendos”, ressaltou. A União, como acionista majoritária da Petrobras, utilizou os dividendos recebidos, inclusive, para fazer ajuste fiscal. “É difícil que esse dinheiro seja devolvido. O que pode ocorrer é algum tipo de retenção de dividendos futuros para compensar o que já foi distribuído antes”, avaliou o analista de mercado da DX Investimentos Lino Gill.


Para o sócio da DX Felipe Chad, o mercado não trabalha com a possibilidade de distribuição de dividendos futuros. “O que a empresa vai fazer agora é reconhecer que houve caixa dois, que saiu dinheiro por fora. Para os investidores, ela perde totalmente o pouco de credibilidade que ainda tinha. Ninguém sabe se os números divulgados até aqui são reais”, disse.

O diretor Almir Barbassa ainda tentou tranquilizar o mercado, que teme que, por conta do atraso no balanço do terceiro trimestre, a empresa venha a ser impedida de acessar mercados de bônus nos Estados Unidos, onde a companhia toma emprestada a maior parte do dinheiro para suas operações. Ele disse que a Petrobras tem trabalhado com um caixa volumoso, o que dá à companhia um prazo superior a seis meses sem a necessidade de acessar mercados de dívida.


“Temos trabalhado com volumes muito elevados de caixa, e agora (essa estratégia) vem se provar medida positiva, porque nos dá um período superior a seis meses de operação sem acessar mercado de dívida”, afirmou, sem anunciar, no entanto, quanto a petroleira tem em caixa. O executivo também afirmou que empresa pode ajustar prazos para a divulgação de balanços para incorporar novas informações denunciadas.


Produção menor
Na avaliação do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, finalmente a Petrobras admite a realidade. “Já é um começo. Mas os dados de produção confirmam o que eu venho anunciando há meses. A Petrobras não vai atingir a meta”, disse. De fato, a Petrobras informou ontem que não vai cumprir o objetivo de aumentar a produção de petróleo no Brasil em 2014 em cerca de 7,5%. A companhia alegou atrasos na entrega de plataformas próprias e necessidade de obras, entre outros fatores. Agora, a Petrobras estima aumento de 5,5% a 6% na produção deste ano.

Diretoria derruba ações


A presidente da Petrobras, Graça Foster, anunciou ontem que a estatal vai criar uma diretoria de governança após as denúncias de corrupção na estatal. O mercado não digeriu bem a informação de mais um cargo que poderá ter indicação política na petroleira. A notícia e o anúncio de que companhia não atingirá a meta de aumento de 7,5% na produção derrubaram as ações da petroleira e puxaram o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, para baixo.

O pregão de ontem fechou em queda de 1% a 51.256 pontos. Os papéis ordinários da Petrobras caíram 5,09% ontem, a R$ 12,13, e acumulam prejuízo de 21,43% no ano. As ações preferenciais recuaram 4,55%, a R$ 12,60, e o tombo, no ano, é de 21,49%.


Na avaliação de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o anúncio de mais um diretoria foi preponderante para a queda nas ações. “O que o mercado esperava era justamente o contrário. Que a empresa iria cortar gastos. E não a criação de mais um cargo de indicação política. O que a Petrobras precisa é trocar seu conselho de administração, não permitir mais que o ministro da Fazenda ocupe a presidência”, avaliou. “A Petrobras já tem auditoria interna e externa e órgãos de fiscalização, como o TCU (Tribunal de Contas da União). Isso não impediu que houvesse corrupção. Não vai ser uma nova diretoria que vai impedir novas fraudes. O que o mercado espera é que a empresa não tenha mais despesas”, alertou.


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